Rio Grande do Sul

Cultura Viva

No Dia Nacional do Livro, a Feira volta a ocupar a Praça da Alfandêga 

Em sua 67ª edição, Feira do Livro de Porto Alegre volta a seu lugar de origem, de forma híbrida, com programação on-line

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A maior feira a céu aberto da América Latina volta ao seu espaço de origem a partir do dia 29 de outubro - Foto: Diego Lopes/Feira do Livro Porto Alegre

Desde 1955, sempre no final do mês de outubro, acontece na Praça da Alfândega a tradicional Feira do Livro de Porto Alegre, um dos maiores e mais queridos eventos culturais do Rio Grande do Sul. Em 2020, por conta do contexto grave da pandemia no estado, a Feira não pode ser montada sobre o calçamento de pedras portuguesas. Neste ano, ela volta ao seu local de origem, de forma híbrida.

A Feira que em seu início teve 14 barracas de venda de livros, devido à pandemia, terá 60% de expositores dos anos anteriores, totalizando 56 bancas. É a maior feira de livros a céu aberto na América Latina.

Organizada pela Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), a edição deste ano inicia no dia 29 de outubro, dia Nacional do Livro, e vai até 15 de novembro, sob o tema "Para ler um novo mundo". Na estreia, o atual patrono da Feira, Jeferson Tenório, passará o bastão para poeta, cronista e jornalista brasileiro Fabrício Carpinejar. 

De acordo com os organizadores, a programação on-line será produzida em um estúdio instalado no prédio do Memorial do RS, localizado na própria Praça, e transmitida pela plataforma digital da Feira, que também abrigará as lojas virtuais dos expositores ou opções de compra via WhatsApp. O aquece da Feira começa na próxima terça-feira (19), com a realização do projeto Partiu Feira do Livro!, um momento de formação de leitores e valorização da leitura, na área Infantil e Juvenil.

Ainda sobre a área infantojuvenil, haverá o espaço Floresta Encantada, que trará gnomos, fadas e seres fantásticos. Eles contarão histórias com o tema “A poesia pede passagem”, conta Sônia Zanchetta, coordenadora das atividades de literatura infantil, juvenil e de formação de leitores. 

O Brasil de Fato RS conversou com o presidente da CRL, Isatir Bottin Filho, e com a curadora da Feira Lu Thomé, sobre a edição desse ano. A programação oficial deve sair nos próximos dias. 


Patronos da Feira: Jeferson Tenório (sentado), patrono da 66ª edição e Carpinejar, patrono da 67ª / Foto: Diego Lopes/Feira do Livro Porto Alegre

Brasil de Fato RS - Como funcionará a Feira híbrida?

Isatir Bottin Filho - A Feira precisava voltar para a Praça, com todos os cuidados, é claro. Ela acontecerá conforme os protocolos vigentes nas duas semanas em que ela acontece. Teremos totens com álcool gel, além dos banheiros usuais. Para o nosso maior desafio, contamos com vocês: a conscientização do público para nos ajudar com o comportamento coletivo. Teremos que ter consciência para filas e muita paciência no espaçamento entre todos e uso total de máscaras.

Talvez se precise documentação em relação às vacinas, isso só saberemos ao certo quando acontecer. Nos unimos todos por um bem maior: as saudades da Feira e o prestígio a quem a criou e sofreu tanto nesses últimos dois anos: editores, distribuidores e livreiros locais. Façam listas, estaremos com dicas e promoções para atender a todos.

Toda a programação com escritores estrangeiros, nacionais e locais acontece on-line, são 36 encontros transmitidos de um estúdio (sem plateia) do Memorial do RS. Conseguimos manter o mesmo número do ano passado.

Já a área infantil terá programação para a primeira infância com visitação agendada previamente por escolas, instituições e projetos sociais. Isso será possível pelo patrocínio da Petrobras Cultural em todas as ações deste espaço, a Floresta Encantada.

BdFRS - Número de expositores?

Isatir - Serão 56 bancas este ano, cerca de 60% em relação aos anteriores. Pela crise, pela pandemia e o distanciamento necessário. Todos eles terão presença digital no mesmo site da Feira, seja por loja on-line ou venda por WhatsApp. Ou seja, o site da Feira é a principal referência para visitas ou para espectadores e compradores on-line.

BdFRS - Expectativas? Dificuldades?

Isatir - Expectativas são as de trazer a Feira de volta. Ano passado nosso foco foi mantê-la. Este ano é fazermos a ponte para as melhorias contínuas das que virão depois. As dificuldades são as mesmas de todos os eventos culturais: projetos de Lei sendo aprovados na última hora e que bom que conseguimos. Parcerias e patrocínios idem. Por isso salientamos que o Banrisul e a Petrobras nos deram a chance de lançar a Feira, sem esses primeiros e parceiros de tantos anos, não teríamos como dar início a este sonho que se renova a cada ano. 

Mesmo o fato da nossa feira continuar sendo a maior da América Latina a céu aberto, com tantos visitantes e programas de formação de mediadores de leitura e leitores, a cada ano é como se ela nascesse de novo, em termos de projeto. São bastidores que a gente vive, a equipe. Todo ano, temos que provar que ela é importante, que é feita de forma transparente e que precisa de incentivo para ser realizada.

Enfim, nossas expectativas são as melhores, temos uma equipe engajada e comprometida com isso.

BdFRS -  Como será o contato do leitor com os livros?

Isatir - Já expliquei um pouco na primeira pergunta. A interação nas barracas será como a que volta a acontecer nas livrarias de rua ou shoppings. Muito álcool, atendentes manuseando mais os livros, mas é inevitável a interação do público. Os expositores vão manter uma higiene maior com os livros, tudo que já aprendemos juntos. Nossa vantagem é sempre também estar em área aberta, com muita ventilação.

BdFRS - No ano passado, como o formato on-line impactou resultados: vendas, debates?

Isatir - Ganhamos em visualizações dos debates e acessos ao redor do país e do mundo. Da mesma forma, a participação de todos de fora tem se tornado acessível. As vendas não aconteceram no ano passado, foram baixas. E elas são fundamentais. Apoiar o comércio local é essencial. Nossa feira é feita por ele. 

BdFRS - Que aprendizados trouxe?

Isatir - Trouxe o que aprendemos nas nossas vidas. A nos tornarmos digitais, a sermos resilientes, e entender que a literatura pode nos salvar de muita coisa! A Feira é simbólica em termos de educação, leitura e contato com os livros. É um encontro riquíssimo de quem os faz e quem os lê.

Mais do que tudo, ela nos mostra que estamos sempre aprendendo e é assim que queremos dar continuidade a ela.

BdFR - O Slogan da Feira deste ano é "Para ler um novo mundo". Gostaria que falasse sobre o tema, o que ele significa? E quais as tuas expectativas para a Feira?

Lu Thomé - A 67ª edição marca o retorno da Feira do Livro para a Praça da Alfândega. E não apenas isso: no cenário da pandemia, representa a nossa esperança após a vacina e o desejo de reencontros e de renovação. Queremos que o livro esteja no centro desta comemoração. Este é o conceito, expressado no manifesto da Feira, que está norteando a escolha de autores e temas para as lives da programação geral.  

Estaremos com as bancas prontas para receber os leitores. E esperamos que se sintam à vontade para passear na Praça da Alfândega em busca de novos livros e novas histórias. E que, além disso, nos acompanhem ao vivo nas lives pelo site e redes sociais do evento para acompanhar os debates e as participações dos autores convidados da programação geral.


"Queremos que o livro esteja no centro desta comemoração" / Divulgação


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Edição: Marcelo Ferreira