Rio Grande do Sul

Coluna

2 5  d e  N o v e m b r o – Dia de combate e denúncia das violências contra nós, mulheres

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"25 de Novembro é dia de denúncia da Ditadura Patriarcal, a maior e mais cruel desde que existe a humanidade" - Imagem: Ribs
Precisamos URGENTE acender a chama da revolu(A)ção. Vamos riscar esse fósforo?

Hoje é dia de expressar o nosso cansaço, hoje é dia de falarmos das nossas dores e fúrias. Hoje é dia de acordar os nossos sonhos. Precisamos acender a chama da revolu(A)ção.

Eu queria escrever uma carta às mulheres cansadas, às mulheres que estão em relacionamentos violentos, abusivos, sofrendo o que a ditadura patriarcal destina para nós. Vamos acordar? Como pode ser que o máximo representante do Brasil seja um escroto que tenha conseguido se eleger falando contra as mulheres, contra as pessoas negras, contra as LGBTQIA+? Tu não achas que está faltando desobediência e mobiliz(A)ção? Não achas que estamos precisando parar e refletir? Até quando vamos aguentar isso?

Tu já parou para pensar que estamos vivendo um momento atroz de assassinatos, estupros e todo tipo de violências contra nós, mulheres/lésbicas? Muitos desses atos acontecem dentro dos relacionamentos - ou, uma vez que as mulheres/lésbicas decidem dar um fim ao vínculo, então, os maridos, companheiros, namorados não aceitam -, mostrando assim o ápice da violência estimulada pelo patriarcado.

Tu já viu os jornais, ou escutou as tuas vizinhas/amigas gritando? Ou a ti mesma? Dá um Google aí e vai aparecer que o “RS teve aumento de 55% em feminicídios em abril de 2021” (G1); “RS registra disparada de feminicídios em julho” (GZH). Vamos ficar sentadas e continuar sonhando com o amor romântico? Esperando AINDA a chegada do príncipe encantado?

Hoje, 25 de Novembro, é dia de denúncia da Ditadura Patriarcal, a maior e mais cruel desde que existe a humanidade. As mulheres somos a metade da população e somos vistas como uma minoria. Dentre nós há negras, indígenas, lésbicas, operárias, presidentas, empresárias, professoras, artistas, domésticas. As mulheres estamos em todas partes, mas continuamos sendo tratadas como pessoas de segunda categoria. Até quando vamos aguentar isso?

A heterossexualidade compulsória exige uma relação desigual entre uma metade oprimida e uma metade com privilégios. Impossível imaginar uma relação igualitária. Esta situação de opressão está nos levando a uma sociedade de assassinatos em série. Tu já parou para pensar que o Brasil é o 5º país em violência contra nós e que o Rio Grande do Sul é o 4º estado em número de vítimas de feminicídio no país? Até quando?

CHEGA de feminicídios, passemos à ação

Se hoje é dia de expressar o nosso cansaço, se hoje é o dia de falarmos das nossas dores e fúrias, se hoje é o dia de acordar os nossos sonhos, então, hoje é dia de fazermos apologia lésbika. Quero falar do lesbianISMO feminista. Tu pode ser comunista, socialista, anarquista e também lesbianista. BASTA de dormir nos braços do inimigo. Nenhum homem começa espancando, nem atirando.

Sempre começam com a sedução, com a cortesia, até ter segura a sua presa. CHEGA de estarmos presas a eles. Chega de acreditar no conto do amor romântico. O lesbianISMO feminista é um movimento social e polítiko de libertação.

Não estou dizendo que entre lésbicas a vida seja perfeita, não acreditamos em contos de fadas. Infelizmente existe o patriarcado também entre nós, porque fomos educadas por uma sociedade machista. Por isso estou propondo parar tudo. Pararmos para pensar e sonhar. Vamos fugir do regime da heterossexualidade compulsória que é funcional a eles. Nós não queremos ser as donas das casas deles, queremos ser donas das nossas vidas. Queremos estar vivas e em amor, em prazer, em acolhimento, em rebeldia, em ousadia, em criatividade, em harmonia. Precisamos URGENTE acender a chama da revolu(A)ção.

Vamos riscar esse fósforo?

Atividades para hoje

12h - Ato unificado de luta em frente ao Palácio Piratini

14h às 19h - Banca na Esquina Democrática. Vários grupos.

Mais informações clique aqui.

* mariam pessah: ARTivista feminista, escritora e poeta, organizadora do Sarau das minas/Porto Alegre.

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko