Rio Grande do Sul

Problemas viários

Ponte mal conservada preocupa comunidades rurais do estado e gera prejuízos econômicos

Ponte sobre o Rio Jaguarão fica em Candiota e é rota para Hulha Negra, Herval, Aceguá, Pedras Altas e Pinheiro Machado

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Ponte sobre o Rio Jaguarão, em Candiota, preocupa pela debilidade da estrutura - Reprodução

Uma ponte em péssimo estado de conservação está gerando preocupação para comunidades rurais da zona Sul do RS. A estrutura que passa por cima do Rio Jaguarão, na divisa entre os municípios de Candiota e Hulha Negra, é também uma rota de ligação para outras cinco cidades: Aceguá, Herval, Pedras Altas e Pinheiro Machado.

Especificamente, a ponte com cerca de 100 metros de extensão faz a divisa entre os assentamentos 20 de Agosto, do lado de Candiota, e Jaguarão, do lado de Hulha Negra. Além da circulação normal de veículos entre as zonas rurais dos municípios, a ponte deveria ser um trajeto que facilitaria escoar a produção agrícola da região, bem como o acesso a serviços de saúde.

Porém, o estado de degradação da estrutura gera preocupação inclusive para veículos leves, impedindo sua utilização correta. A demanda pela reforma total da ponte vem de quase uma década, culminando com uma mobilização de moradores da região, que se reuniram no local nesta quarta-feira (15).


Reforma total da Ponte sobre o Rio Jaguarão depende de agilidade administrativa; recursos foram liberados há quase uma década / Reprodução

Recursos foram destinados pelo governo federal em 2013

Conforme explica o vereador Guilherme Barão (PDT), da cidade de Candiota, os recursos necessários para construir uma nova ponte foram destinados pelo governo federal, ainda no ano de 2013. Foram destinados, aproximadamente, R$ 1,8 milhão, através do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

"[Foi] repassado para o estado do RS, o dinheiro está na conta há nove anos. O responsável pela obra é o governo do estado", reclama o vereador, que coordena o Fórum de Desenvolvimento Regional, Manejo das Águas e Combate aos Efeitos das Estiagens.

Afirma ainda que, durante o governo Tarso, que recebeu os recursos, o município de Candiota deu andamento à documentação e projetos necessários. Depois, lamenta o vereador, passaram-se os quatro anos do governo Sartori sem avanços, com a documentação tramitando entre a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE), órgão vinculado à Secretaria da Fazenda, e o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER/RS): "da CAGE pro DAER, do DAER pra CAGE", disse Barão.

O vereador também reclama da demora para execução da obra durante o governo Leite. Conforme explica, o processo encontra-se sob responsabilidade da seccional da CAGE junto à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).

De acordo com documento apresentado a seguir, o processo encontra-se com um pedido de "reequilíbrio financeiro", solicitado pela empresa contratada para executar a obra, a Lavoro Engenharia, sob o pretexto de "expressivo aumento de alguns itens".


Documento da CAGE sobre obra na Ponte sobre o Rio Jaguarão, em Candiota, aponta pedido de "reequilíbrio financeiro" / Reprodução

Como é possível notar, a CAGE pede informações administrativas da Secretaria para poder formalizar o aditivo de valores para a empresa. Nesse sentido, o vereador Guilherme Barão reclama falta de vontade política para dar agilidade ao processo.

Nossa reportagem solicitou à CAGE e também ao DAER informações à respeito do andamento deste processo. Até o fechamento desta matéria, ainda não havia resposta.

Ponte está interditada desde 2020

Entre os prejuízos causados pela demora na obra, está a interdição da ponte desde 2020, impedindo a passagem de caminhões e carros pesados. Além disso, o acesso ao Hospital de Aceguá fica comprometido.

"A produção primária passa por aquela ponte. O acesso ao Hospital da Colônia Nova aumenta, sem falar nas vidas que estão sendo colocadas em risco", afirma Barão. Durante a manifestação realizada nesta quarta-feira (15), Frei Sérgio Görgen reclamou do estado da estrutura: "não temos uma ponte aqui, é quase meia ponte", reclamou o fransciscano, pedindo ao governador Ranolfo providências.


Moradores da região rural das cidades que utilizam a ponte como rota fizeram mobilização na última quarta-feira (15) / Reprodução

Os moradores da região alertam também para o fato de que o estado precário da ponte inviabiliza a passagem de carros carregados com produtos agrícolas. Os produtores de leite, principalmente de Candiota, Hulha Negra e Aceguá, por exemplo, precisam fazer desvios de cerca de 40Km para poder escoar a produção, aumentando os custos com combustível e prejudicando o desenvolvimento da bacia leiteira.

As pessoas que precisam chegar ao referido Hospital passam pelo mesmo problema: ou se arriscam a passar em baixíssima velocidade, ou estendem o tempo de viagem com um desvio. Além disso, ônibus escolares não passam pela ponte desde então.


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Edição: Katia Marko