Rio Grande do Sul

Educação na pandemia

Pesquisa aponta situação preocupante no retorno presencial das escolas estaduais

Cpers alerta para retorno presencial com flexibilização dos protocolos e falta de estrutura física e recursos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Muitas escolas apresentam diversos problemas estruturais e nenhuma segurança sanitária - Divulgação

O Centro dos Professores do Estado do RS (CPERS Sindicato) está divulgando uma pesquisa realizada para averiguar as condições do retorno presencial às aulas na rede pública estadual. Segundo o Sindicato, a pesquisa contou com a participação de 19,4% das escolas da rede, sendo que mais de 67% das pessoas que responderam relataram que suas escolas não receberam os equipamentos de proteção individual (EPIs) prometidos pelo governo estadual. 

Além da questão dos EPIs, também foi feito um levantamento sobre os recursos humanos e as condições estruturais das escolas. Segundo o levantamento, nas 469 escolas identificadas há falta de 1102 profissionais, entre professores, funcionários e especialistas.

Para informar à imprensa sobre a situação das escolas o Sindicato está divulgando um "Radar". As informações sobre as 659 respostas nesse segundo semestre de 2021 abrangem 469 escolas, em 203 cidades. Destes, mais de 97% retomaram as aulas presenciais e mais de 67% não receberam os EPIs fornecidos pelo governo.

Entre os que receberam os equipamentos, mais de 85% consideram que eles não são adequados. Entre todos os entrevistados, mais de 71% responderam que a escola não está conseguindo respeitar todos os protocolos de segurança e 20,7% dizem que a escola possui problemas estruturais.

A falta de trabalhadores também foi questionada. Se estima que seriam necessários, pelo menos, cerca de 530 professores, 319 funcionários e mais de 240 especialistas.

Confirmada a reabertura da maioria das escolas, o mesmo não se deu com a adesão das famílias e dos estudantes. Segundo informa o Cpers, a média de alunos fica entre 5 e 8 por turma.

Segundo presidenta do Cpers, situação é insustentável

O Cpers Sindicato vem afirmando que o retorno presencial, com a flexibilização dos protocolos, sem a implementação de um plano de obras escolares e com a falta de distribuição de EPIs adequados é inseguro. O Sindicato recorda que, nos últimos meses, focos de contaminação em escolas foram identificados em diversas cidades do RS.

Segundo a presidenta do Cpers, professora Helenir Aguiar Schürer, a situação das escolas públicas, dos professores e funcionários está insustentável.

“Educadores do RS estão fazendo a sua parte. Se atualizaram no ensino online, se desdobram para dar conta do ensino híbrido e estão retornando presencialmente para as escolas, muitas delas com diversos problemas estruturais e sem segurança sanitária", afirma.

A professora ressalta ainda que, se existe por parte dos governos uma preocupação em qualificar a aprendizagem dos alunos, precisam valorizar na prática os educadores e a escola pública. Afirma ainda que existe uma contradição nas declarações dos atuais governos: ao mesmo tempo que afirmam ser essencial a educação, implementam constantes ataques ao setor. 

“Os educadores gaúchos amargam sete anos de salários congelados, direitos retirados, adicionais reduzidos, descontos e perdas diversas, enquanto Eduardo Leite acaba de anunciar um superávit bilionário. Dinheiro tem, falta priorizar a educação. Não podemos mais esperar”, afirma Helenir.

Comunicado do Sindicato lembra também do estudo da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), apontando que o Brasil tem o pior piso salarial para educação entre 40 países e está entre os que não aumentaram recursos para educação na pandemia.

Recorda ainda os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), que atestam encolhimento de mais de 30% do quadro de servidores da educação no RS, desde 2015.


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Edição: Katia Marko