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Agroecologia

No Ceará, Jornada Universitária lança o dicionário “Agroecologia e Educação”

O dicionário “Agroecologia e Educação” reúne 106 verbetes elaborados por 169 autores de diversas instituições.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
O dicionário "Agroecologia e Educação” custa R$ 80 e pode ser adquirido no site da Expressão Popular, na loja Ernesto e Rosa e no Centro de Formação, Capitação e Pesquisa Frei Humberto - Foto: Aline Oliveira

Na noite de quarta-feira (06), a Jornada Universitária em Defesa em Reforma Agrária do Ceará lançou o dicionário “Agroecologia e Educação”. O evento aconteceu no Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará e contou com a presença de professores, estudantes, pesquisadores, militantes de movimentos populares e a turma do encontro “Educação e Agroecologia nas escolas do campo de territórios de Reforma Agrária” que teve início na manhã de quarta-feira.

Reunindo 106 verbetes elaborados por 169 autores de diversas instituições, o Dicionário de Agroecologia e Educação é uma coletânea construída por pesquisadores de universidades públicas, institutos federais de educação, movimentos populares, institutos de pesquisa – e com representação de autores do Brasil, Argentina, Guatemala e México.

O evento que inaugura a programação da IX Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) contou com a presença das organizadoras do Dicionário Anakeila Barros e Maria Cristina Vargas, coautoras e organizadoras do dicionário; Fernando Carneiro, professor da Fiocruz Ceará; André Vasconcelos, do GT Política Agrária, Urbana e Ambiental da ADUFC, sob coordenação de Gema Esmeraldo, do Coletivo da Jura-Ceará.

Cristina Vargas, coautora e organizadora do dicionário e integrante do setor de Educação do MST destaca. “Nós, coletivamente, temos a responsabilidade de colocar em prática e usá-lo como uma ferramenta de luta. Esse dicionário é pautado numa responsabilidade política com a classe trabalhadora”. 

Cristina explica que os desafios são grandes e que é preciso construir um processo de compreensão sobre a soberania, sobre a soberania alimentar, soberania hídrica, sobre a soberania energética. “A gente precisa construir a perspectiva disso, estabelecer e construir a possibilidade de estabelecer relações cotidianas humanas, verdadeiras a partir do que faz a gente produzir a vida também, essa relação que o capitalismo rompeu, esse rompimento metabólico que o capitalismo impôs sobre nós, seres humanos e a natureza. A gente precisa recuperar”.

“Outro desafio é a construção do conhecimento e a possibilidade de tornar pensante a nossa forma de lutar, a nossa forma de produzir, isso não é pouca coisa, é importante para nos fazer entender em que lugar que esse dicionário pode contribuir com a gente, não queremos uma relação mecânica, a gente quer pensar sobre o nosso ato de comer, nosso ato de produzir, queremos que a cidade e o campo não precisem se tornar lugares diferentes nessa perspectiva da relação com a natureza”, finaliza Cristina.

Para Fernando Carneiro, professor da Fiocruz Ceará, “Esse livro é um instrumento de luta cotidiano. Esse verbete nasce da luta dos movimentos e da sua identidade. Acredito que o maior desafio pedagógico, tem agora que fazer na sequência, não pode ser um livro usado somente pelos acadêmicos, formados, mas que possa ser estudado, interpretado por diversos sujeitos, seja uma ecologia de saberes, um diálogo de conhecimento científico e popular para nós lutar melhor pela vida”, afirma 

O dicionário "Agroecologia e Educação” custa R$ 80 e pode ser adquirido no site da Expressão Popular, editora pela qual o livro foi lançado, na loja Ernesto e Rosa, localizado na Av. Monsenhor Tabosa, 1069 no Centro de Fortaleza e no Centro de Formação, Capitação e Pesquisa Frei Humberto na rua Paulo Firmeza, 445, São João do Tauape.

Contexto da JURA

A jornada nasceu visando aproximar a universidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e teve início neste mês em alusão ao Abril Vermelho. A ação coloca em evidência a data do massacre de Eldorado dos Carajás, 17 de abril de 1996, quando 21 camponeses foram assassinados. A proposta é não deixar o tema ser esquecido e pautar debates sobre Reforma Agrária e violência do campo.

Esse ano, a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária tem como tema “Reforma Agrária e o Projeto Popular” e segue durante todo mês de abril em todo país. No Ceará acontece a JURA acontece na Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Vale do Acaraú (UVA), Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM) e alguns Institutos Federais.

Edição: Francisco Barbosa