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Desigualdade

Artigo | Estrangulamento econômico: o FMI e o bloqueio contra a Venezuela

Novo programa do FMI é instrumento da política de pressão do imperialismo ianque contra a soberania do país latino

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O pretexto que até agora expuseram para impedir o financiamento incondicional que corresponde ao nosso país é o desconhecimento do governo do Maduro - Juan Mabromata / AFP

Tradução: Carmen Diniz 

Nosso povo foi submetido a um criminoso estrangulamento econômico pelo imperialismo estadunidense com terríveis consequências no desempenho da economia nacional e nas condições de vida da população. A todos os ultrajes cometidos, juntamo-nos agora à decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de excluir a Venezuela, de forma absolutamente ilegal e arbitrária, da atribuição dos Direitos Especiais de Saque (DEG pela sigla em espanhol – Derechos Especiales de Giro) recentemente emitidos para reanimar a economia mundial.

A pandemia produziu uma das maiores crises econômicas das últimas décadas e, diante disso, os mecanismos de regulação da economia global foram acionados para conter os transtornos que obstruem as condições favoráveis ​​à acumulação de capital.

Nesse sentido, lembremos que a tarefa fundamental do FMI é garantir a estabilidade financeira, monetária e cambial no mundo de acordo com os interesses do capitalismo.

Para fazer frente à crise, o FMI decidiu injetar liquidez na economia internacional, o que aconteceu com a emissão de DEG no valor equivalente a US$ 650 bilhões. É a maior transmissão da história da instituição.

Os DEG são meios de pagamento internacional emitidos pelo FMI com o objetivo de aumentar as reservas internacionais das nações e podem ser usados ​​para operações comerciais e financeiras no exterior, para troca por outras moedas ou para fortalecimento de reservas internacionais.

A decisão de excluir a Venezuela da alocação de DEG não deve nos surpreender. No passado recente, não tivemos acesso aos recursos oferecidos pelo FMI para lidar com a pandemia. Outros países também foram afetados pelo veto dos ianques. Aliás, os Estados Unidos são o único país com poder de veto no FMI.

A subordinação do FMI aos interesses das grandes potências e corporações globais, especialmente dos EUA, não se reflete apenas no poder de veto.

O FMI tem sido uma instituição fundamental na preservação do dólar como principal moeda mundial e, além disso, tem desempenhado um papel fundamental com seus programas de ajuste na imposição de modelos neoliberais em países subdesenvolvidos, moldando assim essas economias a interesses neocoloniais do imperialismo.

No caso que hoje atinge nosso país com a negação dos 5 bilhões de dólares em DEG, uma instituição global de tamanha importância como o FMI se curva totalmente à política criminosa de bloqueio sem se importar nem mesmo com os dramáticos efeitos da pandemia.

O pretexto que até agora expuseram para impedir o financiamento incondicional que corresponde ao nosso país é o desconhecimento do governo do Presidente Nicolás Maduro, a quem qualificam de ilegítimo. Por mais absurdo que possa parecer, isso não impede que Washington imponha arrogante e cinicamente esse argumento absurdo dentro do FMI.

O que o FMI tem apresentado ao mundo como um mecanismo para atender às necessidades econômicas, sociais e de saúde das nações mais vulneráveis, não só se torna hipócrita quando observamos que as grandes potências ficam com a grande maioria dos recursos; pelo contrário, para a Venezuela isso se torna um instrumento da política de máxima pressão do imperialismo ianque contra nossa soberania.

*Presidente de la Comisión de Finanzas de la Asamblea Nacional de Venezuela, Vicepresidente para la Economia Productiva del PSUV.

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Mariana Pitasse