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Efeito Bolsonaro: carestia elimina carne do prato do brasileiro

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Preço da carne dispara e produto some da mesa do brasileiro pela política de Bolsonaro - Divulgação
Estudo da Conab aponta que o consumo de carne atingiu o seu menor nível em 25 anos

O dia estava ensolarado em Brasília no dia das mães, e o presidente Jair Bolsonaro aproveitou para reunir um grupo de amigos. Até aí nada de mais. A surpresa daquele dia não foi uma declaração bombástica ou provocadora de Bolsonaro, o que chamou a atenção foi a ostentação do presidente, que degustou uma macia e suculenta peça de picanha de gado importado do Japão ao preço de R$ de 1.800 o quilo – o corte da raça Wagyu é uma iguaria para poucos, pouquíssimos.

Enquanto isso, a maioria da população brasileira viu a carne bovina, uma proteína tão apreciada no país, desaparecer do seu prato, assolada por inflação galopante, desemprego recorde e uma pandemia que já bateu a marca de quase 450 mil mortos.

Ou seja, uma crise econômica e sanitária que penaliza severamente a imensa maioria da população, principalmente da classe trabalhadora. O gesto esnobe e boçal do presidente foi revelador do seu desprezo pelas agruras do povo.

Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que o consumo de carne atingiu o seu menor nível em 25 anos. Só nos primeiros quatro meses do ano, o consumo per capita de carne bovina caiu mais de 4% em relação a 2020, informa o órgão governamental.

Segundo dados da Conab, hoje, cada brasileiro consome 26,4 quilos desta proteína ao ano, queda de quase 14% em relação a 2019, quando ainda não havia crise sanitária. Este é o menor nível desde 1996, início da série histórica da Conab.

A volta da inflação é mais um dos efeitos da política econômica desastrosa de Bolsonaro, que fez a opção de atrelar os preços dos produtos nacionais aos preços internacionais das commodities, elevando os custos das carnes, grãos e combustíveis no mercado interno. Além disso, a desvalorização do real reforçou a política do agronegócio de surfar na alta demanda internacional por alimentos, obtendo fabulosas margens de lucros no mercado externo.

Neste sentido, os preços dos produtos que integram a cesta básica do brasileiro ficaram mais caros. Segundo a última pesquisa feita pelo IBGE, o preço das carnes em geral subiu 35% no país nos 12 meses até abril.

Com o preço proibitivo da carne, os brasileiros optaram pelo consumo de frangos, suínos e ovos – o campeão de consumo das famílias nesta temporada de alta inflacionária. No entanto, isso não significou alívio para a bolsa do povo. O mesmo levantamento do IBGE constata uma disparada nos preços das carnes de frango e porco. Em 12 meses, a carne de porco acumula alta de 29,88%. O frango inteiro e frango em pedaços acumulam altas de 13,38% e 14,62%, respectivamente. Já o ovo de galinha subiu 5,27% nesse período.

O surto de carestia é apenas uma das faces do problema, o mais grave é a volta da fome e do fenômeno da insegurança alimentar cotidiana, que afeta mais de 120 milhões de brasileiros – mais da metade da população. Um crime premeditado pela ganância capitalista contra o povo num país que produz milhões de toneladas de safras de grãos e possui rebanho suficiente para garantir com fartura a alimentação de todos os brasileiros.

O governo Bolsonaro, serviçal do agronegócio e dos especuladores financeiros, não tem nenhum compromisso no enfrentamento da questão da fome e da inflação de alimentos. Ao contrário, a política econômica bolsonarista é a responsável direta por tudo isso. Com Bolsonaro no governo, é mais carestia, fome e prato vazio na mesa.

Ao lado do combate pelo fim do governo Bolsonaro, é urgente a demanda por políticas imediatas como o tabelamento dos produtos da cesta básica, o congelamento das tarifas de gás, água e energia elétrica, a distribuição pelos governos de cestas básicas para as famílias em situação de fome, a volta do auxílio emergencial de R$ 600 e medidas para ampliar o financiamento da agricultura familiar.

Edição: Frédi Vasconcelos