Rio Grande do Sul

MANIFESTAÇÃO

Sindicatos e movimentos protestam em frente à Refap contra preços abusivos dos combutíveis

Ato em apoio à greve dos caminhoneiros pediu o fim da política de Preços da Paridade de Importação (PPI) da Petrobras

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Protesto foi realizado nesta quinta-feira (4) em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS) - Foto: Divulgação/CUT-RS

Sindicatos, centrais sindicais e movimentos sociais realizaram uma manifestação em apoio à greve dos caminhoneiros e contra os preços abusivos dos combustíveis e do gás de cozinha, nesta quinta-feira (4), em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

A greve dos caminhoneiros iniciou na segunda-feira (1), tendo como principal pauta a contrariedade ao preço abusivo do diesel. Desde o início de 2021, a Petrobras já aumentou o preço do diesel em 65%, e da gasolina, em 73%. A categoria pede o fim da política de Preços da Paridade de Importação (PPI) da Petrobras, que desde 2016, sob a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), condiciona os preços praticados no país ao mercado internacional.

Os caminhoneiros lutam também por direitos como aumento do valor do frete e aposentadoria especial. A adesão à greve está crescendo, informa a categoria, enquanto as entidades as representam tentam derrubar as liminares que o governo Bolsonaro conseguiu na Justiça para impedir a mobilização.

A manifestação em frente à Refap foi organizada pela Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT-RS), com o apoio do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS) e do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do Rio Grande do Sul (Simtrapli-RS). Contou com a a participação de vários sindicatos de outras categorias, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS) e de movimentos sociais.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, reafirmou todo o apoio à paralisação dos caminhoneiros autônomos, "que sofrem nas estradas, transportam combustíveis e neste momento estão na verdade quebrados, mas resistem para ter uma vida digna e o frete negociado e cumprido pelo governo". Ele ressaltou a importância da unidade dos trabalhadores.

“A luta em defesa da Petrobras, a luta contra inflação, a luta contra os preços abusivos da gasolina, do diesel, da gasolina e do gás de cozinha não é só dos caminhoneiros e motoristas. É uma luta nossa, de todos os trabalhadores. Esses aumentos fazem parte do projeto neoliberal do governo Bolsonaro e, por isso, nós permaneceremos na luta para tirar Bolsonaro”, enfatizou.

Para Amarildo, a Petrobras é uma empresa lucrativa que está sendo roubada. “Eles aprovaram o PPI para agradar e enriquecer os acionistas. A Petrobras lucrou R$ 32 bilhões no ano passado e repassou R$ 30 bilhões aos acionistas. Esse dinheiro todo sai do bolso do trabalhador, sai da cadeia produtiva dos alimentos que as pessoas pagam. Tudo para rentabilizar os acionistas que, a grosso modo, são estrangeiros e acumulam riqueza às custas do nosso povo”, salientou.

Motoristas de aplicativos sofrem com aumentos

A presidenta do Simtrapli-RS, Carina Trindade, destacou que a importância do ato. “Nosso sindicato faz parte desse apoio aos motoristas caminhoneiros, porque nós, motoristas de aplicativos, estamos cansados de toda semana chegar no posto para abastecer e ter um aumento de combustível. Toda semana é de 30 a 40 centavos a mais por litro. Isso está acabando com o lucro que o motorista tem porque 40% do que ganhamos deixamos nos postos”, disse.

Ela também trouxe dados sobre a alarmante realidade enfrentada pelos trabalhadores de aplicativos que não aguentam mais tantos aumentos. “Está bem complicado para a categoria se manter no mercado de trabalho, principalmente, porque muitos dependem da gasolina e de veículos locados. Ou você paga pelo carro e coloca combustível ou você sustenta a sua família. Do início do ano para cá, 15% dos motoristas acabaram desistindo da profissão”, lamentou.

Para Carina, a atual política de preços da Petrobras é a maior responsável pela disparada dos combustíveis. “Essa política paritária ao mercado internacional faz com que não se tenha mais controle nacional sobre os valores e os preços disparam por causa da alta do dólar”, denunciou.

Petrobras para o Brasil e não para acionistas

O presidente do Sindipetro-RS, Fernando Maia da Costa, também criticou a implantação do PPI. “Estamos alertando sobre a crise dos combustíveis, dos problemas que poderiam acontecer, desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma”, disse.

“A partir da posse do Pedro Parente, como presidente da Petrobras, se adotou o Preço de Paridade de Importação no Brasil. Estamos enfrentando agora uma péssima situação e o governo Bolsonaro está tentando fugir da sua responsabilidade. Essa política de preços é uma decisão política do governo, que é quem escolhe os dirigentes da Petrobras”, explicou.

Maia enfatizou o papel estratégico da Petrobras para o desenvolvimento do país e a regulação dos preços. “Nós defendemos fortemente que a Petrobras acabe com o PPI. E que coloque suas refinarias a operar com carga máxima e volte a investir no refino. A Petrobras tem que atuar mais no mercado interno e garantir gás de cozinha, diesel, gasolina, a preço justo para o povo brasileiro. A população tem que se manifestar e exigir isso”, sublinhou.

* Com informações da CUT-RS


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Edição: Marcelo Ferreira