Rio Grande do Sul

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Lula e Alckmin ouvem lideranças de cooperativas gaúchas

Em mais uma atividade em Porto Alegre, eles disseram que o cooperativismo pode ser uma forma de enfrentar a crise

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Lula ouve e fala a lideranças de cooperativas gaúchas - Carolina Lima

"Deveremos colocar o cooperativismo na ordem do dia para ajudar a resolver o problema de milhões de brasileiros e brasileiras que estão desalentados", afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma plateia reunida no hotel Plaza São Rafael, no centro da capital gaúcha. O pré-candidato a presidente do Partido dos Trabalhadores e seu colega de chapa na condição de vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), reuniram-se na manhã desta quinta-feira (2) com lideranças e representantes de cerca de 80 cooperativas e federações do Rio Grande do Sul para ouvir as propostas do setor para seu programa de governo.

Tanto Lula como Alckmin mostraram-se interessados no movimento cooperativista e afirmaram ser uma forma de enfrentar a crise econômica criada nos últimos seis anos no Brasil. Alckmin lembrou que é um médico cooperado, associado a Unimed, e seu pai e seu tio participaram de cooperativas de produção. O ex-governador paulista saudou o ex-vice-governador do RS Vicente Bogo (ex-PSDB e atualmente no PSB), que estava presente na reunião. Já Lula lembrou de sua experiência com a cooperativa de metalúrgicos criada em São Bernardo quando a fabrica em que ele trabalhava quebrou dispensando cerca de 7 mil trabalhadores. “Trezentos companheiros resolveram criar uma cooperativa e ela está funcionando até hoje”, disse.

Segundo o ex-presidente, a autogestão dos trabalhadores pode ser a forma de solução para o grave problema de desemprego pelo qual passa o país. Explicou que as vezes é difícil as pessoas apreenderem a trabalhar numa cooperativa. “Quando repartimos as sobras da cooperativa é bom, mas quando temos que dividir os prejuízos nem sempre é fácil”, afirmou. "Mas as cooperativas podem fazer com que as pessoas tenham a mesma formação, o mesmo crédito para que todos possam ter a mesma capacidade de produzir o mais eficientemente possível”, completou.

Lula lembrou ainda que o mundo do trabalho está mudando e que os aplicativos estão tomando conta. Disse que no mundo inteiro quem fica atualmente com a maior parte da riqueza produzida são os criadores de aplicativos. Como solução ele citou o exemplo da prefeitura de Araraquara, no interior de São Paulo, onde o prefeito Edinho Silva (PT) está criando empresas de aplicativo para que 90% do dinheiro gerado fique com os entregadores. “Eles pagam apenas 10% como taxa de administração”, afirmou explicando que é exatamente o contrário do que acontece com os aplicativos existentes no mercado.

Para ele, quando não se tem capacidade de escolher porque não existe mercado, “temos que inventar”. Ele afirmou que esta pode ser a hora de se repensar o cooperativismo e fortalecer o movimento. “Temos que mostrar as coisas positivas que acontecem”. Neste momento, o Estado tem que ter o papel de um pai que olha o filho trabalhando fora e “fica observando e pronto para ajudar quando aparecer um problema”, explicou o ex-presidente.

Lula foi o último a falar na reunião e iniciou dizendo que, depois de ouvir as falas anteriores, dos diversos setores de cooperativas de trabalhadores, a reunião poderia terminar, pois o objetivo dele e de Alckmin era o de ouvir e apreender.

Ex-ministro fala sobre políticas públicas

O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, foi o primeiro orador da manhã. Ele lembrou da sua atuação no MDA nos dois governos de Lula e dos resultados alcançados com suas políticas públicas coerentes. Citou o Plano Safra da Agricultura Familiar em 2007, com credito, assistência técnica, seguro agrícola e programas de comercialização. "Hoje não se pode mais comprar carne ou outros alimentos e a culpa é colocada sobre a guerra da Ucrânia", criticou.


Ex-ministro Guilherme Cassel lembra programas de governo de Lula / Foto: Carolina Lima

Cassel disse ainda que, em 2008, durante uma a crise ainda maior do que a atual, Lula o chamou e pediu um programa que garantisse comida na mesa, e que não houvesse desemprego na indústria. "O Mais Alimento foi um programa que fez com que colocássemos mais de 2 mil tratores na agricultura. Era um programa que o agricultor(a) comprava um trator com dois por cento de juros ao ano e tinha dez anos de prazo para pagar. Conseguimos triplicar a produção e durante toda a crise não houve falta de alimentos ou inflação nos alimentos. E ainda garantimos o emprego, na indústria”, concluiu.

Ainda falaram, apresentando seus projetos, a representante da Unisol (Central de Cooperativas e Empreendimentos solidários), Nelsa Nespolo; José Zordan, representando a Federação das Cooperativas e Energia e Telefonia (Fecoergs); Adelar Pretto, representando a Central de Cooperativas de Assentados da Reforma Agrária (Coceargs); Élvio Marciolo da Federação das Cooperativas Vinícolas; Cristiano Schumacker, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia; Maria Cardoso, pela Associação dos Catadores Amigos da Natureza; e Gervásio Plucinski, da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar (UNICAFES).

Cada um dos setores entregou um documento com suas reivindicações ao ex-presidente e ofereceu brindes produzidos pelos seus associados. A reunião terminou no início da tarde, quando a comitiva foi almoçar, para depois, no mesmo local, reunir-se com as lideranças do setor cultural.


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Edição: Marcelo Ferreira