Rio Grande do Sul

A CONTA JÁ FOI PAGA

Artigo | Alerta aos gaúchos: não podemos aceitar o Regime de Recuperação Fiscal

Precisamos dizer não a essa política de morte, projetada para proteger bancos e herdeiros às custas do trabalhador

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Para piorar a situação, a Assembleia pode votar um projeto que altera o congelamento dos investimentos no Teto de Gastos de três para 10 anos - Foto: Galileu Oldenburg/Agência ALRS

Vendido com um viés de salvação pelo ex-governador Eduardo Leite (PSDB), na prática, o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) condenará as futuras gerações à miséria.

Desde a intenção do governo ter vindo a público, o CPERS vem alertando que o RRF prevê a suspensão temporária e parcelamento do pagamento da dívida do Estado com a União, mas sem nenhum tipo de desconto de juros ou correção monetária.

Em troca, o Rio Grande do Sul se compromete a adotar um Plano de Recuperação Fiscal, contendo medidas de arrocho de despesas que limitarão sua capacidade de entregar serviços à população.

Em nota, divulgada pelo Movimento da Auditoria Cidadã da Dívida Pública e o CEAPE-Sindicato, são apresentados cálculos efetuados pela Secretaria da Fazenda que revelam que o Estado contratou com a União, em 1998, o valor R$ 9,56 bilhões. Destes, já foram pagos R$ 37,11 bilhões e, em  dezembro de 2021, ainda deviam R$ 73,72 bilhões. Ou seja, a conta está paga!

Para piorar a situação, nesta terça-feira (3), a Assembleia Legislativa pode votar o PLC 48/2022, que altera o congelamento dos investimentos previsto na Lei do Teto de Gastos de três para 10 anos. A alteração, que acontece sorrateiramente e sem debate com a população, não constava no projeto original aprovado pelos deputados(as) e as comissões da Assembleia.

O Teto de Gastos autoriza o congelamento de investimentos em educação, segurança, saúde, assistência e todas as demais áreas de atuação do poder público, condenando o RS ao subdesenvolvimento até 2031.

O RRF, se aprovado, consiste, na prática, na proibição de realização de concurso público e de contratação de pessoal, o que implicará, a longo prazo, na impossibilidade de atender a demanda da população de maneira correta, além da sobrecarga de trabalho dos servidores.

Soma-se a isso, além da revisão geral, o fato de que esses mesmos servidores sobrecarregados não poderão ter reajuste salarial e nem melhoria nas suas respectivas carreiras, o que pode levar ao aumento da saída de trabalhadores e um colapso dos sistemas de serviço público.

Precisamos dizer não a essa política de morte, projetada para proteger bancos e herdeiros às custas do trabalhador. Sociedade, servidores e educadores precisam enfrentar esses governos neoliberais no plano eleitoral. Essa é a única saída!

* Professora do estado do Rio Grande do Sul por mais de 30 anos e atual presidenta do CPERS Sindicato

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Marcelo Ferreira