Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA

Grávida de 24 anos é morta em confronto no Lins, na Zona Norte do Rio de Janeiro

Ato marcado para esta quarta-feira lembrará do desrespeito do governo estadual à decisão do STF sobre operações

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
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Pai de Kathlen contou que havia tirado a filha da comunidade há um mês, justamente por temer a violência no local - Reprodução

Uma ação de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na tarde da última terça-feira (8), terminou com a morte de uma jovem de 24 anos. A designer de interiores Kathlen Romeu estava grávida de quatro meses e foi baleada na cabeça durante confronto na região.

Kathlen estava caminhando na rua com a avó próxima à localidade conhecida como Beco da 14 quando teve início a troca de tiros entre policiais e criminosos. A jovem chegou a ser socorrida e levada por policiais para o Hospital Salgado Filho, no Méier, bairro da Zona Norte, mas não resistiu ao ferimento.

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Em nota, a Polícia Militar informou que não estava sendo realizada uma operação, mas que fazia patrulhamento de rotina da UPP quando o carro foi alvo de tiros.

Em entrevista à TV Globo na manhã desta quarta-feira (9), o  pai de Kathlen disse que há um mês decidiu tirar a filha da comunidade, onde vive a avó, por conta da frequência de tiroteios no local.

"Noventa e nove por cento da comunidade são pessoas de bem. A mesma operação que tem constantemente na nossa área não tem na Zona Sul. Eu tirei ela de lá por causa da violência. Minha filha era a coisa mais especial da minha vida. Uma pessoa do bem, inteligente", disse o pai de Kathlen.

Repercussão

Nas redes sociais, a hashtag #Kathlen foi um dos assuntos mais comentados em todo o Brasil, com repercussão entre políticos e artistas. Anielle Franco disse que lembrou da irmã, a vereadora Marielle Franco, executada em março de 2018, no Rio Comprido, região central do Rio.

"Não consegui dormir quase nada pensando na família da Kathlen. Fiquei pensando na primeira noite sem minha irmã. Depois pensei naquela ida fatídica ao IML (Instituto Médico Legal) que precisei fazer. Mari nutria sonhos. Kathlen carregava o seu. É sonho atrás de sonho sendo interrompido. Que dor!", escreveu Anielle.

Protesto

Um ato em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual, em Laranjeiras, Zona Sul da capital, está marcado para esta quarta-feira (9), às 18h. O protesto é contra a política de segurança que vem sendo colocada em prática pelo governador Cláudio Castro (PSC) durante a pandemia.

A organização do ato recomenda que todos e estejam de máscaras e que levem álcool em gel para higienização das mãos. Na chamada para o protesto, os organizadores lembraram o governo vem desrespeitando decisão do Supremo Tribunal Federal que impede ações policiais em comunidades durante a pandemia.

"Leve sua vela, seu cartaz, sua dor e revolta! Encheremos o Palácio Guanabara com símbolos que representam a política de morte que este governo produz todos os dias em nossas favelas e periferias. O governador Cláudio Castro e sua polícia vem afrontando o STF e descumprindo a liminar de suspensão das Operações Policiais no Estado do RJ", afirmam os organizadores.

Edição: Eduardo Miranda