Rio Grande do Sul

DIREITOS HUMANOS

Ato pede liberdade para Assange em frente ao Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre

Manifestação faz parte do Dia Internacional de Mobilizações para Liberdade do fundador do Wikileaks

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Movimentos sociais e sindicais realizaram o protesto na capital gaúcha contra a prisão e extradição de Julian Assange - Foto: Maiara Rauber

Movimentos sociais e sindicais realizaram um ato pela liberdade do jornalista Julian Assange em frente ao Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira (25). Com cartazes e faixas, os manifestantes protestaram contra a prisão do fundador do Wikileaks, por ter tornado público documentos que comprovam violações à democracia, aos direitos humanos e à soberania cometidas pelos Estados Unidos contra diversas nações.

Assange é perseguido politicamente há mais de 12 anos e foi detido em 2019, na embaixada do Equador em Londres, onde estava asilado, após o governo equatoriano revogar o asilo. O ativista está preso em uma penitenciária de segurança máxima, na capital britânica, e os Estados Unidos pedem sua extradição.

A manifestação faz parte do Dia Internacional de Mobilizações para Liberdade de Assange, que contou com protestos em seis capitais brasileiras em frente as embaixadas dos Estados Unidos e do Reino Unido. Ao redor do mundo, ativistas protestaram em cidades de países como Argentina, Colômbia, México, Estados Unidos, África do Sul e Índia.

O Levante Popular da Juventude foi responsável pela batucada entre as falas ao microfone, e por uma intervenção que representou o sangue derramado pelo imperialismo estadunidense ao redor do mundo. “Estivemos em frente ao consulado norte-americano para afirmar que os EUA é o inimigo número um dos Direitos Humanos, da democracia, da soberania dos povos e da paz mundial”, afirmou Lucas Gertz, militante do Levante e diretor de Relações Internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Ele lembrou que Cuba, Venezuela, Honduras, Bolívia, Argentina, Afeganistão, Iraque e tantos outros países sofreram ou sofrem intervenções. “Seja através de golpes coloridos ou invasões militares, a única certeza que temos é que somos sempre um alvo em potencial. Precisamos nos manter sempre atentos e atentas”, avaliou.

Outra entidade que vem denunciando a perseguição ao criador do Wikileaks, tendo inclusive lançado uma série sobre o tema, é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Militante do movimento, Vanessa Ribeiro também afirmou que Assange nos dias atuais representa uma luta contra o imperialismo. “Assange está há anos afastado dos seus familiares, dos seus entes queridos, ficou muito tempo no asilo e agora está na prisão porque ousou lutar e denunciar o imperialiamo estadunidense”, criticou.


Intervenção realizada durante a manifestação / Foto: Maiara Rauber

A presidenta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors), Vera Daisy Barcellos, também representando a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), esteve presente em defesa da liberdade de imprensa. “Sem ela não existe uma comunicação livre e que possa transformar as vidas. E disso que estamos falando”, disse.

Vera Daisy destacou que muitos jornalistas brasileiros também estão morrendo “atacados pela força do imperialismo, pelo capitalismo” e pediu “a urgente liberdade para Juliam Assange”. Lembrou ainda que os Estados Unidos estão desencadeando um processo de guerra na Europa.

Ricardo José Haesbaert, da Associação Cultural José Martí, ressaltou que Assange “teve a coragem de desnudar arquivos que os EUA tornaram secretos de todos os crimes que cometem mundo afora aos povos que lutam por sua libertação".

“Resolvemos fazer o ato nesse consulado porque ele representa os interesses dos Estados Unidos, que quer a extradição. Mesmo sem processo penal, sem processo civil, ele está sendo condenado por 346 anos pelos EUA”, criticou. “É a forma que os EUA tentam impedir que os jornalistas tenham a sua liberdade de exercício da profissão”, completou.

O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Amarildo Cenci, lembrou que o mundo cada vez mais é solidário contra a perseguição sofrida por Assange. “Se trata de uma perseguição a uma pessoa que denuncia aquilo que tem de mais nefasto, maldoso e hipócrita que é essa postura estadunidense, aquilo que ele faz contra a soberania das nações contra a verdadeira liberdade e luta por democracia, por um mundo mais humano e justo.”

Ele entende que não interessa ao império que o mudo seja soberano e sustentável. “Assange é resistência, Assange somos nós, é o povo do mundo inteiro que quer liberdade, democracia, justiça soberania a acima de tudo valores humanos acima da violência e acima da exploração”, completou Amarildo.

A deputada estadual Sofia Cavedon (PT) também prestou solidariedade ao jornalista preso. “É um ato estratégico, no período de uma nova guerra entre impérios e interesse sobre petróleo e soberania”, disse, lembrando que o Wikileaks relevou espionagens dos Estados Unidos ao Brasil nos governos de Lula e Dilma, para saber dos negócios na Petrobras.

Ao final do ato, foi feita a leitura de trechos da carta “Julian Assange não deve ser extraditado, Julian Assange deve ser libertado!”, da Assembleia Internacional dos Povos (AIP). O documento será enviado às autoridades diplomáticas do Reino Unido e dos EUA para pressioná-las pela libertação de Assange.


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Edição: Marcelo Ferreira