Música

Indicada ao Grammy Latino, Banda do Paraná Tuyo é progressista e defende pensamento no coletivo

O grupo de amigos se conheceu em igreja de Curitiba e criou uma banda independente

Curitiba (PR) |
"Sempre acreditamos na potência das coisas que temos vontade de dizer, dos diálogos", conta Lilian - Foto: VITORAUGUSTO

Com o álbum “Chegamos Sozinhos em Casa”, a banda curitibana Tuyo foi indicada ao Grammy Latino de 2021, na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa. A banda, que já tem cinco anos de estrada, é formada por Jean Machado, Lilian e Layane Soares.

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A cerimônia do Grammy Latino 2021 será nos Estados Unidos, em 18 de novembro. Em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, Lilian contou que o álbum nasceu de um paradoxo: das conversas entre os integrantes nas idas e vindas dos shows e a vontade de voltar para casa.

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Confira: 

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Brasil de Fato Paraná – Como foi receber a notícia da indicação ao Grammy?

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Lilian – Eu acredito muito no poder desse disco de iniciar conversas, entendo plenamente dentro do meu ser como e por que ele foi feito. Sempre acreditamos na potência das coisas que temos vontade de dizer, dos diálogos que temos vontade de conversar, mas confesso que foi uma grande surpresa termos sido indicados ao Grammy Latino. Ficamos sabendo igual todo mundo: entramos no Instagram, alguém mandou o print, o vídeo e foi uma explosão de sabores na boca.

Estamos acostumados a entender que as grandes gravadoras operam o movimento de alavancar seus artistas pra que sejam vistos por esses prêmios, então nós termos sido enxergados por esses pilares, que de alguma forma provocam movimentações dentro do universo dos trabalhos musicais, foi, sim, uma grande surpresa.

Como foi o processo criativo por trás do “Chegamos Sozinhos em Casa”?

Nasceu na rua, na estrada, do desejo, justamente, de voltar. 2019 foi um ano agitado pra Tuyo. Foi quando esse disco foi pensado, ele nasceu ali com a gente na fila do “busão”, esperando embarcar, esperando pra entender pra qual cidade estávamos indo, pra quem cantaríamos, encontrando as pessoas na estrada e com muita vontade de tocar, mas com muita vontade de voltar pra casa, de entender o que era a nossa casa, de identificar o que era nosso território.

Tivemos bastante sorte em ter conseguido terminar todos os processos mais viscerais, que exigiam a nossa presença física, até janeiro de 2020. Quando terminamos de gravar a última voz, todo mundo entrou para casa. Parece que o timing das coisas aconteceu com uma delicadeza que só o acaso providencia.

Gostaria que contassem também um pouco da história da banda.

A Tuyo existe desde fevereiro de 2016 e nasceu das nossas necessidades de nos comunicarmos, de não nos sentirmos sozinhos. Nós três somos músicos desde a infância, nós fomos criados em igreja evangélica batista desde criança, nossas famílias nos estimularam para exercitar esse talento dentro da igreja.

Uma vez que resolvemos sair, enfrentamos bastante resistência das nossas famílias, foi uma batalha. Sinto que o que impulsiona um projeto desse acontecer não é necessariamente essa movimentação pragmática, mas a necessidade de algo. É essa movimentação que empurra o artista para o lugar de se pôr no holofote, se pôr no palco e correr todos os riscos.

Além da espera pelo resultado do Grammy, quais são os planos?

Fazer uso da voz que temos para continuarmos martelando na tecla sobre a importância de perceber o quanto estamos vulneráveis, o quanto precisamos pensar politicamente sobre as nossas escolhas enquanto indivíduos, enquanto coletivo, estimular as pessoas que curtem a banda a ficarem em dia com a sua vacinação, se cuidar, se proteger, prestar atenção no uso da máscara, prestar atenção nas próprias movimentações.

É também provocar as pessoas a pensarem na importância que é ter acesso ao espetáculo, não só o de música, mas acesso a objetos de arte, de poder usufruir o que a arte providencia para qualquer cidadão. E, é claro, que queremos voltar a tocar, já estamos nos movimentando...

Fonte: BdF Paraná

Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini