Rio Grande do Sul

Debate virtual

Live aborda a maternidade romantizada, seus efeitos e os impactos na vida das mulheres 

Tema foi tratado por três especialistas no programa Espaço Plural - Debates e Entrevistas desta terça-feira (11)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"As mulheres lidam com essa dualidade maternidade e carreira, com exigência de um desempenho ótimo em ambas as funções" - Divulgação

Nesta terça-feira (11), o programa Espaço Plural - Debates e Entrevistas debateu a maternidade romantizada e seus efeitos pessoais e sociais. Para falar sobre o tema, foram convidadas a psiquiatra reprodutiva e perinatal materna e paterna, Juliana Parada, a psicóloga e Instrutora Gentlebirth de Educação Perinatal para profissionais do parto, Priscila Brasco, e a psicóloga e professora adjunta do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do RJ com especialização na área materno-infantil, Fernanda Alzuguir.

Numa sociedade onde a mulher cada vez mais ocupa diversos lugares e papéis e as redes sociais oportunizam perfis que divulguem a realidade das mães, a discussão acerca da maternidade é cada vez mais presente. Mesmo assim, ainda temos um ideal romantizado sobre esse papel, que ronda o imaginário social e influencia a vida das mulheres, direta ou indiretamente. 

O tema também ocupou boa parte das redes feministas com o lançamento do filme A Filha Perdida, no dia 31 de dezembro. Adaptado do livro de Elena Ferrante, autora de A Amiga Genial, o longa de estreia como diretora da atriz Maggie Gyllenhaal traz uma reflexão tocante sobre maternidade, individualidade e culpa.

Tendo em vista esse contexto, as convidadas trouxeram aspectos sociais que permeiam a romantização da maternidade, destacando que historicamente o papel de cuidado da casa e da família era todo delegado à mulher, que em função do seu sexo biológico era destinada a ser mãe. Mas a sua entrada no mercado de trabalho não modificou essa lógica. "Colocar a mulher no centro de tudo e atribuir a mulher toda a responsabilidade do bem estar físico, emocional, educacional, pela criança desenvolvendo no seu potencial máximo é muito conveniente e também acaba respondendo por estas questões de divisão desigualitária do trabalho. As mulheres lidam com essa dualidade maternidade e carreira, com exigência de um desempenho ótimo em ambas as funções", destaca Juliana. 

Priscila ressaltou que romantizar a maternidade pode afetar diretamente a saúde mental da mulher, no momento em que o ideal de uma maternidade perfeita e linda não se concretiza no dia a dia. "O amor é uma construção e o amor materno também é construído. E aquela mãe que não se apaixona de cara pelo seu bebê se sente deslocada dessa maternidade romantizada", apontou. 

Quando questionadas se a participação dos homens na criação dos filhos, ainda longe do ideal, mas que vem crescendo, colabora para uma ressignificação das maternidades, todas discordam. As convidadas foram unânimes em acreditar que essa maior participação está modificando a paternidade, mas ainda não a maternidade, uma vez que apesar da maior divisão de tarefas, a carga mental da mulher ainda é imensamente maior e mais cobrada.

Fernanda ressaltou que nossa sociedade é muito diversa e desigual e não há como romantizar um ideal único que seja possível e correto. "Quando a gente fala de maternidade, a gente ainda se centra muito numa dimensão individual, como se a maternidade se tratasse apenas de um desejo individual, do privado. Mas ela tem uma dimensão política e coletiva", ponderou. 

Abaixo o debate completo


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Edição: Katia Marko