EM SÃO PAULO

"Meu compromisso é com o pobre", diz Lula em evento com mulheres pelo direito à alimentação

Brasileiras representam 51,9% da população em situação de insegurança alimentar no país

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Durante evento de Lula com mulheres pelo direito à alimentação foram comparados produtos que poderiam ser comprados com R$ 100 em 2010 e em 2022 - Ricardo Stuckert

Neste sábado (30), o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva participou de um encontro de mulheres pelo direito à alimentação em Brasilândia, zona norte de São Paulo. O evento reuniu mulheres de comunidades de Brasilândia, Perus, Pirituba e Anhanguera para discutir o cenário de fome no país junto a lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT). 

Em 2021, 55,2% dos lares brasileiros vivenciavam um cenário de insegurança alimentar, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Além disso, 19 milhões de brasileiros passam fome, o que representa 9% da população e coloca novamente o Brasil no mapa da fome das Nações Unidas.

Desde 2014, país caiu do 36º para o 80º lugar em ranking internacional de fome. 

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"Só tem uma razão para eu voltar a ser candidato à Presidência da República: recuperar a dignidade do povo brasileiro. Meu compromisso não é com o fazendeiro, meu compromisso é com o povo pobre do Brasil", afirmou o petista, que também prometeu governar com um "orçamento de baixo para cima".

"A cara da fome no Brasil é a cara das mulheres", disse a socióloga e companheira de Lula, Rosângela da Silva, Janja, na abertura do evento. 

No caso de insegurança alimentar grave as famílias comandadas por mulheres são maioria 51,9%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2018,

Para representar o impacto da inflação, durante o ato foram mostrados dois carrinhos de supermercado com os produtos que poderiam ser adquiridos com R$ 100, em 2010, ao final do segundo mandato de Lula, em comparação com 2022.

"Somos o terceiro maior produtor de alimentos do mundo. Não há explicação para existir fome no Brasil. Esse país é rico, é muito grande. Não tinha porque a gente estar aqui discutindo cesta básica. Esse era o mínimo que a gente tinha que ter", disse Lula da Silva.

O índice nacional de preços ao consumidor (IPCA 15) de abril subiu 1,73%, sendo o maior dos últimos 27 anos. A inflação acumulada de 2022 foi de 12,03%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Oito dos nove grupos de produtos e serviços analisados tiveram alta em abril. A maior variação 3,43% foi no setor de transportes, seguido de alimentação e bebidas, com alta de 2,25% Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 70% do IPCA-15 em abril. 

"Metade da inflação é responsabilidade do governo, porque está ligada ao preço do combustível. Como pode o gás custar 10% do salário mínimo? O gás deveria fazer parte da cesta básica", defendeu Lula.

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Cerca de 28% dos brasileiros afirmam não ter renda suficiente para comprar alimentos mensalmente, apontou um levantamento do Gallup World Poll. 

"São as mulheres que enfrentam a crise. Primeiro porque são as primeiras desempregadas, segundo porque são as primeiras a ter diminuição da renda, terceiro porque são a maioria em emprego informal", disse a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann.

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"A campanha de 2022 será vitoriosa pelas mãos das mulheres. Vamos tirar Bolsonaro de lá e exigir respeito", acrescentou. 

"O nosso voto é um ato revolucionário. Se votamos, decidimos", reiterou Lula.

O candidato ao governo do estado de São Paulo, Fernando Haddad também esteve presente no evento. 

Segundo a última pesquisa de opinião de abril, realizada pelo PoderData, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 41% das intenções de voto para o 1º turno das eleições de 2022, enquanto o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 36%.
 

Edição: Douglas Matos