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Alimentação

UnB: estudantes reclamam de aumento na refeição do Restaurante Universitário (RU)

Contrato com nova empresa gerou reajuste nos preços do café da manhã, almoço e jantar

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Valores correspondem a 40% do total de cada refeição - Crédito: Secom/UnB

Os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) foram surpreendidos essa semana com a informação do reajuste nos preços do Restaurante Universitário (RU). Após troca da empresa fornecedora dos serviços, em novo contrato que passou a valer a partir de agosto, os preços das refeições, que eram os mesmos desde 2018, sofreram aumento.

Para os estudantes do Grupo 2, que são todos aqueles com renda familiar mensal acima de 1,5 salário mínimo, o café da manhã passou de R$ 2,35 para R$ 2,85, aumento de R$ 0,50. Já o almoço e o jantar saíram de R$ 5,20 para R$ 6,10, reajuste de R$ 0,90. Esses valores correspondem a 40% do total de cada refeição, já que os outros 60% são subsidiados pela universidade.

Professores, servidores e visitantes, que não têm direito a subsídio, passarão a pagar R$ 7,05 pelo café da manhã e R$ 15,20 pelo almoço ou jantar. A mudança não afeta os cerca de 7 mil estudantes do Grupo 1, com renda familiar abaixo de 1,5 salário mínimo. Estes alunos, inscritos no programa de Assistência Estudantil, seguem contando com a gratuidade nas refeições, tendo 100% de subsídio.

Em nota, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB criticou o reajuste, que não teria sido comunicado aos estudantes pela administração. "Vemos com extrema preocupação o aumento de preços no RU verificado no site do restaurante. Sem nenhum informe da administração e sem discussão prévia junto à comunidade, o aumento de quase 1 real no valor da alimentação do grupo 2, chegando à R$ 6,10, é por si só um absurdo".

Apesar do aumento da refeição no RU, nenhum valor está sendo cobrado atualmente na unidade. Isso porque o restaurante, que ficou cerca de um ano e meio fechado, desde o início da pandemia, só foi reaberto no início de setembro, mas apenas para participantes do programa moradia, modalidades graduação e pós-graduação, que já contam com a gratuidade nas refeições.

Antes, esses estudantes recebiam um valor em pecúnia da universidade para custear a alimentação. Ainda não há previsão para a reabertura do RU para os demais estudantes, servidores, professores e visitantes, que deve ocorrer apenas com a retomada das aulas presenciais, e isso ainda não foi definido pela direção da UnB.

Mudança de empresa

O serviço de alimentação, que por anos foi prestado pela empresa Sanoli Alimentação, agora está a cargo da ISM Alimentações e Serviços. O contrato, de cerca de três anos, renovável, prevê que os novos valores das refeições se manterão fixos.

Segundo fontes da Reitoria ouvidas pela reportagem, o reajuste poderia ter sido melhor comunicado aos estudantes, mas ressaltaram o fato de que o RU segue fechado para os estudantes em geral e que a demanda pela contratação de um novo serviço era antiga.

Além disso, argumentam integrantes da administração, o valor cheio da refeição, que era cerca de R$ 13, passou para pouco mais de R$ 15, um reajuste menor do que a inflação acumulada no período, medida pelo IGP-M [Índice Geral de Preços Mercado].

A forma de cobrança do RU segue sendo a mesma, com subsídios de 100% para os estudantes de baixa renda e de 60% para os demais estudantes.

A norma que regula esses preços está vigente desde 2018, aprovada pelo Conselho de Administração (CAD) da universidade e vinculada ao valor licitado para a prestação do serviço. Entre 1994 e 2018, durante 24 anos, o RU cobrava R$ 2,50 para os estudantes em geral, servidores e professores. Estudantes estrangeiros pagavam o valor de R$ 1.

Na prática, era um subsídio não apenas para estudantes, mas para outros segmentos que, na visão da administração da universidade, não precisariam dessa ajuda. Em 2017, no entanto, em meio à crise de financiamento do ensino superior, já no governo de Michel Temer, a direção da UnB decidiu rever a política de subsídio, estabelecendo três formas:

Grupo 1: com 100% de subsídio, restrito a estudantes de baixa renda;

Grupo 2: tem 60% de subsídio, englobando todos os demais estudantes; e

Grupo 3: servidores, professores e público em geral, que não têm subsídio e pagam o valor integral da refeição cobrada pela empresa terceirizada.

Do lado estudantil, a demanda é por revisão da atual forma de cobrança. Na nota em que criticou o reajuste, o DCE pede a revisão do repasse dos aumentos aos estudantes. 

"O direito à alimentação, bem como à assistência estudantil, são pilares fundamentais do projeto de universidade plural e popular que defendemos. Por isso, exigimos a imediata revisão do aumento do preço da alimentação, assim como a norma aprovada em 2018 na CAD que prevê sempre o repasse do aumento aos estudantes, servidores e trabalhadores terceirizados!".

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Edição: Flávia Quirino