Rio Grande do Sul

Direitos Humanos

Livro “A transversalidade dos Direitos Humanos” destaca a urgência de debater o tema

Obra foi elaborado por alunos do curso de especialização em Direitos Humanos e Políticas Públicas da Unisinos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“Estamos enfrentando momentos que cada vez mais precisamos reforçar essa busca, essa luta pelos direitos humanos", destaca professora - Foto: Divulgação

Na noite desta terça-feira (14), foi realizado o lançamento do livro a Transversalidade dos Direitos Humanos, elaborado por alunos do curso de especialização em Direitos Humanos e Políticas Públicas da Unisinos. Organizado por Camila Vencato Neumann e Luciane Toss, o material é resultado de dois anos de curso e traz textos de 10 autoras e um autor, que abordam questões relacionadas ao acesso à educação, movimento sócio ambiental, aborto, racismo, entre outros. 

A professora Rosângela da Silva Almeida, uma das coordenadoras da especialização, ao fazer a apresentação do livro pontua que ele segue uma diretriz para o debate dos direitos humanos, como condição primeira, em detrimento da questão econômica que estratifica as pessoas em classes sociais. 

Na avaliação da professora, vivemos a necropolítica como parâmetro de legitimação da morte dos sujeitos desamparados pelo Estado. “Vivemos políticas de morte! Não posso deixar de registrar que o livro que se apresenta, vem em um momento crítico no Brasil, de grande crise sanitária, econômica, política, cultural e ideológica, agravado pela pandemia por covid-19, o que torna extremamente necessária sua leitura para o aprofundamento de temáticas polêmicas”, destacou.  

"Precisamos nos posicionar"

No início da live, Camila explicou como foi o processo até se chegar no livro, e de como a pandemia modificou a estrutura do mesmo, fazendo com que muitos autores tivessem que mudar a sua ideia inicial. “Passei dois anos estudando direitos humanos e políticas públicas. O Brasil está enfrentando esse momento de pandemia, mas já vinha enfrentando dificuldades, o mundo vem enfrentando dificuldades. Acredito que depois das eleições de 2018 tudo piorou. E ai a turma de direitos humanos com diversos artigos voltado para o tema não pode deixar tudo isso guardado no nosso computador”, expôs. 

Ela também ressaltou que o tema direitos humanos tem que ser debatido, trazido para que outras pessoas conheçam e possam discutir. “Estamos enfrentando momentos que cada vez mais precisamos reforçar essa busca, essa luta pelos direitos humanos. Isso não pode ser esquecido, apagado, precisamos discutir, nos posicionar e trazer esse tema”, frisou.  

Psicólogo e diretor de politicas públicas do Sindicato dos Psicólogos do Rio Grande do Sul, Gabirel Godoi, um dos autores, destacou que ser militante dos direitos humanos no Brasil e na América Latina é uma situação complicada. “Quando colocamos em nós essa marca de militantes de direitos humanos a gente também coloca um alvo nas nossas costas. Atualmente não somos mais o país que mais mata militantes dos direitos humanos, mas somos um dos que mais mata”, ressaltou. 

Brasil é o quarto país que mais mata defensores de direitos humanos

Segundo o relatório “Começo do fim?”,  lançado no dia 9 de dezembro, pela Justiça Global e a Terra de Direitos, o Brasil é o quarto país que mais mata defensores dos direitos humanos no mundo. A publicação destaca que programa de proteção vive seu pior momento, marcado por crise política, orçamentária e institucional na defesa de ativistas no governo Bolsonaro. 

Para Gabriel, a publicação além de trazer a composição de vários artigos que versam sobre os direitos humanos, também acaba se constituindo como uma rede de apoio. “São pessoas a quem nós podemos acionar para nossa saúde mental, para podermos conversar sobre outras coisas”, comentou. 

Em seu artigo, o psicólogo aborda as intersecções entre os direitos humanos e a história do movimento da reforma sanitária brasileiro, tendo em vista o momento pelo qual o país atravessa, com os ataques à saúde que vem desde o governo Temer, aprofundado no governo Bolsonaro e reverberado na pandemia. Conforme explica Gabriel, ao longo do curso ele foi se questionando como o Sistema Único da Saúde foi se construindo até chegar ao momento atual. “A saúde pública no Brasil, e na América do Sul, retomou uma credibilidade muito boa. Talvez seja hora de retomarmos alguns diálogos que foram se perdendo, como diálogos da saúde do trabalhador, diálogos com a determinação social da saúde, diálogos sobre a saúde e a doença como processo da cidadania, como processo de se tornar sujeitos.” 

Também autora do livro, a jornalista Luana Silva da Crus escreveu juntamente com Walmir da Silva Pereira o capítulo sobre o Encontro de saberes na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS): entre o sentir e o saber. Ela começa lembrando do começo do curso em 2019, primeiro ano do mandato de Bolsonaro. “Brincando a gente falava a verdade, estávamos fazendo resistência justamente nesse momento que a gente se encontrava e se encontra no Brasil”. 

Ela explicou que participou do curso da UFRGS, em que trouxe mestres de outros saberes, como indígenas, dai a ideia de trazer essa experiência para dentro do curso, e abordar a intersecção entre os saberes acadêmicos e o saber das comunidades originárias. “Não só saber, mas também sentir”, afirmou. Ao falar do livro Luana destaca que todos trabalharam com assuntos que lhes eram caros, as suas preocupações, seus anseios, suas vontades para um mundo mais justo, mais igual, com justiça social, em que possa defender os direitos humanos com mais tranquilidade. 

O livro pode ser acessado através deste link

Veja abaixo a live completa 


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Katia Marko