Rio Grande do Sul

Xô, 2021!

Veja aqui alguns dos motivos para a gente mandar o ano velho embora

Estamos terminando um ano duríssimo para o Brasil. Além da pandemia, o que mais o impactou em 2021?

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Está partindo o ano que fez o Brasil sofrer com peste, fome, destruição, violência e desgoverno - Foto: Altemar Alcântara

Neste final de ano, o Brasil de Fato RS perguntou a várias pessoas das mais diversas áreas o que mais lhe impactou em 2021 e o que espera para 2022. Confira, abaixo, o que os entrevistados disseram sobre este ano que encerra:

Fernando Pigatto

Presidente do Conselho Nacional de Saúde

“A pandemia foi o que mais impactou. Mas, além da pandemia, o 'pandemônio'. Todos os direitos humanos foram alvo desse governo ultraneoliberal de extrema direita. A gente teve que enfrentar o negacionismo e movimento antivacinas. Se hoje tem uma grande parte da população vacinada, foi porque houve muita luta”.


Sílvio Tendler

Cineasta

“Impactou as pessoas desabrigadas, as pessoas famintas, a falta de sensibilidade do governo, e a vontade de superar essa situação pela parte militante da população. Eu me enquadro entre os que querem viver num mundo melhor e continuo nessa luta. Então na luta contra a fome, a miséria e o desemprego, estamos juntos”.


Mauri Cruz

Advogado, membro do conselho internacional do Fórum Social Mundial

“2021 foi o ano em que os ricos ficaram exponencialmente mais ricos e os pobres absurdamente mais pobres. Mas também foi o ano em que retomamos as ruas, as mobilizações nacionais em defesa de nossas pautas mais caras e forjamos uma unidade nacional no Comitê Fora Bolsonaro”.


Iya Vera Soares

Babalorixá

“Agô, Agô a todas e a todos. Ficou no meu olhar o país que habitamos, os retrocessos, as perdas. A vergonha dentro de cada trabalhador que perdeu a dignidade de ter a comida na mesa. A dor da perda que marcou famílias inteiras, tirando a esperança pela falta de credibilidade naquele poder que não se comprometeu com a humanidade trabalhadora deste país”.


Nei Lisboa

Músico

“O derretimento da distopia bolsonarista em uma poça de desemprego crônico, inflação e pilhagem do patrimônio estatal, que evidencia, para quem abrir os olhos, o que a política do Guedes representa, e devolve milhões de cidadãos à carestia, à miséria e ao abandono. Muito triste”.


Télia Negrão

Jornalista, integrante do Levante Feminista contra o Feminicídio

“O ataque à democracia em 2021 nos desafiou à reorganização como mulheres e feministas, pois o neofascismo é profundamente misógino e racista. O ódio mata e matou muitas mulheres pelo feminicídio, pela fome, pela pandemia”.


Cedenir de Oliveira

Coordenação estadual do MST

“Com um tempo maior, vamos poder fazer uma análise mais precisa do que foi 2021 e as marcas que deixará. Mas o que mais tem nos impactado e impressionado é a violência da fome. Como em pouco tempo ela se recoloca nas famílias. É evidente que a pandemia impacta mas a fome é uma mácula muito forte”.


Alcides Miranda

Médico, professor de saúde coletiva da UFRGS

“O que mais me impactou em 2021 foi a facilidade de governos protofascistas ou neoliberais para atuar com negligências intencionais, com omissões criminosas e ocasionar milhares de óbitos evitáveis. E, ainda, a conivência ou a indiferença de parcela da sociedade no limbo de intensificação de uma margem "tolerável" para óbitos evitáveis”.


Roseli Pereira Dias

Assessora da Cáritas

“A dor das famílias vitimadas pela covid e a fome me causaram muita tristeza. Mas sempre me sensibiliza muito a força da solidariedade que brota na sociedade, especialmente nas comunidades e movimentos sociais. Na Rede Cáritas, a falta de comida no prato de incontáveis famílias foi e segue sendo um dos enfoques mais fortes da nossa atuação”.


Amarildo Cenci

Presidente da CUT/RS

“O que mais me impactou foi constatar que as elites brasileiras e o governo federal e, no caso aqui, o governo estadual, não têm nenhuma preocupação com a realidade do povo brasileiro”.


Alice Martins

Indígena em contexto urbano, coordenadora do Centro de Referência Indígena-Afro/RS

“A pandemia escancarou todas as vulnerabilidades sociais existentes ao longo de cinco séculos. Políticas públicas que já eram insuficientes foram sucateadas. A falta de acesso à saúde levou à morte vários parentes indígenas. E a insegurança alimentar também matou”.


Célio Golin

Militante do Nuances – Grupo pela Livre Expressão Sexual

“A pandemia da covid juntamente com a saída em definitivo das sombras dos setores fascistas revelou que hoje o Brasil é um outro pais. O irracionalismo ideológico alimenta uma parcela significativa da sociedade e isto vai ter que ser enfrentado pelos setores democráticos”.


Jorge Branco

Sociólogo

“Impactante foi a forma genocida com a qual o governo federal tratou a pandemia, a população pobre, cortando gastos, atrasando a chegada das vacinas. Depois descobrimos que tinha a ver com corrupção. Mas também o crescimento da extrema direita e os ataques à democracia”.


Leonardo Melgarejo

Ambientalista, membro do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos

“A irresponsabilidade de representantes da população, agindo descaradamente contra a população. Vereadores de Porto Alegre fraudando normas de representatividade. Deputados articulados com o governador para destruir nossa lei dos agrotóxicos, privatizar serviços públicos. Senadores e deputados mancomunados com o presidente destruindo biomas. O que mais me impactou, diante disso tudo, foi nossa aceitação submissa desta realidade”.


André Benites

Cacique guarani da aldeia Tekoá Ka Aguy Porã, de Maquiné (RS)

“A gente já sofreu muita coisa mas em 2021 a gente passou os piores momentos. Nossa nação guarani foi atacada. Além da pandemia, que não nos deixou fazer movimentos e vender artesanato, a gente sofreu ataque de todo o lado: políticos, governos e alguns grupos, principalmente fazendeiros, interessados nas terras guarani”.


Odirlei Fidélis

Cacique kaingang da aldeia Vãn Ka, de Porto Alegre

“Os ataques do governo contra os povos indígenas”.


Anita Prestes

Historiadora

“Penso que, enquanto não existirem forças populares organizadas, mobilizadas e conscientes da necessidade de lutar resolutamente pelos legítimos interesses dos trabalhadores, continuaremos reféns das jogadas políticas das classes dominantes”.


Juremir Machado da Silva 

Jornalista e escritor

“Em 2021, me impactou ver o mundo cometendo erros de 2020: liberando geral com o vírus e suas variantes batendo na porta; negando a ciência, com movimentos antivacinas à luz do dia; crescimento do extremismo; a fome dando as caras; a desigualdade em alta”.


D. Silvio Guterres

Bispo de Vacaria/RS

“O contraste entre um grupo de pessoas que festeja o momento econômico e político porque estão ganhando muito e as periferias que empobrecem. Me inquieta a resignação que os mais pobres vivem. Acrescento a isso, como fator que contribui para essa resignação, uma indevida ação do fenômeno religioso, que deveria atiçar a consciência das pessoas mas funciona como uma espécie de anestesia de conforto, de consolo, que não gera processos de mudança”.


Juarez Fonseca

Crítico musical

“Apesar de todos os absurdos promovidos por um governo federal terrorista, e as mais de 600 mil mortes, quem se cuidou e tinha uma certa estabilidade econômica, pôde “conviver” com a pandemia. A classe artística sofreu tremendamente devido aos protocolos sanitários, só agora no fim do ano começa a se recuperar um pouquinho. De todo modo, nada sequer parecido com a miserabilidade de grande parte da população brasileira”.


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Edição: Ayrton Centeno