No último sábado (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, a Federação Amigos da Terra Internacional (ATI) completou 50 anos de luta por justiça ambiental. A organização foi fundada em 1971 por quatro entidades da França, Suécia, Inglaterra e Estados Unidos (EUA), sendo atualmente a maior federação ambientalista de base do mundo, composta por organizações e núcleos locais presentes em 73 países e com mais de 2 milhões de militantes e associados. Destes, 13 estão localizados nas regiões da América Latina, incluindo o Brasil, e do Caribe.
Nesses 50 anos de história, a Amigos da Terra Internacional (Friends of the Earth International/ FoEI, sigla em inglês) ampliou sua atuação para um trabalho voltado à construção do poder popular, de forma a garantir a soberania dos povos e o fortalecimento de iniciativas emancipatórias que venham enfrentar as crises sistêmicas desde uma perspectiva de justiça em todas as suas dimensões – ambiental, social, econômica e de gênero.
Em compromisso com a Solidariedade Internacionalista, a FoEI é hoje celebrada como ator político na luta para desmantelar todas as formas de opressão e exploração, sejam elas a de classe, o patriarcado e a heteronormatividade, colonialismo e o racismo, o imperialismo e o poder empresarial.
Recentemente, o Tribunal de Haia condenou a petrolífera Shell a reduzir suas emissões de gás carbônico (CO2) em 45% nos próximos 10 anos e, em resposta a uma ação internacionalista encabeçada pela Amigos da Terra Holanda, reconheceu que a petrolífera é responsável pela violação do direito à vida.
As violações e violências contra comunidades onde faz a extração de petróleo sem o consentimento, a retirada de populações de seus territórios, vazamentos sem responsabilização e nem reparação, são há muito tempo denunciadas por diversos grupos da federação em todos os continentes. Mas pela primeira vez, um tribunal reconhece e responsabiliza uma transnacional por causar mudanças climáticas perigosas e pelas emissões ao longo de sua cadeia global de produção – de seus clientes e provedores.
No Brasil, junto à agência de notícias Repórter Brasil, a Amigos da Terra Brasil trabalhou para desmascarar o papel que a petroleira Shell teve no golpe de 2016 no governo Dilma e seus interesses envolvidos na privatização do Pré-Sal junto ao presidente Michel Temer.
Entendendo que para mudar o sistema é preciso um projeto político forte e um horizonte comum, a Federação Amigos da Terra Internacional estabelece alianças estratégicas globais que se territorializam no dia a dia das suas organizações membro, principalmente com a Via Campesina e com a Marcha Mundial das Mulheres, num entendimento que de é necessário “globalizar a luta e a esperança” e colocar a vida no centro da economia e da política.
A Amigos da Terra no Brasil
A Amigos da Terra Brasil (ATBr) está sediada em Porto Alegre (RS). Sua história iniciou em 1964 com a fundação da Ação Democrática Feminina Gaúcha (ADFG), um grupo de mulheres dedicadas à promoção da cidadania que, por meio da liderança de Giselda Castro e Magda Renner, construíram de forma inédita uma trajetória de referência no ativismo político ambiental.
Depois, a entidade agregou a ecologia como foco de sua atuação e, junto com outras organizações que fundaram a Apedema (Assembleia Permanente em Defesa do Meio Ambiente), foi pioneira na construção do movimento ambientalista gaúcho e brasileiro. A organização encabeçou lutas importantes da época, as quais nos impactam até hoje, como a denúncia dos prejuízos ambientais e das doenças provocadas pelo uso de agrotóxicos nas lavouras, a defesa de políticas públicas em prol da produção agroecológica e o combate ao desmatamento da Floresta Amazônica.
Em 1981, a organização foi convidada a ingressar na federação internacional (FoEI) e passou a se chamar Amigos da Terra, sendo até hoje o único membro no Brasil. A ATBr atua junto a outras organizações ambientais, movimentos sociais, agricultores camponeses, redes de produção e comercialização de agroecológicos e a comunidades indígenas e quilombolas de todo o país.
Há anos, questiona o modelo energético brasileiro, baseado na construção de megausinas hidrelétricas ou a carvão para geração de energia, e atua na defesa do Pampa, bioma de biodiversidade única impactado pela pecuária e pela expansão da monocultura do pínus e do eucalipto, atualmente ameaçado pelos megaprojetos de mineração.
Hoje em dia, a organização vem denunciando em nível nacional e internacional casos de violação dos direitos humanos, como o ocorrido com o despejo forçado da Vila Nazaré para ampliação da pista do aeroporto de concessão da Fraport em Porto Alegre (RS), apoia os indígenas Guarani na retomada e demarcação de seus territórios e compõe o Comitê Contra a Megamineração no Rio Grande do Sul, que enfrenta a perspectiva do estado virar a nova fronteira mineral do Brasil.
Neste sábado (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, os 50 anos da Amigos da Terra Internacional foi marcado com o lançamento da publicação "Do campo à cidade: histórias de luta pelo direito dos povos à terra e à vida".
*Com informações da Amigos da Terra Brasil.
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Edição: Katia Marko