Rio Grande do Sul

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A eleição das nossas vidas

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"A passagem de Lula pelo Rio Grande do Sul esta semana, a participação e entusiasmo da militância, confirmaram que esta é, será, definitivamente, a eleição das nossas vidas" - Foto: Ricardo Stuckert
O futuro do Brasil, da sua soberania e democracia, do povo, estão em jogo como nunca estiveram antes

Participo/participei diretamente de todas as eleições brasileiras desde 1978, seja como membro da coordenação de campanha, seja como candidato (Em 1978, morando na Lomba do Pinheiro, periferia de Porto Alegre e Viamão, eu frade franciscano, apoiei pela primeira vez publicamente um candidato do MDB autêntico, o então padre Roque Steffen. Depois, até hoje, só eleições do PT, inclusive como candidato já em 1982, há exatos 40 anos).

Perdi e ganhei eleições. Acho até que mais ganhei que perdi, ao longo destas mais de quatro décadas. Com esta história e experiência, arrisco dizer que esta eleição de 2022 é a eleição das nossas vidas. É a mais importante de todas desde a redemocratização, a mais fundamental e a mais difícil. O quadro político, econômico, social, cultural, ambiental é o mais complexo desde os anos 1980, talvez só comparável, em alguns aspectos, com o tempo da ditadura. Mas então não havia eleições diretas para presidente.

A fome está à porta, como talvez nunca tenha acontecido antes, junto com o desemprego, a miséria, a população em situação de rua, com tudo que isso significa de dor, sofrimento e exclusão social.

O ódio, a intolerância, o preconceito, mais que nunca, fazem parte do cotidiano, chegando muitas vezes ao interior das famílias, que não conseguem dialogar entre seus membros, e das comunidades.

A política transformou-se muitas vezes em instrumento de discórdia, em vez de contribuir para o bem comum, de ser serviço, de ser ternura ou caridade máxima, como anuncia e profetiza o Papa Francisco em sua Encíclica Fratelli Tutti.

A quatro meses da eleição, comprovando todas as incertezas sobre o que vai acontecer em 2 de outubro, há ainda, ineditamente, muitas indefinições sobre candidaturas e alianças eleitorais. Tampouco existem programas de governo públicos das diferentes candidaturas. Impossível, pois, fazer qualquer prognóstico mais definitivo de resultados eleitorais no início de junho de 2022.

A cada semana são publicadas pesquisas eleitorais. Mas qual seu grau de confiabilidade neste cenário e contexto? Muito pouco, nesta altura do campeonato. E ainda há o mundo subterrâneo das fake news, portanto das mentiras, do uso das redes virtuais e tudo que isso representa de formação de consciências e ‘verdades’.

E não se pode esquecer que há uma guerra em curso, com consequências ainda imprevisíveis para o mundo inteiro, inclusive na economia.

Nesta conjuntura complexa, ninguém pode ficar sem assumir posição pública sobre o processo eleitoral e sobre candidaturas. Ninguém pode ficar alheio. Nem cidadãs, cidadãos, igrejas, movimentos sociais e populares, ONGs, padres, pastores, bispos, religiosas e religiosas, jovens ou idosas/os: ninguém pode ficar alheio. Agora, até 2 de outubro, é mobilização total, é construir os Comitês Populares de Luta. E buscar a unidade do campo democrático-popular, para que possa ser vitorioso.

O futuro do Brasil, da sua soberania e democracia, portanto o futuro do povo brasileiro, estão em jogo como nunca estiveram antes. Todas as vozes, todas as mentes, todos os corações, sonhadoras e sonhadores, lutadoras e lutadores devem estar unidos para defender os direitos do povo trabalhador, para garantir a paz ante as armas milicianas e a violência do cotidiano, especialmente do povo mais pobre e sofrido.  

Por isso tudo, e felizmente, poucas vezes, nas últimas décadas, viu-se tanta unidade entre Centrais Sindicais, igrejas, forças populares, movimentos sociais, enfim entre todas aquelas e todos aqueles que ainda sonham e lutam por um Brasil com igualdade, com justiça social e com futuro. A passagem de Lula pelo Rio Grande do Sul esta semana, o entusiasmo da militância, milhares de pessoas presentes nas atividades de pré-campanha confirmaram que esta é, será, definitivamente, a eleição das nossas vidas.

Impossível imaginar a continuidade por mais quatro anos do atual governante presidente. Eventual vitória sua, com respaldo popular, levaria o país a uma situação de guerra total, de esmagamento de quem pensa diferente, e acabaria com qualquer projeto de nação com um povo com dignidade e com respeito no mundo. Neste caso, a eliminação política, ou até mesmo física, não poderia ser descartada.

Esta é, pois, a eleição das nossas vidas. Até 2 de outubro, ou até o final de outubro, se houver segundo turno, tudo mais é secundário: reuniões, articulações, outros compromissos políticos ou de militância. Prioridade máxima e absoluta é cada uma e cada um escolher seus candidatos e engajar-se no processo eleitoral e nas campanhas: de corpo e alma, coração e mente, manhã, tarde, noite, madrugada, sábados, domingos e feriados.

De porta em porta, casa por casa, em corpo a corpo jamais visto, conversar, conversar, conversar com as pessoas, sensibilizar, abrir os espíritos, conscientizar, convencer que esta é a eleição das nossas vidas. Para ter futuro, amanhã e esperança.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko