Rio Grande do Sul

SOLIDARIEDADE

Mães da Periferia encerra o ano levando alimentos e saúde menstrual para famílias necessitadas

Coletivo que atua no Morro Santana, em Porto Alegre, mostra que a união entre mulheres pode salvar vidas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Luta contra a precarização menstrual: foram doados mais de 300 kits de higiene e limpeza pessoal a mulheres da Ocupação Jardim Continental - Divulgação

O coletivo Mães da Periferia está fechando 2021 mostrando a força e o empoderamento das mulheres no apoio a famílias que vivem em contexto de precarização, agravado pelo desemprego e a fome que assolam o país. A ação de Natal promovida pelo grupo arrecadou e distribuiu, na Ocupação Jardim Continental, no Morro Santana, em Porto Alegre, 96 cestas básicas e 304 kits de produtos de higiene e limpeza pessoal na luta contra a precarização menstrual.

“É importante ressaltar que não é em todos os contextos que a mulher é vítima. Em muitos contextos são as mulheres que estão mudando os territórios, trazendo igualdade e respeito para dentro das comunidades e suas famílias”, afirma a técnica em enfermagem Letícia Nascimento, atual coordenadora do Mães da Periferia e uma de suas idealizadoras.

Alimentos, roupas e livros

Ela explica que a ação foi viabilizada graças a parcerias. A maior parte dos produtos distribuídos foram comprados com recursos doados por apoiadores. Também houve o apoio de parceiros através do Armazém Moderno e da Paróquia Santa Ana.

Fundado em 2019, o coletivo é composto por mulheres, não necessariamente mães, e promove atividades de luta por educação popular, saúde na periferia, cultura, autonomia no Morro Santana. Desde sua origem, realiza ações semanais de distribuição de alimentos, vestuário, livros e propicia atividades de educação e letramento e oficinas de autonomia financeira.


Quase cem famílias em vulnerabilidade social receberam uma cesta básica no Natal graças à articulação do Coletivo / Divulgação

Mulheres na linha de frente

“A união entre as mulheres tem salvado vidas dentro das favelas”, destaca Letícia, que também é promotora legal popular. E prossegue: “A maioria dos movimentos de luta nas periferias são femininos e nós, hoje, em Porto Alegre, somos um projeto construído e gerenciado exclusivamente por mulheres”.

A coordenadora conta que o grupo também realiza ações, oficinas e palestras em outras comunidades da Capital. “Levamos um pouco da nossa construção, do que nos faz agir e aonde pretendemos chegar com a autonomia das mulheres”, explica.

Um centro cultural para o Morro Santana

A campanha de Natal terminou mas o Mães da Periferia ainda precisa do apoio solidário de quem puder e tiver condições. Durante 2021, o coletivo não conseguiu concretizar o sonho de construir um centro cultural no Morro Santana, espaço que será valioso para potencializar suas ações na comunidade. A conclusão do centro vai permitir o acesso à outra realidade para o povo da periferia.

“Será um espaço plural de acolhimento para mulheres e crianças. Para além da nossa militância, também temos a questão da autonomia financeira, onde através de algumas oficinas ensinamos as mulheres a fazerem coisas como sabão artesanal ou corte e costura. Ganhamos uma máquina de costura, ganhamos aparelhagem para panificadora, para fazer pão também, e queremos ter uma comunoteca, que é uma biblioteca comunitária”, relata.

Autonomia financeira acaba com o abuso

Letícia lembra que o principal atendimento do coletivo é dirigido às mães solo, famílias com a estrutura sob responsabilidade das mulheres. Observa que, obtendo autonomia financeira, muitas mulheres acabam encerrando um ciclo de relações abusivas devido à dependência financeira. “Então, esse espaço vai possibilitar uma vida com qualidade pra muita gente que nós atendemos”, pontua.

O Pix para quem sentir de contribuir com o Coletivo Mães da Periferia é [email protected]. O contato é através do fone 51 985749879.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Ayrton Centeno