Tragédia

Brasil chega a 400 mil mortos por covid em velocidade recorde

Últimas 100 mil mortes foram registadas em um intervalo de 36 dias; Fiocruz aponta que números podem ser maiores

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Enterro de vítima de covid-19 no Cemitério Municipal de São João em Porto Alegre (RS) - Silvio Avila/AFP

O Brasil ultrapassou a marca de 400 mil mortes pela covid-19. Mais precisamente, 401.186 perderam a vida, segundo os registros oficiais desde 12 de março do ano passado, quando o país deparou com o primeiro óbito da pandemia do novo coronavírus.

Somente nas últimas 24 horas foram identificados 69.389 novos casos de covid-19, e 3.001 mortes, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

O Brasil demorou cinco meses desde o primeiro óbito até a marca de 100 mil mortes. Outro cinco meses foram necessários para o patamar de 200 mil mas, a partir daí, os casos fatais começaram a acelerar em ritmo mais intenso.

Apenas dois meses e meio depois, o número chegava a 300 mil e 36 dias após o alcance do dado alarmante, o país contabiliza mais de 400 mil casos

Subnotificação

Esses números, porém, não são o retrato fiel da trágica realidade, já que existe uma grande subnotificação no país. Entre as razões pela imprecisão dos registros está a baixa quantidade de testes e a má gestão da pandemia em âmbito nacional.

Durante todo o período de crise, em vez de uma coordenação nacional para o combate ao vírus, o governo de presidente Jair Bolsonaro atuou para impedir medidas protetivas à população.

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Em toda a pandemia, 14.590.678 pessoas foram infectadas, sem contar as que não realizaram testes ou que são assintomáticas para a doença.

O valor do contágio é superior à média móvel atual, calculada em sete dias, que está em 60.386; o que revela que o descontrole no surto segue. Já a média móvel de mortos está em 2.526. Hoje encerra um período de queda neste indicador que vigora desde o dia 17 de abril.

A RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.

Realidade

De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as mortes podem ter superado a marca de 500 mil. O biólogo e divulgador científico Atila Iamarino observa que o país já teve, desde o início da pandemia, mais de 500 mil óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que podem ser covid não diagnosticada.

“Só sabemos esse número graças a testes, secretarias de saúde, centros de pesquisa e imprensa. Que continuem trabalhando para registrar nosso controle dessa situação”, disse.

Os dados da Fiocruz apontam para 514.859 mortes no Brasil por SRAG desde o início da pandemia de covid-19. Diante deste cenário, assim como a Fiocruz, Atila lamenta a suspensão de medidas de isolamento social adotadas por estados e municípios entre março e meados de abril. Segundo o pesquisador, estamos “à beira de ver o número voltar a piorar com reabertura e feriado pela frente”.

A recomendação do cientista é para redobrar os cuidados. Caso o Brasil se mantenha em um patamar de estabilidade com média de mortes chegando a picos de 3 mil por dia, o país pode ultrapassar as 600 mortes oficiais até o meio do ano, se nada seja feito.

“Com mais mortes nos primeiros meses de 2021 do que no ano passado inteiro, já podemos dizer que este ano é pior do que ano passado. Alguma hora temos que aceitar que se não agirmos, se não combatermos a covid, a situação não melhora.”