Rio Grande do Sul

Mobilização

Trabalhadores grevistas da Procempa realizam protesto na prefeitura da Capital

Cerca de 50 pessoas e o sindicato da categoria, o Sindppd/RS, cobram reposição da inflação e melhorias para a empresa

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Nesta sexta-feira (18), completam-se 23 dias de greve; categoria exige que a direção da Procempa e o prefeito negociem a pauta de reivindicações - Marco Quintana / JC

Os trabalhadores da Procempa (empresa pública de TI do município de Porto Alegre) protestaram, na tarde desta sexta-feira (18), no Largo Glênio Peres, em frente à prefeitura da Capital, por melhores condições de trabalho. Cerca de 50 pessoas e o sindicato da categoria, o Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados no RS (Sindppd/RS) estiveram presentes.

Já são 23 dias de greve, em que a categoria exige que a direção da Procempa e o prefeito Sebastião Melo (MDB) negociem a pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2021/2022. Os trabalhadores estão há cinco anos sem reposição da inflação nos salários , representando hoje uma perda de 23%.

Neste mesmo período, a cesta básica de Porto Alegre calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) registrou aumento de 46,7%, o gás de cozinha 48,2% e a gasolina 42,6%. Eles também reivindicam a manutenção dos direitos do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e a realização de concurso público para repor em torno de 70 vagas.

No início desta semana, o prefeito Melo anunciou o corte do pagamento do adiantamento quinzenal dos salários dos grevistas e dos benefícios, como o vale-alimentação. Os grevistas destacam que esta medida é ilegal, pois fere a Lei de Greve e o livre direito de mobilização e de protesto dos trabalhadores ao suspender a única fonte de sustento, que são os seus salários. Ao invés de pagar a reposição da inflação nos salários e contratar novos trabalhadores, o prefeito opta por ameaçar contratar empresas privadas de TI para atender a demandas em decorrência da greve dos funcionários, mais uma medida ilegal e contra a Lei de Greve, afirmam.

Trabalhadores questionam números apresentados pelo governo

Os trabalhadores e o Sindppd/RS apresentaram uma pesquisa realizada pelo Diesse, a partir de dados da própria prefeitura e da Procempa, que derrubariam os argumentos de que o governo municipal não tem dinheiro para pagar o reajuste salarial, que se trata apenas de repor o que os salários desvalorizam com a inflação. Mesmo reduzindo os valores dos contratos com a prefeitura, a empresa apresenta resultado líquido positivo, com lucros em torno de R$ 8 milhões, desde 2018. De 2019 para 2020,o crescimento chegou a 10%.

Ao invés de dar reajuste salarial aos trabalhadores, a Procempa passou a pagar quase R$ 3 milhões ao ano com Imposto de Renda (IRPJ). Ao mesmo tempo, as despesas com pessoal e benefícios caíram 15,1% no ano passado, muito porque os trabalhadores estão pagando uma maior participação no plano de saúde e devido às aposentadorias e pedidos de demissões.

O estudo do Dieese também contesta a afirmação do prefeito, de que os salários da Procempa estão entre os mais altos no município. A média salarial dos servidores ocupa a 6ª posição entre as secretarias e órgãos da prefeitura, ficando atrás da Procuradoria Geral do Município (PGM) e da Secretaria Municipal da Fazenda (SMF), entre outros.

Os gastos da prefeitura com a Procempa são ínfimos, destacam os grevistas.Oo que o município pagou para a empresa em 2020 corresponde a apenas 2,4% das despesas totais da prefeitura. Se o governo transferisse todos os sistemas e serviços prestados em TI pela empresa à iniciativa privada, custaria muito mais caro aos cofres públicos. Apenas em 2020, a Procempa entregou 59 novos projetos à prefeitura; a empresa mantém mais de 220 sistemas ativos.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Marcelo Ferreira