Rio Grande do Sul

Privatização

Artigo | Grito pela água pública

"Um grande número de entidades está articulado para um ato em defesa da água pública no dia 28 de junho em Porto Alegre"

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Servidores da Corsan concentrados no centro de Porto Alegre contra o projeto de privatização da Companhia - Foto: Carolina Lima

O acesso à água de qualidade é um direito humano. E cada vez mais vemos os governos, pouco comprometidos com a cidadania, vendendo as companhias públicas para empresas privadas para comercializar um bem vital que não pode ser tratado como mercadoria. Sabemos, por experiência, que a privatização piora e encarece os serviços, como ocorre na CEEE Equatorial.

No Rio Grande do Sul, o governo do estado anunciou para julho a venda das ações da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) na bolsa de valores. A Corsan é pública e presta seu trabalho de confiança e qualidade há 56 anos, com excelência e competência do seu quadro técnico em mais de 300 municípios.

Um grande número de entidades da sociedade civil está articulado para um ato em defesa da água pública no dia 28 de junho, em Porto Alegre. É um apelo e alerta sobre o risco de privatizar a Corsan, assim como outras empresas públicas como o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) e outras companhias no país.


Entidades convocam ato em defesa da água pública no dia 28 de junho, em Porto Alegre / Divulgação

A gravidade exige este grito pela água pública. O movimento RS pela Água estará nas ruas numa caminhada em defesa da vida. Um governo pode ficar na história por vários motivos. Sabemos dos desastres causados por gestões que prejudicaram para sempre os gaúchos e gaúchas, dilapidando o capital constituído pela contribuição de todos, entregue a troco de quase nada e apaniguando os articuladores da venda por uma vida toda por grupos econômicos.

No caso da Corsan é ainda mais grave. É uma empresa pública que dá lucro. As receitas, além de serem destinadas ao saneamento, retornam ao caixa do Estado para políticas públicas. Já perdemos muito sob a cantilena que o privado é melhor. Há muitas manobras dos defensores do mercado, muitas vezes infiltrados nas empresas públicas, para articular a entrega dos bens públicos, especialmente os essenciais, como a água, em troca de favores indiretos, mas que prejudicam, ao fim, a vida de todos.

No caso da água e saneamento, é a vida mesmo!

Por isso o Sindiágua e várias entidades sociais fazem este chamamento crucial para assegurar um serviço essencial com controle social.

* Presidente do Sindiágua/RS

** Este é um texto de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko