Rio Grande do Sul

Combate à Aids

Mortalidade por Aids em Porto Alegre é 6 vezes maior que taxa nacional

Porto Alegre é a capital com a maior taxa de mortalidade por Aids no Brasil e a segunda em taxa de detecção

Sul 21 |
Porto Alegre há anos está entre as capitais com maiores taxas de detecção e óbitos por Aids do país - Foto: Cristine Rochol/PMPA

Boletim HIV/AIDS do Ministério da Saúde, divulgado na manhã desta quarta-feira (1º), aponta que Porto Alegre é a capital com a maior taxa de mortalidade por Aids do Brasil, com 24,1 casos por 100 mil habitantes, e a maior taxa de detecção de mulheres grávidas com HIV, com 17,1 casos por 1 mil nascidos vivos. O boletim aponta ainda que a capital é a segunda com maior taxa de detecção por Aids, atrás somente de Manaus. Em 2020, foram detectados 41,9 casos por 100 mil habitantes em Porto Alegre.

Os dados, referentes a 2020, apontam que Porto Alegre registrou duas vezes mais casos de Aids que o estado do Rio Grande do Sul (21,8 casos por 100 mil habitantes) e três vezes mais que o Brasil (14,1 por 100 mil/ha). Já a taxa de mortalidade por Aids foi três vezes maior na Capital do que no RS (7,2 por 100 mil/ha) e seis vezes maior do que no Brasil (4,0 por 100 mil/ha). O número de casos detectados em gestantes também foi duas vezes superior à taxa estadual (8,1 casos por 1 mil nascidos vivos) e seis vezes maior que a nacional (2,7 casos por 1 mil nascidos vivos).

No boletim do ano passado, Porto Alegre era a terceira capital em números de casos e já era campeã de óbitos, com uma coeficiente de 22,5 óbitos por 100 mil habitantes, número que, à época, era cinco vezes maior que a taxa nacional. O crescimento dos óbitos no RS, para 24,1 casos por 100 mil habitantes, vai na contramão da tendência nacional, em que a taxa de mortalidade por Aids vem caindo seguidamente desde 2012. Em 2020, foram 10.417 mortes por Aids contra 10.687 no ano anterior, queda de 2,52%. O boletim aponta que, entre 2014 e 2020, houve redução de 30,6% na taxa de mortalidade em todo o país.

Testes para detecção do HIV e demais infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis e hepatites B e C, orientações e acesso a preservativos estão disponíveis nas 133 unidades de saúde de Porto Alegre (veja lista) e no Serviço de Atendimento Especializado Santa Marta (rua Capitão Montanha, 27, Centro Histórico).

As profilaxias pré e pós-exposição estão disponíveis no SAE Santa Marta, no SAE IAPI (rua Três de Abril, 90, Passo d’Areia) e no SAE Vila dos Comerciários (rua Moab Caldas, 400, Santa Tereza).

Impacto da pandemia

O boletim aponta que foram detectados 32,7 mil novos casos de HIV no Brasil em 2020, o que representa uma redução de 25% em relação a 2019.

“Embora se observe uma diminuição dos casos de Aids em quase todo o país, principalmente nos últimos anos, cabe ressaltar que parte dessa redução pode estar relacionada à subnotificação de casos, em virtude da mobilização local dos profissionais de saúde ocasionada pela pandemia de covid-19”, destaca o documento.

Durante a apresentação dos dados, o diretor do departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Gerson Pereira, também afirmou que a redução da detecção era esperada por conta da pandemia de covid-19.

Segundo ele, a pasta adotou medidas para não prejudicar o tratamento de pacientes, como a prescrição de medicamentos por um período maior e o uso da telemedicina.

“A gente teve uma redução em relação aos casos novos e fizemos um esforço sobre-humano nesta pandemia para que a gente não pudesse só diagnosticar, mas tratar os casos. Nós antigamente prescrevíamos medicamentos para 30 dias, hoje nós prescrevemos para 90 dias. Temos muitos pacientes recebendo medicamento por 90 dias”, disse.

O Ministério da Saúde informa ainda que 694 mil pessoas estão em tratamento contra o HIV no país, dos quais 45 mil iniciaram a chamada terapia antirretroviral em 2020. Os números representam cobertura de 81% das pessoas diagnosticadas com HIV e, do total de pacientes em tratamento, 95% já não transmitem o vírus por via sexual por terem atingido carga viral suprimida.

Edição: Sul 21