Rio Grande do Sul

Inverno Solidário

Com a chegada do frio no RS, movimentos sociais organizam campanhas de solidariedade

Ações do MTST e do Levante Popular da Juventude começaram nesta semana em que o frio chegou com força no estado

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Movimentos sociais se articulam para atender pessoas em situação de rua e comunidades vulneráveis - Foto: Isabelle Rieger

Faltando pouco mais de um mês para a chegada oficial do inverno e por conta da frente fria que já chegou no Rio Grande do Sul, movimentos sociais preparam ações para atender pessoas em situação de rua e comunidades vulneráveis. Entre as entidades que já estão se mobilizando está o Levante Popular da Juventude, que promove uma ação neste domingo (22) em Viamão (RS), e o Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), que está arrecadando cobertas, roupas quentinhas e alimentos para serem distribuídos a quem mais precisa em Porto Alegre.

Nesta quinta-feira (19), os termômetros na capital marcam uma temperatura variável entre 9ºC a e 15ºC, com uma sensação térmica mais baixa, devido a brisa que sopra. Nesta segunda-feira (16) Porto Alegre teve seu dia mais frio de 2022, com a mínima de 9,7°C.

Conforme explica um dos coordenadores do MTST, Eduardo Osório, a campanha de agasalho promovida pelo movimento foi antecipada, por conta do frio que chegou à capital gaúcha no início desta semana. "Ano passado fizemos uma campanha do inverno solidário onde conseguimos arrecadar milhares de peças de roupas, cobertas, roupas de cama, sapatos. Quando baixou a temperatura bruscamente, com a ameaça do ciclone, a gente decidiu antecipar o lançamento da campanha e fazer uma ação emergencial para tentar mitigar os impactos", relata.

Eduardo destaca que, a partir de doações que já chegaram, nesta terça e quarta já foi possível mobilizar os apoiadores da Cozinha Solidária do MTST na cidade e fazer a distribuição de agasalhos, cobertas e roupas. 

A ameaça de ciclone nesta semana levou muitos estabelecimentos a fechar, por orientação da prefeitura de Porto Alegre, nesta quarta-feira (18). Segundo o coordenador do MTST, essa situação deixou muita gente sem saber onde ir. “O espaço de acolhimento como o (ginásio) Tesourinha, como o Gigantinho, foi determinado que fosse aberto do meio da tarde em diante. A prefeitura poderia ter feito e não fez. Então nós dos movimentos sociais mobilizamos as nossas redes, tomamos uma medida drástica, de emergência, quando baixou a temperatura e teve a ameaça do ciclone", afirma.

"A Cozinha Solidária funcionou todos os dias. Lá na ocupação Povo Sem Medo, durante a noite que estava se avizinhando o ciclone, a cozinha comunitária já estava funcionando para dar conta de fazer a distribuição de agasalho para quem precisasse. E também colocando o espaço as famílias que precisassem de acolhimento", completa.

Para Eduardo, há um total descaso de política pública de moradia e de combate a fome, visto que todos os anos o inverno é rigoroso no estado. “A prefeitura e o governo do estado deveriam ter uma estrutura muito mais organizada, antecipando essas situações. Não tendo, a sociedade civil e os movimentos sociais acabam cumprindo esse papel, com todas as dificuldades e falta de estrutura”, desabafa, cobrando do poder público, municipal e estadual, políticas públicas efetivas e não somente pontuais.

“Responder às demandas concretas da vida do povo”

O Levante da Juventude promove, neste domingo (22), durante o encerramento do Seminário Estadual da Frente Territorial, uma arrecadação de agasalhos para os moradores do Bairro Cecília, em Viamão. A ação acontecerá na Praça Magnólia.

“A nossa proposta é que essa atividade seja ponto de referência para a arrecadação de agasalhos para a comunidade", afirma o integrante do Levante Eduino Jahns do Nascimento, conhecido como Bilo. Segundo ele, a ação vai contar ainda com atividades culturais, de recreação para crianças e de saúde. "Propomos a apresentar o Levante Popular da Juventude como ferramenta de organização política para a juventude, pretendemos ser o fermento das massas que estão nas periferias sofrendo com a crise econômica, política, social e sanitária”, explica.

Conforme explica Bilo, o Levante tem uma campanha permanente de arrecadação. Ele enfatiza que o objetivo das ações é responder às demandas concretas da vida do povo, assim como colocar para a juventude a perspectiva de que apenas com organização coletiva e luta é que se construirá um projeto popular para o Brasil.

“Nossa proposta é trabalhar a solidariedade não apenas como campanha ou evento, é constituir uma rede ampla e permanente de solidariedade, pois a situação que o Brasil se encontra é de calamidade pública e de intensificação das desigualdades sociais. Com a chegada das grandes ondas de frio e chuva, é de suma importância constituirmos essa rede para garantirmos segurança para as famílias em situação de risco e vulnerabilidade social”, expõe.

Como contribuir com as campanhas 

A campanha do MTST está com ponto fixo de arrecadação de roupas de segunda a sexta-feira na Cozinha Solidária da Azenha, localizada na rua Marcílio Dias, 1463, bairro Azenha, Porto Alegre. Também é possível fazer a doação via pix: [email protected].

A campanha do Levante está recebendo doações de agasalhos e os interessados em contribuir devem contatar através do Instagram @levantedajuventuders. Há também a opção de doações pelo pix: [email protected].


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Edição: Marcelo Ferreira