Rio Grande do Sul

Debate e Pensamento

Para Celso Amorim, recuperação da política externa brasileira depende de derrota de Bolsonaro

Para o ex-ministro, se Lula for eleito presidente, o país voltará a ter diálogo e importância nas decisões do mundo

Em entrevista à RED, Amorim ressaltou que com Bolsonaro o país se omitiu ou atuou no sentido contrário a muitas questões internacionais importantes - Wilson Dias /Agência Brasil

O diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim, analisou as ações diplomáticas do atual governo e as medidas para recuperação do prestígio internacional do Brasil, em entrevista exclusiva ao programa Espaço Plural da Rede Estação Democracia nesta quarta-feira (25). Para ele, o Brasil hoje está muito isolado em suas relações internacionais e a recuperação da política externa depende de uma consistente derrota de Bolsonaro nas eleições.

Celso Amorim trabalhou nos governos de Itamar Franco, Lula e Dilma Rousseff, desempenhando importantes atuações nas políticas externas brasileiras, como o início das negociações de comércio estratégico com a China, ainda na década de 90. Ele lembra que o país havia alcançado grande destaque nas decisões mundiais, onde na época o presidente Lula era consultado para decisões importantes, como pelos Estados Unidos sobre o programa nuclear Iraniano ou pela Europa sobre programas sociais.

“Hoje parece que não é com ele (...) ninguém pede nada”, comenta o ex-ministro sobre os posicionamentos do atual presidente acerca dos conflitos e da consulta por parte de outros países.

O diplomata ainda lembra que nesta gestão o Brasil se omitiu ou atuou no sentido contrário a muitas questões internacionais importantes. Exemplo disso são temas como condições climáticas ou racismo, como quando países africanos propuseram investigação sobre a morte de um afrodescendente norte americano e o Brasil foi um dos países que criou dificuldades na investigação, esquecendo que a maioria da população brasileira é afrodescendente.

Recuperação

Amorim acredita que, se a nova eleição do ex-presidente Lula se confirmar, o Brasil voltará a ter abertura para diálogo e importância nas decisões do mundo. Ele destaca o legado e a história de Lula na condução dessas relações por dois mandatos, o prestígio mantido mesmo fora do governo, como quando no ano passado foi recebido na França com protocolos de chefe de estado para ser ouvido acerca de temas importantes, como o cuidado de não cair numa nova guerra fria.

Porém, o ex-ministro também avalia que burocraticamente ainda haverá desconfiança, já que nas últimas votações e posicionamentos o Brasil se colocou de formas contraditórias, assim como quando Biden assumiu nos EUA e a Europa ficou com o pé atrás com a possibilidade de Trump voltar um dia.

“É importante não só ganhar, mas ganhar bem, pra ter uma vitória que mostre que Bolsonaro e o bolsonarismo foram um ponto fora da curva no Brasil”, pois uma coisa seria a perda de prestígio por más condutas, e outra é a figura de Bolsonaro com um líder da extrema direita no mundo, pondera Amorim.

Guerra Rússia x Ucrânia

O diplomata ainda analisou através de dados históricos a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Para ele, qualquer guerra é o fracasso da diplomacia, e a Rússia errou juridicamente ao ultrapassar a linha de utilizar a força, acordo entre os países na ONU. Porém, disse que se for analisar as causas mais profundas, o ocidente não está isento de responsabilidade, uma vez que a expansão da Otan sempre foi um ponto vulnerável para conflitos.

Celso Amorim ainda comenta a nova ordem mundial causada pela trajetória de ultrapassagem dos Estados Unidos pela China como maior potência econômica e seus impactos na geopolítica internacional. Para conferir os detalhes da fala de Amorim, você pode acessar a hora que desejar os canais da Rede Estação Democracia, através do Facebook ou do YouTube.

Assista à entrevista na íntegra:


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Edição: Rede Estação Democracia e Marcelo Ferreira