Antirracismo

"Fora, Bolsonaro Racista" | Milhares vão às ruas das capitais no Dia da Consciência Negra

Manifestações também denunciam volta da fome, disparada da inflação e desemprego

Brasil de Fato|Recife(PE) |

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Em Fortaleza, manifestantes saíram em passeata pelas ruas do centro da cidade - Monyse Ravena

A sétima mobilização nacional pelo "Fora, Bolsonaro" se une à tradicional manifestação pela consciência e resistência negra, neste sábado (20), em diversas cidades brasileiras. Com o lema "Fora, Bolsonaro Racista", as atividades se dividem entre atos políticos, manifestações culturais e ações solidárias. Os manifestantes denunciaram o racismo presente no governo Bolsonaro, o genocídio do povo negro, a violência de Estado contra a população mais pobre, a crise econômica, a disparada da inflação e o aumento da fome. 

Pela manhã, algumas capitais como Belém, Fortaleza, Natal, Salvador, Vitória, Goiânia e Florianópolis registraram mobilizações. Na capital cearense, o ato saiu em marcha pelas principais ruas da cidade. A organização estimou a participação de, aproximadamente, 10 mil pessoas. Vilani Oliveira, da Coordenação do Movimento Negro Unificado do Ceará, explicou o papel central da unidade política nesta manifestação. "A unidade dos que estão na chibata, dos que estão passando fome, dos que comem ossos e disputam restos de comida no caminhão do lixo, isso para nós é essencial", afirmou a militante. 

::: Brasileiros vão às ruas contra Bolsonaro e o racismo; acompanhe os atos deste 20 de novembro ::::

Em Belém, os manifestantes se concentraram no Mercado São Braz, desde as oito da manhã, na área central da cidade, e saíram em caminhada até a Praça da República, outro palco importante das atividades políticas paraenses. O ato contou com a participação de lideranças políticas, integrantes de coletivos negros e artistas da periferia.

Sobre a pauta central da manifestação, Miguel Catanhede, da coordenação do Movimento de Atingidos por Barragens no Pará, explicou que não há diferenças entre a luta antirracista e o "Fora, Bolsonaro". "Na verdade, estas pautas estão unificadas, porque as pessoas que mais sofrem com o desmonte promovido por Bolsonaro são do povo negro. Por isso, as pautas são unificadas", explicou. 


No Maranhão, a memória de Zumbi dos Palmares está presente nos cartazes dos manifestantes / Mariana Castro

No Recife, o ato começou às 14h, no Pátio do Carmo, na área central da cidade. O local foi escolhido estrategicamente porque é onde está a estátua em homenagem a Zumbi dos Palmares, ícone histórico que liderou o Quilombo dos Palmares  e morreu no dia 20 de novembro de 1695. Haverá um ato político na concentração. Em seguida, os manifestantes saem em cortejo pelo cidade, conduzidos pelo Afoxé Oyá Alaxé. No final, haverá um festival com a presença de artistas negros e negras, na Praça do Arsenal, também no bairro do Recife. A organização informou que foi montado um importante esquema de biossegurança, com distribuição de máscaras e álcool em gel. 

Em Vitória, no Espírito Santo, o dia 20 de novembro também recorda os impactos de um crime ambiental. Esta data marca a chegada ao litoral do estado, da lama oriunda do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, no estado de Minas Gerais. Em razão desse triste marco, o Movimento dos Atingidos por Barragens realizou um ato, dentro da programação da mobilização nacional #ForaBolsonaroRacista, para denunciar os crimes ambientais da Vale e a negligência do governo Bolsonaro com os atingidos. 

No período da tarde há previsão de mais mobilizações pelo país. Em São Paulo, o ato se concentra desde as 12h, no vão do MASP, e segue até o Teatro Municipal. Está prevista uma intervenção nas escadarias do espaço, relembrando as atividades que deram origem ao Movimento Negro Unficado (MNU), na década de 1970. "Há cinquenta anos a gente vem consolidando esta data. Cinquenta anos que a gente tem movimento, tem ocupação de ruas, a gente tem atividades populares, fazendo esse debate”, disse Adriana Moreira, da UNEAFRO, em entrevista ao programa Central do Brasil. 
 




 

Edição: Mauro Ramos