Rio Grande do Sul

PANDEMIA

Jovens promovem levante pela vacinação de toda a população

Manifestações e live cobram pela aceleração da vacinação em todos os lugares e em todos os setores do poder público

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em Porto Alegre foram acesas velas em frente ao Paço Municipal lembrando os mortos pela covid-19 - Isabelle Rieger

Preocupados com a situação da pandemia e vendo a necessidade urgente da vacinação, os militantes do Levante Popular da Juventude iniciaram, nesta segunda-feira (26), uma campanha estadual intitulada “Nós por nós e vacina para todos”.

Em Pelotas, pela manhã, foi estendida uma faixa com os dizeres “Vacina para quem trabalha” e também colocadas cruzes simbolizando as mortes. Em Porto Alegre, o movimento distribuiu cerca de 200 máscaras no Centro Histórico e acendeu 100 velas em frente à prefeitura municipal.


Cruzes colocadas nas ruas de Porto Alegre / Divulgação Levante da Juventude

Em Santa Maria foi estendida uma faixa no Campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com a frase “Levante pela Vacina”. Em Erechim, na manhã desta terça-feira (27), foi colocada uma faixa no trevo de acesso na entrada da cidade com os dizeres "Levante pela vacina, nós por nós e vacina para todos".

O movimento pretende continuar pelo menos até o dia 1º de maio com a campanha nas principais cidades do Rio Grande do Sul. Além das ações presenciais, os jovens divulgaram o documento "Um levante da vacina", reproduzido abaixo.


live campanha vacina para todos / Card divulgação

Nesta quarta-feira, será realizada uma live, às 20 horas, com transmissão pelas páginas no Facebook do Levante Popular da Juventude RS, da Rede Soberania e do Brasil de Fato RS.

UM LEVANTE DA VACINA

Os trabalhadores do mundo inteiro estão vivendo um período histórico conturbado com os impactos do Covid-19, somado a mais uma crise estrutural do capitalismo. No Brasil, convergem as crises econômica, política, social, ambiental e sanitária, agravadas com a ideologia neofascista e negacionista de Jair Bolsonaro.

Pouco mais de um ano da primeira morte confirmada pelo vírus e o cenário é devastador. Altos índices de desemprego, milhares de famílias assombradas pela fome e um índice crescente de mortes diárias. A esperança de todos os brasileiros é a vacinação em massa. Semana de mobilizações da juventude gaúcha.

Para que a vacina alcance mais rapidamente um maior número de pessoas, devemos lutar fortemente pela vacinação gratuita através do SUS, principalmente para classe trabalhadora. Devemos encontrar caminhos para dialogar com as pessoas, seja nas ruas ou nas redes, propagandeando a vacina e combatendo ideologicamente os interesses do Bolsonarismo e todo o negacionismo.

Cobrar aceleração da vacinação em todos os lugares e em todos os setores do poder público, é escantear o movimento neofascista e as tentativas mercadológicas neoliberais de privatização da vacina. Por isso, nós do Levante Popular da Juventude lançamos a campanha “Levante da Vacina, é Nós por Nós e Vacina para Todos”, para que em todos os cantos, cidades, ruas e vielas possamos reivindicar vacinação para os setores populares, para que possam proteger suas vidas e seus familiares.

Ao longo da semana do dia 26 ao 30 de abril, vamos combater as ideias anticiência que pregam a morte, e vamos construir juntos aos gaúchos e gaúchas a volta da capacidade da classe trabalhadora gritar por suas vidas. A juventude estará coletivamente denunciando que nossa vacinação está muito mais devagar do que é possível, vamos agir diferente de prefeitos e do governador que propõe isolamentos parciais que não atacam radicalmente o problema e só descredibilizam a política.

Nós vamos nos colocar na rua, com intervenções artísticas, ações de agitação, cor e voz para mostrar que são os movimentos populares que trazem consigo os verdadeiros interesses de classe do Brasil, que nós estamos na luta pela vida do povo brasileiro. Sabemos do risco da exposição ao vírus, porém temos de pensar ações e meios artísticos para cobrar mais vacinação.

Também temos que estar nas redes impulsionando a pauta #Vacinajá. É hora de apontar os culpados pelo genocídio de nosso povo, apontar que essas mortes tem culpados: são o presidente, o movimento neofacista e o neoliberalismo. Vamos juntos como povo fazer um Levante da Vacina, fazer o debate político sobre os crimes que estão sendo feitos contra todos nós. É nós por nós, precisamos de vacina para todos! Como o Brasil chegou nesse estado?

Para conseguir o feito de politizar este debate precisamos encarar alguns inimigos e ideias nocivas ao povo brasileiro. As ideias miraculosas de Guedes, já foram nossas adversárias antes: austeridade, privatização, diminuição de direitos, independência pros Bancos e demais setores financeiros, é o rentismo acima de tudo, granada no bolso de todos.

Vivemos uma temporada severa de pensamento neoliberal e de contradições intraburguesas, ambos elementos vêm nos afundando com promessas de empregos que nunca chegam, que vociferam prosperidade e empreendedorismo e ainda por cima apontam como saída uma previdência privada. Contudo, na prática, o que enxergamos é mais precarização, desemprego, desalento e “uberização” para as camadas populares e trabalhadoras do país.

A classe trabalhadora está sendo castigada cada vez mais por jornadas de trabalho extenuantes, com nenhuma ou quase nenhuma relevância na “livre negociação” com os patrões. É a volta da pobreza e da miséria, deliberada pelos setores do poder, que se negam a pensar saídas populares para crise.

Qualquer saída por desenvolvimento de infraestrutura ou de políticas públicas, parecem cada vez mais impossíveis dada a austeridade criminosa dos genocidas militares, neoliberais ou dos que só tem zero alguma coisa no nome. A chegada devastadora da pandemia evidenciou a escolha da política de morte ao povo brasileiro, e como ela é objetivamente intencional. A demora e recusa a compra de vacinas, as muitas falas a favor de um tratamento precoce inexistente, médicos ideologicamente neofascistas falando em uma imunidade de rebanho que não dá sinais de realização, discursos de posição negacionista, a insistência covarde que qualquer tentativa de isolamento por quarentena via política governamental é “contra liberdade” ou “quebra a economia”, são demonstrações da tática de morte do povo.

De um lado, politicamente, o governo delibera pelo genocídio dos pobres, por outro, em uma esfera econômica, os setores financeiros e dos banqueiros tem de seguir mantendo suas taxas de lucro que não por acaso cresceram na pandemia. Esse é o cenário que nós, enquanto esquerda, estamos encarando para lutar pelas vidas do povo brasileiro. Precisamos encarar uma luta para salvar cada trabalhador que está sendo triturado pela pandemia e pelo desgoverno.

Um bom exemplo, para encarar esse desafio, foi a campanha para que o Auxílio Emergencial fosse aprovado e alcançasse uma parte da população, aumentando parcialmente sua renda. Porém os trabalhadores seguiram perdendo empregos e caindo na informalidade, tendo suas vidas postas em risco. Mesmo com o auxílio, a população não pode deixar de se expor à pandemia, mostrando o quanto é necessário encararmos o problema da pandemia de frente e pensar saídas nas lutas populares. Hoje, já é provado que as mortes causadas pela covid-19 têm alvos preferenciais.

Hoje, sabemos que são as classes populares que morrem, são elas que não podem parar de trabalhar, que estão constantemente sendo infectadas, pois não possuem condições materiais de ficar em casa. Elas estão reféns do endividamento, dos rentistas, dos bancos, dos patrões e não enxergam hoje no Estado nenhuma condição de mantê-las em segurança ou de garantir o dinheiro que dá sustento a família. São essas pessoas que estão sendo apontadas pelo presidente para trabalhar até morrer, seja por uma doença viral ou de fome. Não há possibilidade de ficar em casa para proteção, sem que o Estado haja para garantir essas famílias. Essas possibilidades existem, como a renda básica, distribuição de alimentos, ajuda a pequenas e médias empresas e aceleração da vacinação. Não aplicadas por uma escolha política do presidente. Para que possamos tencionar e encontrar saídas da crise, precisamos reencontrar formas de acumular forças com nosso povo. E isso só pode ser alcançado com uma vacinação cada vez mais rápida e em massa.

Precisamos de um Levante da Vacina!


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Edição: Marcelo Ferreira