Rio Grande do Sul

Educação Estadual

Movimento em Defesa do Instituto de Educação repudia planos do governo do RS para a escola

Comunidade quer que o prédio siga abrigando atividades escolares ao invés de museu e centro tecnológico

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Movimento em Defesa do Instituto de Educação realizou coletiva de imprensa sobre a retomada das obras do prédio - Foto: Katia Marko

O Movimento em Defesa do Instituto de Educação General Flores da Cunha realizou uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (9), sobre a retomada das obras do prédio do Instituto de Educação (IE), situado na Avenida Oswaldo Aranha, em Porto Alegre. A comunidade escolar, organizada no Movimento em Defesa, está preocupada com os planos do governo estadual para o prédio da escola.

O IE está fechado para restauro desde 2016. A obra seguia o projeto elaborado em conjunto com a comunidade escolar. Após paralisação do restauro devido à necessidade da troca de empresa, o governo estadual começou a dar sinais de que tinha planos de utilizar o prédio para instalar outras estruturas que não somente os espaços do Instituto.

Recentemente, o Extra Classe revelou que o governador havia assinado um protocolo de entendimento para a concepção do projeto com o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), entidade privada que é responsável pela gestão de centros culturais públicos como o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro. A comunidade escolar é contrária à instalações de museus e outras estruturas no prédio.

No último dia 18, o governador Eduardo Leite (PSDB) assinou, em um cerimônia, uma ordem de serviço para reiniciar as obras de restauro do prédio, sem convidar nenhum representante da comunidade escolar do IE.

Na entrevista coletiva realizada na manhã de hoje (9), participaram a diretora da escola, Alessandra Lemes; a presidente do conselho escolar, Ceniriane Vargas; a presidente da comissão de restauro, Maria da Graça Morales; a presidente do Círculo de Pais e Mestres do Instituto, Luciana Rosa de Assis Brasil, e representantes da comunidade escolar.

O Brasil de Fato RS e a Rede Soberania estiveram presentes, transmitindo ao vivo, confira:

Comunidade escolar deseja voltar ao prédio na Oswaldo Aranha

A diretora da escola, Alessandra Lemes, iniciou a coletiva destacando a importância da defesa do projeto de integralidade da escola em seu endereço original. Recorda que, após o início das obras em sua estrutura, o IE seguiu cumprindo seu propósito e suas obrigações. Porém, usando diferentes prédios, o que causa transtornos para a gestão e para os próprios estudantes.

"Aguardávamos ansiosos pela retomada das obras, estamos há cinco anos fora de nossas instalações. O IE é uma escola com a característica de receber estudantes de diversas partes da cidade e da Região Metropolitana, passou por diversos governos e ideologias, carregando um corpo de professores qualificados e os desejos das diversas famílias que fazem parte da comunidade escolar." 

Alessandra salientou que é desejo da comunidade retornar para o prédio na avenida Oswaldo Aranha. Também que o espaço seja totalmente utilizado como uma escola pública, retomando a preocupação da comunidade com projetos que diminuam o espaço da escola dentro do prédio.

"Temos informações que, em nosso prédio, está previsto um espaço [que será] destinado a implantação de museus e um Centro de Educação Mediado por Tecnologias. A escola não se opõe à criação desses espaços, mas seria mais pertinente que fossem estabelecidos em outro local, pois temos o desejo que nosso prédio fosse entregue, novamente, somente como uma escola pública de qualidade."

Afirmou também que o atual número de alunos matriculados impede que se tenha mais recursos para a manutenção da escola, fato que leva a comunidade escolar a pretender aumentar o número de estudantes após o retorno ao prédio original. Afirma também que a queda no número de matrículas se deu, justamente, pelo transtorno causado pelas obras.

Projeto do governo pode retirar quase todo espaço da escola

Maria da Graça Morales, presidenta da Comissão de Restauro, recordou o caminho até a elaboração do projeto que inicialmente foi tocado. Explicou que a Comissão começou seus trabalhos em 2011, antes do atual projeto, para construir uma proposta. A partir desse momento, diante da magnitude do prédio, se conseguiu juntamente com a Secretaria de Educação a realização de uma obra de restauro, não apenas uma reforma.

Relatou que a partir desse momento se contratou um projeto mais elaborado, tendo a Comissão de Restauro sido oficialmente designada para acompanhar a execução da obra. Recordou também que o projeto foi desenvolvido a partir da escuta da comunidade e das áreas de ensino, que desenharam suas necessidades pedagógicas em parceria com a Secretaria de Obras.

"Durante todos esses anos, a escola foi projetada para ser aquilo que ela já era, junto das novas tecnologias. Com a redução de espaço devido às obras, a comunidade escolar foi reduzida, justamente por causa das obras. Mas nós almejamos muito mais e temos o compromisso com toda a população que tinha o espaço anteriormente e o perdeu devido à obra", afirmou.

Reforçou ainda que o motivo principal da coletiva se deve ao fato do anúncio da retomada da obra acontecer com uma fala do governador, como se a escola não existisse, como se estivesse em execução um projeto novo para um local que não tinha nada dentro. Nesse sentido, relata que os projetos do governo para o prédio retirariam quase todo o espaço da escola.

"O governador disse que quer que o IE seja um farol da educação. Nós queremos que seja um ímã, que atrai cada vez mais estudantes", reforça a presidente da Comissão de Restauro, em referência ao desejo da comunidade escolar de que o prédio seja restaurado e novamente entregue à comunidade.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

Edição: Marcelo Ferreira