Rio Grande do Sul

Documentário

Longa documental retrata música e territorialidade quilombola do Litoral Norte do RS

Gravado em comunidades da península do litoral, filme em fase de finalização registra os Ternos de Santos Padroeiros

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Comunidade Quilombola de Casca é uma das populações retratadas no documentário "Canto Aberto" - Foto: Sérgio Guidoux

Com imagens captadas nas comunidades quilombolas do Beco dos Colodianos, de Casca e dos Teixeiras, em Mostardas, na península do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, o longa "Canto Aberto" faz um trabalho de registro da cultura desses locais.

Além das cantorias de Ternos de Santos Padroeiros, o filme também mostrará outros aspectos da cultura, como o plantio das sementes tradicionais de milho catete e feijão miúdo. O trio de diretores, Bruna Giuliatti, Jhonatan Gomes e Sérgio Guidoux, acompanhou os habitantes da região, situada entre a Lagoa dos Patos e o oceano, durante os meses de maio e agosto de 2021.

A visita do Terno de Reis, um festejo de origem católica luso-açoriana ligado às comemorações do Natal é o mais conhecido, mas as comunidades tradicionais realizam também ternos de Santo Antônio, São Pedro e São João, em seus respectivos dias. Os instrumentos característicos são gaita, violão, tambor e pandeiro. Na Comunidade da Casca, a única do município onde está viva essa tradição, canta-se inclusive o Terno de Santana, uma raridade em outras regiões do estado e do país.

A fazenda que ocupava a região da Casca pertencia à Quitéria Pereira do Nascimento que, em 1825, deixou em seu testamento a doação das terras e a liberdade a pessoas escravizadas que ali trabalhavam.

"Somente em 2010, as famílias remanescentes conquistaram a titularidade de uma parte dessas terras, constituindo a primeira comunidade quilombola rural a obter este reconhecimento no estado do RS", explicam os cineastas.

"Os Ternos de Santos resistem, assim como a comunidade, por anos, de geração a geração", concluem.

O filme está em pós-produção e tem previsão de lançamento prevista para 2022. A realização é do Ponto de Cultura do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mostardas (RS), com produção da Meio do Mundo Filmes de Porto Alegre. Projeto executado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc, através da Fundação Marcopolo.

Ponto de Cultura do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mostardas

Integrante da Rede Cultura Viva desde 2014, o Ponto de Cultura do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mostardas (RS) trabalha para a promoção do modo de ser dos povos tradicionais de origem africana e açoriana em seus festejos, nas danças, nas músicas, na gastronomia e na agricultura.

Mais informações no Instagram e Facebook do Sindicato.


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Edição: Katia Marko