Rio Grande do Sul

Coluna

Uma Terreira - Muita história, compartilhamento e celebração

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"A Terreira da Tribo é um espaço de experimentação e resistência ao pensamento único" - Foto: Divulgação
Esta Tribo sabe de que lado da história está. Não vai dar nenhum passo atrás nem abrir mão de nada

Neste 14 de julho a cidade de Porto Alegre celebra a existência de um dos espaços mais emblemáticos da cidade, a Terreira da Tribo.

Espaço criado pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz no ano de 1984, que reuniu e reúne artistas de diferentes linguagens. Do teatro ao cinema, das artes visuais a música. Sempre com atividades abertas e gratuitas o que faz deste espaço um ponto de convergência dos amantes da arte e do teatro, mas que não faz distinção de classe social, cor, credo, etc. Um espaço inclusivo e combatente.

A Terreira é um espaço de experimentação e resistência ao pensamento único.

Pra Tribo, criar coletivamente é uma atitude ética, de compromisso com um Teatro que seja necessário no tempo e no lugar em que vivemos. Um Teatro que seja uma nova forma de poetização da política. Reivindicando o lugar do coletivo como espaço de criação e reconstruindo a memória e a história a partir de estruturas mais abertas, fragmentadas, polissêmicas e liminares.

Seu trabalho de formação de atores é referência em todo o país, uma das preocupações deste espaço libertário sempre foi a de formar artistas que estejam atentos ao contexto presente que denunciem a violência e a injustiça social.

É no encontro com o outro, com o coletivo, que o processo de ação sobre si se revela formador de novas subjetividades. Produzir uma criação (encenação) cuja autoria é compartilhada por todos.

Desde sua criação já realizou inúmeros espetáculos, seminários, festivais, cineclube, circuitos de teatro de rua, selo editorial, manteve sempre uma incrível preocupação com a preservação da Memória.

Realiza ainda hoje o projeto Teatro Como Instrumento de Discussão Social, origem de um dos projetos mais importantes das administrações de esquerda na cidade, a Descentralização da Cultura. Mantém o circuito Caminho para um Teatro Popular pelos bairros de Porto Alegre e Grande Porto Alegre. Criou o Festival Jogos de Aprendizagem eliminando a barreira entre artistas em formação e artistas profissionais e realiza uma importante e permanente discussão sobre formação de atrizes e atores.

Criou a Cavalo Louco – Revista de Teatro e estabeleceu um canal de diálogo e construção de conhecimento com artistas pesquisadores de todo o país.

Manter a Terreira não tem sido tarefa fácil para a Tribo, nunca foi, mas o que vivemos no Brasil desde 2016 fez com que a situação tenha se agravado e muito nos últimos anos. Para arrematar a pandemia, que trouxe novas e graves dificuldades para manter o espaço. No entanto a Tribo não desiste, persevera, entende a importância que espaços como a Terreira tem e terão na reconstrução do país, estes LUGARES vão ser ventre para imaginação social.

O que vemos é um país que está sendo desmontado a marretadas pela extrema direita, por uma elite atrasada e reacionária, vestida de “Centrão”, e seu projeto de morte e destruição de cada um dos nossos direitos. Direitos conquistados com muita luta pelas trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.

Esta Tribo sabe de que lado da história está. Não vai abrir mão de nada, não vai dar nenhum passo atrás. A Terreira há de manter abertas as suas portas pra seguir formando atuadoras e atuadores, seres instigados e sensíveis, que não fogem ao compromisso de construir hoje o mundo mais justo e solidário que queremos deixar aos que virão depois de nós.

Aproveito a data para lembrar que a Tribo está em campanha para manutenção da Terreira, e tu podes ajudar pela plataforma benfeitoria.com/terreiradatribo ou com apoio direto à Associação dos Amigos da Terreira da Tribo.

Evoé, Terreira da Tribo!!

Vida longa!!

* Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko