Rio Grande do Sul

Debate Fiscal

Projeto que impõe "teto de gastos" de 10 anos ao RS é aprovado na Assembleia Legislativa

Aprovação do PLC 48/2022 era necessária para efetivar adesão do RS ao Regime de Recuperação Fiscal

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Deputados gaúchs aprovaram o projeto do Executivo estadual por 32 votos favoráveis e 13 contrários - Reprodução

Foi aprovado pela Assembleia Legislativa do RS o Projeto de Lei Complementar 48 de 2022 (PLC 48/22), na tarde desta terça-feira (17). O texto, autoria do poder Executivo, altera a Lei Complementar nº 15.756/2021, estabelecendo limites dos gastos públicos para o estado do RS pelos próximos dez anos, criando o chamado "teto de gastos" estadual. Foram 32 votos favoráveis e 13 contrários, com abstenção dos quatro votos da bancada PL.

A partir deste momento, o estado não poderá aumentar seus gastos pelo referido período, somente reajustar os valores pelos índices de inflação. O projeto vinha sendo criticado justamente pelo impedimento de novos investimentos, bem como pela "amarra" que deixa de legado aos próximos governos.

A aprovação era um passo necessário para efetivar a adesão do RS ao Regime de Recuperação Fiscal, a fim de reestruturar o pagamento da dívida do estado com a União. Entre as críticas, há a argumentação de que a dívida já estaria paga, após sucessivas renegociações e pagamentos de juros.

:: Entenda as críticas ao Regime de Recuperação Fiscal do RS ::

Por outro lado, a bancada governista defendia que o estado não pode gastar mais do que arrecada. Conforme o deputado Gabriel Souza (MDB), o governo encampa gastos excessivos, sendo necessário, portanto, uma política de responsabilidade fiscal para efetivar o pagamento da dívida do estado com a União.

Manifestações favoráveis, contrárias e dúbias

Contrária à aprovação, a deputada Sofia Cavedon (PT) criticou o projeto, afirmando que ele irá comprometer os próximos dez anos da vida dos gaúchos. Criticou também que os investimentos públicos, inicialmente, constavam fora do limite de gastos, sendo posteriormente retirados e congelados para a próxima década.

"Os feitos deste governo comprometem severamente o presente e o futuro, empurrando para os próximos governos demandas que estão represadas agora, esta sendo a principal 'maldade' de um teto de gastos", afirmou a deputada.

Já o deputado Fabio Ostermann (Novo), favorável ao projeto, afirmou que o atual patamar da dívida do estado é fruto da irresponsabilidade fiscal de décadas passadas. Disse também que o acordo firmando pelo estado em 1998 foi benéfico para o RS, pois, na época, era necessário rolar a dívida diariamente. Argumentou que após o acordo a dívida seguiu acumulando, mas crescendo menos.

"O RS não fez sua lição de casa cortando gastos. A conta não fecha. A dívida do estado não está paga, este raciocínio é uma ilusão, uma suposta 'bala de prata'", disse Ostermann, reafirmando que a proposta do Regime de Recuperação Fiscal deve solucionar um problema crônico do estado.

A bancada dos quatro deputados do Partido Liberal (PL) se absteve da votação. Em seu nome, o deputado Rodrigo Lorenzoni afirmou ser a favor do chamado teto de gastos e da política de responsabilidade fiscal. Porém, disse que o partido é contrário aos termos do projeto que foi colocado em discussão, por falta de transparência e por instituir uma comissão externa de avaliação ao RS, dentre outros motivos. Por isso, não votaria a favor do PLC, mas pediu mais discussão do projeto.


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Edição: Marcelo Ferreira