Rio Grande do Sul

Terceirização

Trabalhadoras terceirizadas da educação estadual não receberam vales transporte e alimentação

Funcionárias do setor da limpeza de escolas públicas realizaram um protesto nesta segunda-feira (6) na sede da Seduc

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Trabalhadoras terceirizadas tentam resolver impasse de recebimentos que estão atrasados de empresa que presta serviço para a Seduc - Reprodução

Trabalhadoras terceirizadas que atuam na limpeza de escolas da rede pública estadual realizaram um protesto durante a manhã e tarde desta segunda-feira (6). Realizado na sede da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), o grupo com cerca de 40 trabalhadoras reivindica o recebimento de vales transporte e alimentação que estão atrasados.

Conforme explicou Adriana da Cunha, representante do grupo, batizado de Associação Terceirizados Unidos, a empresa que presta serviços para a Seduc e terceiriza as trabalhadoras se chama GFG - Recursos Humanos.

Explica ainda que estes atrasos têm sido comuns desde o início do contrato. Neste momento, afirma que este é o terceiro mês consecutivo em que os valores não são pagos em dia. Ainda no mês de maio, a mesma empresa já havia sido alvo de protesto de trabalhadoras terceirizados, pelo mesmo motivo: além do pagamento de benefícios, também os salários estavam atrasados.

"Muitas [das trabalhadoras] estão tirando do próprio bolso. Algumas diretoras estão pagando o transporte, o que não é o correto", afirmou Adriana. Lembra que não são somente os trabalhadores que sofrem as consequências desses atrasos, mas toda a comunidade escolar que deixa de ter o serviço.


Trabalhadoras foram recebidas por diretor da Seduc, mas não tiveram retorno da empresa GFG / Reprodução

Aproximadamente às 10h, as trabalhadores estiveram na Seduc, em Porto Alegre, e fizeram um protesto dentro da sede, exigindo uma reunião para tratar das demandas. Durante o fechamento desta matéria, a representante do grupo informou que elas haviam sido recebidas por um diretor da Secretaria e que aguardavam o posicionamento da empresa e da secretária de Educação sobre os valores atrasados.

"O que eles [Seduc] nos alegam é que estão multando e notificando, mas não está surtindo efeito. Então, que eles tomem providências para modificar o contrato, para que isso não aconteça", afirmou a representante das trabalhadoras terceirizadas.

"Sequência de absurdos" e "falta de respeito"

Entre os relatos colhidos, a atuação da empresa foi descrita como uma "sequência de absurdos" e "uma falta de respeito".

Um depoimento que tivemos acesso de um diretor de uma escola da rede estadual afirmou que duas trabalhadoras dessa empresa foram disponibilizadas para sua escola. Uma ficou cerca de um mês e a outra cerca de dois meses. Ambas abandonaram o serviço pelos atrasos nos pagamentos de vales e salários.

"Eu tenho o contato da empresa, estou sempre ligando e não recebo retorno", afirmou o diretor que não quis identificar-se. Relatou ainda que, em contato com a Coordenadoria Regional de Educação foi informado de que a referida empresa já tinha "rompido o contrato" com o estado e que a situação já estava "na justiça". Além disso, na mesma oportunidade, foi informado que a escola ficaria sem trabalhadores terceirizados no momento.

Não é só na educação estadual que a GFG apresenta problemas para cumprir os contratos. Na cidade de Caxias do Sul (RS), por exemplo, a Secretaria Municipal da Educação abriu Procedimento Administrativo de Apuração de Irregularidade e Penalização contra a empresa, por não cumprir o disposto em contrato.

Trabalhadoras temem ficar sem receber

Conforme explicou a representante das trabalhadoras, existe a informação não confirmada de que a empresa estaria próxima da falência, o que trouxe ainda mais preocupação para o grupo, pois os salários deste mês ainda não foram pagos.

A reportagem do Brasil de Fato RS tentou entrar em contato com a GFG - Recursos Humanos, porém, o site da empresa encontra-se fora do ar. Além disso, solicitamos para Adriana da Cunha o contato da empresa, ao que nos foi respondido que esta "não está respondendo".

Em consulta ao Portal da Transparência do governo federal, foi possível identificar o telefone e endereço da empresa. Entrando em contato com o número de celular informado, através do Whatsapp, foi informado que aquele número não pertence mais ao responsável pela GFG, sendo informado outro contato. Este por sua vez, afirmou ser uma ex-funcionária.

Apesar da ausência de posicionamento por parte da empresa, os temores de que a GFG estaria perto de falir não parecem sustentar-se, pois a empresa segue se candidatando regularmente em licitações do governo federal.

Também foi questionada a Seduc, através da assessoria de comunicação social. Em resposta ao nosso questionamento, informou que os pagamentos à GFG ocorrem dentro dos prazos contratuais.

"Entretanto, devido ao atraso na entrega das documentações por parte da empresa no mês passado, o repasse ocorreu somente após a regularização da prestação de contas. Devido a esta situação, a Seduc notificou e multou a empresa contratada", informou a secretaria. Além disso, afirmou que as denúncias das trabalhadoras serão devidamente verificadas pelo departamento responsável e, se necessário, ocorrerá a rescisão contratual com a terceirizada. Ainda, que haverá uma reunião esta semana para mediação da situação entre as partes.  


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Edição: Katia Marko