Rio Grande do Sul

Alcoolismo

Grupos de A.A. fazem mutirão virtual para prevenir recaídas nas festas de fim de ano

Isolamento imposto pela pandemia aumentou a solidão e com ela o consumo de álcool, que também avançou entre as mulheres

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em Porto Alegre, o grupo Cidade Baixa de A.A. aderiu à iniciativa - Divulgação

Agravado com a pandemia, o alcoolismo se manifesta com sintomas e compulsões ainda mais fortes neste período de festas. As emoções normalmente ficam mais intensas nesta época. Também a solidão dos alcoolistas desperta ainda mais a vontade de beber. Para prevenir recaídas de pessoas em recuperação da doença, 25 grupos de Alcoólicos Anônimos do Brasil e mesmo dos Estados Unidos e Portugal vão promover uma maratona de reuniões online a partir das 5h da sexta-feira, dia 31, até às 23h59 de 1º de janeiro.

Em Porto Alegre, o grupo Cidade Baixa de A.A. aderiu à iniciativa. O link para a maratona e a programação completa está disponível aqui. As informações são do coordenador do Comitê Trabalhando com os Outros (CTO). Como os A.A. guardam sigilo sobre a identidade de seus participantes, eles se apresenta apenas como “Atos”.

Atos explica que, com a pandemia, a maioria dos núcleos de A.A. teve que fechar as portas e partir para a solução das reuniões remotas. Observa também que o número de bebedores solitários, isolados nas suas casas, aumentou consideravelmente bem como a quantidade de mulheres que pediram auxílio e passaram a frequentar grupos. Antes da pandemia, elas representavam não mais do que 4% da frequência. Atualmente, já representam 47%.

Consumo residencial

“Talvez essas pessoas tivessem uma predisposição ao desenvolvimento dessa dependência e tendo ficado em isolamento aumentaram seu consumo da bebida, por motivos antes inexistiam”, cogita. “Podem, em tese, ter começado a beber ou aumentado o consumo para aplacar o medo, a insegurança, aliviar a dor de alguma perda. Coisas que foram e ainda são bem comuns às pessoas nesta pandemia que de alguma forma atinge a todos”, repara.

Mesmo esclarecendo que o A.A. não faz pesquisas ou estudos sobre consumo de álcool nem registra seus integrantes e suas histórias, ele reconhece que aumentou consideravelmente o que chama de “consumo residencial”. Com bares, restaurantes e clubes fechados, cresceram as compras presenciais nos supermercados ou por encomenda.

Falta do contato pessoal

Atos conta que, em um primeiro momento, a ameaça do coronavírus impactou fortemente os A.A. “Os grupos suspenderam suas reuniões. Membros recaíram. Muitos tiveram suas vidas ceifadas pela covid-19”, relata. Mas os órgãos de serviço reagiram e criaram reuniões virtuais através de várias plataformas como Google Meet, Whatsapp, Zoom, Skype e outras.

Contudo houve grandes prejuízos para a atividades dos 45 grupos de Porto Alegre, os 350 do estado e os cinco mil do país. “A convenção nacional que seria realizada em abril de 2020 em Belo Horizonte foi transferida para setembro do mesmo ano e outra vez transferida para 2021 e novamente transferida para outubro de 2022”, sintetiza.

Encontros estaduais e seminários regionais sofreram os mesmos impactos. Atos explica que os integrantes “se ressentiram da falta do contato pessoal, do acolhimento fraterno, de levar a mensagem a quem ainda não chegou em nossos grupos”, comenta.

A entidade surgiu em 1935 nos Estados Unidos. Hoje, segundo Atos, os A.A. estão em praticamente todos os países do mundo com mais forte estruturação nos EUA, Canadá, México e Brasil.


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Edição: Marcelo Ferreira