Durante o 17 de abril, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou ações simbólicas de memória e denúncia aos mártires de Eldorado do Carajás em mais de 50 pontos do país, envolvendo 21 estados brasileiros, além de atos simbólicos nas ruas da França e em curso de formação no Haiti. As atividades internacionais contaram com a participação de membros e amigos do MST.

Entre as atividades no Brasil foram realizados bloqueios e ações simbólicas em BRs e rodovias, praças públicas, doações de alimentos e marmitas, doações de mudas e plantio de árvores.

As ações ocorreram nas cinco regiões o país. E além de denunciar a impunidade do Massacre de Eldorado do Carajás e dos massacres que vêm ocorrendo ao longo dos anos contra os trabalhadores do campo, os Sem Terra defenderam a Reforma Agrária Popular, reivindicaram vacina para todos e denunciaram as políticas genocidas do governo federal, com o Fora Bolsonaro e auxílio emergencial de R$600,00.

Ato no Rio de Janeiro contou com distribuição de quentinhas / Divulgação MST

Os protestos dos trabalhadores Sem Terra também apontam a Reforma Agrária Popular como uma alternativa viável para combater o aumento da fome no país, mas para isso cobram do governo federal a retomada de políticas públicas de apoio à agricultura camponesa e familiar.

Desde o início da pandemia, o MST já doou mais de 400 mil toneladas de alimentos sem agrotóxico e cerca de 700 mil refeições às famílias em situação de vulnerabilidade social.

No Norte do Paraná, foram doadas 22 toneladas de alimentos e 2 mil litros de leite / Divulgação MST

Nas redes

Além das ações nas ruas, o MST realizou atividades on-line. No primeiro período da manhã, paralelamente às mobilizações que aconteciam nos estados, militantes do campo popular mobilizados nas redes sociais colocaram o 17 de abril entre os 10 assuntos mais comentados do Twitter, com a hashtag #Carajás25Anos.

Ocorreu também o Ato Político-Cultural Internacional em Memória aos 25 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, que reuniu participantes de várias partes do mundo e teve tradução simultânea para inglês, espanhol e francês.

Durante o dia aconteceu ainda o encerramento do 15º Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves e a exibição do filme “Chão”, via Festival Internacional Amazônida de Cinema da Fronteira. Após a exibição foi realizado debate com a diretora Camila Freitas e a dirigente do MST no estado do Pará Maria Raimunda.

Mensagens para o MST

O 17 de abril também foi marcado por mensagens de apoio e solidariedade ao MST. Artistas e amigos do Movimento enviaram vídeos destacando a data emblemática de luto e luta dos 25 anos do Massacre de Carajás.

Caetano Veloso, Camila Pitanga, Letícia Sabatella, Bela Gil, Mari Lima, Antonio Pitanga, Caco Ciocler, Kike Diaz e Bel Coelho, via Mídia Ninja, gravaram um vídeo especial para o MST.

Também em mensagem de apoio ao MST, Chico Buarque lê trecho do livro “O massacre: Eldorado do Carajás – uma história de impunidade”, de Eric Nepomuceno, onde traz detalhes do Massacre, estende solidariedade ao movimento:

“Eu queria manifestar meu respeito pelo MST. Minha solidariedade, minha admiração pela luta de vocês sabendo que o movimento cresceu. O MST se desenvolveu, se firmou, mas está sempre correndo perigo. Um grande abraço para todos vocês, com todo respeito à fundação.”

Acompanhe as ações que ocorreram nas grandes regiões pelo Brasil:

Amazônica

No Pará, a BR 230 Transamazônica foi bloqueada pelas famílias assentadas do PA 1° de Março e outros grupos de camponeses do município de São João do Araguaia. A BR 155, sentido Marabá – Eldorado dos Carajás também foi bloqueada pelas famílias do acampamento Helenira Resende e Hugo Chávez. Ainda na BR 155, sentido Eldorado dos Carajás – Xinguara, a pista foi ocupada por camponeses e camponesas do acampamento Dalcídio Jurandir, onde fizeram um ato simbólico, colocando faixas e queimando pneus. O mesmo ocorreu na BR 275, sentido Curionópolis, em Parauapebas, pelas famílias do acampamento Frei Henri.

Ainda no interior do estado, o acampamento Terra Cabana fixou 21 bandeiras pretas e 21 cruzes, para lembrar os mártires do Massacre de Eldorado do Carajás e o acampamento Frei Henri, em Curionópolis, também prestou suas homenagens.

Na capital paraense, integrantes do MST e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) fizeram ato simbólico pelo Dia Internacional da Reforma Agrária na praça dos Mártires de Abril. Neste local está erguido o monumento da Coluna da Infâmia do artista dinamarquês Jens Galschiøt em homenagem aos que tombaram no massacre de Eldorado dos Carajás.

Em Tocantins, o acampamentos Padre Josimo e Carlos Marighela se reuniram em Araguatins, onde as famílias plantaram árvores, doaram cestas básicas e realizaram um ato simbólico na rodovia TO 404, trancando a pista por 21 minutos em memória aos mortos em Eldorado do Carajás.

Outros três pontos de manifestação aconteceram no estado, com bloqueios na BR 230 Transamazônica, na Rodovia Belém-Brasília de Tabocão, e na mesma rodovia, de Belém-Brasília na altura do município de Crixás. Em todo o estado foram registradas atividades com faixas e cruzes com mobilizações em assentamentos e acampamentos.

Nordeste

Na região Nordeste do país houve bloqueios na pista CE 390, no Ceará, e na BR 093 em Sergipe. Na Bahia foram ocupadas a BR 101 na região Baixo sul; no Recôncavo Baiano foram realizados atos na BR 093; e no Nordeste do estado a BR 110, no município de Paulo Afonso, e a BR 235 em Canudos, também foram fechadas.

Em toda região, além dos bloqueios, também aconteceram atos simbólicos de protestos com doações de alimentos, mudas e plantio de árvores em homenagem aos mártires em várias regiões em Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia.

Centro-Oeste

No Distrito Federal, a BR-020, na altura do km 12 em Planaltina foi ocupada em homenagem aos mártires e houve doações de alimentos. Em Goiás também foram realizadas doações de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade. No Mato Grosso, houve bloqueio da BR 163/364, km 12, sentido Jangada; além de faixas em Cuiabá, pedindo “Fora Bolsonaro” e “Reforma Agrária Popular para o país não passar fome”. Já em Rondônia ocorreram ações simbólicas e de solidariedade em Jaru.

Sudeste

Aconteceram homenagens com faixas e atos simbólicos aos mártires desde o Armazém do Campo no Rio de Janeiro, que mais um dia distribuiu marmitas para população vulnerável.

Em São Paulo, durante a programação da Jornada de Lutas foram plantadas 21 árvores em memória aos mártires do massacre de Eldorado dos Carajás no acampamento Plínio de Arruda, em Promissão. Onde também protestaram no dia de hoje com faixas pedindo “Fora Bolsonaro” e o Auxílio Emergencial de R$600,00.

Em Minas Gerais, ocorreram bloqueios pelos mártires de Carajás na Rodovia 040, km 45 e Rodovia 381, em Fernão Dias.

Sul

No Rio Grande do Sul, a BR 158 em Cruz Alta foi ocupada. E no Paraná foram doados 67 toneladas de alimentos da Reforma Agrária, distribuídos em 14 cidades, além de 2,1 mil litros de leite, 1100 marmitas e bloqueio na BR 170. Em Santa Catarina, Irineópolis, as famílias Sem Terra plantaram 21 árvores no assentamento Mimo em memória aos mortos no Massacre de Eldorado dos Carajás.

Confira vídeo de balanço:

Edição: Página do MST