Rio Grande do Sul

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Terapias integrativas vão reforçar enfrentamento à violência doméstica em São Leopoldo

Tema foi tratado em audiência pública sobre os 15 anos da Lei Maria da Penha na Câmara Municipal de São Leopoldo

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“O uso de terapias integrativas coletivas para o atendimento a mulheres vítimas de violência” foi o tema do debate - Bruno Pereira/CMSL

Terapias integrativas coletivas possibilitam o tratamento emocional de mulheres em situação de violência. É o que constatou a última audiência pública do ciclo de debates “Lei Maria da Penha 15 anos: a construção de uma cidade mais segura para as mulheres”, realizada pela Câmara Municipal de São Leopoldo (RS), nesta quarta-feira (25). O debate, que teve como tema “O uso de terapias integrativas coletivas para o atendimento a mulheres vítimas de violência”, apresentou experiências positivas de profissionais especialistas no tratamento alternativo de saúde mental.

A audiência foi proposta pela presidente da Câmara, vereadora Ana Affonso (PT). Segundo ela, este diálogo vai embasar discussões para a construção de uma política pública inovadora na cidade. “O uso destas terapias para o atendimento a situações de violência é muito importante e nós acreditamos que podemos construir uma política descentralizada, que funcione nas comunidades, onde as mulheres sejam acolhidas. Estas formas de terapia são fortes e muito potentes e podem ajudar essas mulheres a reconstruir o emocional, a relação social, e a se empoderarem sobre si mesmas”, pontuou.

De acordo com a parlamentar, as audiências públicas dentro da temática da Lei Maria da Penha visam atender pontos que a lei não alcança. “O nosso mandato convocou esta discussão porque nós entendemos que, com a Lei Maria da Penha, nós temos um instrumento que criminaliza a violência contra a mulher. Porém, a legislação por si só não muda a cultura e este é o grande desafio que nós temos. Precisamos de uma educação não-sexista, da orientação desde a infância para as questões de gênero, do enfrentamento à desigualdade entre homens e mulheres”, enfatizou.

Em sua manifestação, a doutora e mestre em Educação com ênfase na Saúde, Vanderléia Laodete Pulga, destacou pesquisas que demonstram que, muitas vezes, o tratamento com medicamentos acaba não resolvendo o problema psicológico. Ela destacou que a violência doméstica não só cria marcas no corpo, mas também na alma e na vida das mulheres. “Nas experiências que tive, diversas mulheres puderam deixar de usar o antidepressivo após iniciarem o tratamento alternativo, porque este espaço coletivo de escuta, de atendimento e de compreender as razões que causavam aquele sofrimento, a violência, auxiliam na geração de autonomia para o autocuidado e para a libertação”, apresentou.

Para a arte-educadora e arteterapeuta, Ana Lúcia Pompermayer, estes tratamentos alternativos traduzem sentimentos que, na maioria das vezes, não conseguem ser expressados através de palavras. “Essas mulheres chegam nestes espaços de acolhida com uma bagagem muito pesada, carregando não só dores físicas mas também muitas dores emocionais, muitas cicatrizes. E este peso é coberto de vergonhas, de frustrações, de desconfianças, de inseguranças, de ansiedades tão grandes que não é possível produzir palavras, então esta busca por outras formas de expressão é muito importante”, expôs.

O debate contou ainda com a participação da vereadora Nadir Jesus (PT), da diretora de Políticas de Prevenção da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Suelen Aires Gonçalves, da presidenta do Conselho Municipal de Direitos da Mulher (Comdim), Eliene Amorim, e da proprietária de uma clínica holística, Sandra Pereira. Os relatos completos da audiência pública podem ser conferidos na transmissão feita nos canais oficiais da Casa, no Youtube e no Facebook.

*Com informações da Assessoria de Imprensa  da Câmara de Vereadores de São Leopoldo


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Edição: Marcelo Ferreira