Rio Grande do Sul

Coluna

De que lado está a gestão de Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre?

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Casa de Referência Mulheres Mirabal teve sua luz cortada no dia 1º de setembro, sem nenhum aviso ou diálogo, deixando as abrigadas e seus filhos desassistidos a um direito mínimo - Foto: Júlia Foschiera
Casa de Referência Mulheres Mirabal tem campanhas de apoio como o amadrinhamento mensal da casa

A Casa de Referência Mulheres Mirabal, na cidade de Porto Alegre, cumpre um papel fundamental na luta pela vida das mulheres. O projeto é administrado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário e atua no combate à violência contra as mulheres há 5 anos.

Desde 25 de novembro de 2016 existindo e resistindo junto com as acolhidas e abrigadas e uma extensa rede de apoio junto ao movimento feminista e ativistas individuais. Através de luta constante, tem fortalecido nosso papel em Porto Alegre, garantindo abrigo às vítimas e seus filhos.

Para tal, articula projetos de geração de renda, cursos, serviços de psicologia, assessoria jurídica e diversos trabalhos que fazem diferença na reconstrução dos caminhos individuais e coletivos das participantes.

O espaço original da Casa resultava de uma ocupação de imóvel abandonado no Centro Histórico. O atual, por sua vez, foi conquistado após inúmeras tentativas de negociação com os governos estadual e municipal. A promessa de cedência de um espaço não se cumpriu, deixando como única alternativa para não deixar na rua as mulheres atendidas, ocupar a Escola Benjamim Constant, local onde completaremos 3 anos.

Nesses três anos, em que pese a violência contra mulheres não tenha diminuído, nem o poder público municipal ter criado casas de referência, foram realizados esforços para enfraquecer a nossa resistência. Não bastasse a total falta de apoio, por mais de uma vez foi utilizada a tática do corte de fornecimento de energia elétrica.

No dia 1º de setembro, mais uma vez, agora na gestão do governo Sebastião Melo (MDB), nossa luz foi desligada sem nenhum aviso ou diálogo, deixando as nossas abrigadas e seus filhos desassistidos a um direito mínimo.

Não é de hoje que sabemos a posição do governo Melo em relação aos serviços públicos. Nessa mesma semana, a privatização da empresa de transporte público Carris e a extinção da carreira de cobradores foram colocadas em votação na Câmara de Vereadores. Lembramos aqui que o atual prefeito apoiou e apoia o governo Bolsonaro, outro inimigo das mulheres e do serviço público.

Enquanto a tríplice aliança entre governo municipal, estadual e federal se unem para desmontar o serviço público e atacar as mulheres em meio a pandemia, nós do Movimento de Mulheres Olga Benário e o conjunto daquelas que vivem e ou apoiam a Casa Mirabal nos mantemos firmes do lado do povo trabalhador.

Para reverter essa situação lançamos campanhas de apoio como o amadrinhamento mensal da casa, onde as/os apoiadoras/es podem contribuir para ajudar nessa situação com a compra de gasolina para nosso gerador, velas e lanternas.

Nossa defesa é de que tenhamos, como mulheres, direito a uma vida sem violência e, em especial, como trabalhadoras, garantia de que aquilo que produzimos cotidianamente retorne a nós na forma de políticas sociais. Por isso, mesmo em meio as dificuldades que enfrentamos, nos juntamos ao conjunto das lutadoras e lutadores, nas ruas no dia 7 de setembro no Grito dos/as Excluídos/as para dar voz a todas as mulheres excluídas do nosso país.

* Natanielle Almada - Movimento de Mulheres Olga Benário

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko