Pernambuco

LITERATURA

O que tu indica? | Dia do livro também é dia de luta

Se celebramos o Dia do Livro é porque confiamos em sua excelência para construção de um mundo mais justo

Brasil de Fato | Recife (PE) |
No ano de 1961 se iniciava a campanha pela alfabetização em Cuba, onde mais de 700 mil pessoas foram alfabetizadas - Reprodução

Estar atentos às celebrações e sua importância é pedagógico. Se hoje celebramos o Dia Mundial do Livro é porque confiamos em sua excelência para a construção de um mundo mais justo. No ano de 1961 se iniciava a campanha pela alfabetização em Cuba, onde mais de 700 mil pessoas, sobretudo camponeses, foram alfabetizadas. A campanha foi uma das primeiras ações após a queda da ditadura de Batista e o ascenso da Revolução. 

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Observar quem faz parte dessa coluna de revolucionários é valioso. Che Guevara que desde menino encontrou nos livros uma forma de viajar o mundo sem sair do lugar é o mesmo que lia poemas, romances e contos durante as guerrilhas, seja no Congo ou na Sierra Maestra. Haydée Santamaria, cujo papel foi importantíssimo no assalto ao quartel Moncada, marco da Revolução, é a mesma responsável pela criação da Casa das Américas, espaço de referência para a cultura da América Latina, promovendo arte e literatura. 

Não há como construir uma nova sociedade apenas olhando fatores econômicos. A formação de um mundo novo perpassa a mudança do modo de produção e de seus valores.  O povo cubano nos ensina generosamente que a leitura pode caracterizar-se como bandeira de luta. 

 “A revolução de Anita” de Shirley Langer, livro editado pela Expressão Popular, nos ajuda a vivenciar a campanha de alfabetização. Após o pronunciamento de Fidel Castro às Nações Unidas prometendo que Cuba seria um país livre de analfabetismo, se dá início a campanha e junto a ela uma série de ações contra revolucionárias para impedir a realização desses feitos.  

Através da história de Anita, menina de 14 anos, é materializado o dia a dia do povo cubano e suas mudanças.  A Jovem pertencente à pequena burguesia cubana e é impactada pela propaganda revolucionária e seus benefícios para o povo. Sendo assim, a garota entra para o coletivo de brigadistas que ao passar por um processo de formação vão para os territórios ensinar a população a ler e escrever. 

O rompimento das histórias lineares dos camponeses pobres cubanos após a ida dos brigadistas, além de trazer esperança, nos revela que “a sala de aula ainda constitui uma fronteira na luta pela liberdade e pela autonomia da cultura” como disse Florestan Fernandes, que é possível mudar o destino imposto por um determinado grupo detentor do poder. Construir um mundo novo, também passa por ajudar as pessoas a construírem e mostrar que é possível caminhar um novo caminho, formar novas mulheres e novos homens com o direito à leitura, que possam celebrar o dia do livro por entender a importância que ele tem na luta cotidiana. 

Celebrar o dia do livro também é uma forma de rompermos o que nos é oferecido pela cultura hegemônica. Sim, podemos e devemos reivindicar esse dia, porque ele é nosso. Dos que dizem não à taxação de livros, relembrando essa conquista por nosso amado Jorge, dos que acampam em escolas para não serem destruídas, dos que montam bibliotecas populares para levar conhecimento aos que historicamente são negligenciados. O dia do livro é um dia de luta.   

*Louise Xavier é estudante e militante do Levante Popular da Juventude

Edição: Vanessa Gonzaga