Paraná

Agroecologia

Abertura da 19ª Jornada de Agroecologia cobra justiça por Dom e Bruno

Realizado no Campus Rebouças da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, evento vai até 26 de junho

Curitiba (PR) |
Abertura reuniu mais de 300 pessoas - Foto: Leandro Taques

O pedido de justiça pelo assassinato do jornalista britânico Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira marcou a abertura da 19ª edição da Jornada de Agroecologia, realizada na noite desta quarta-feira (22), em Curitiba.

Com poesia, música e mística, o ato de abertura emocionou o público de cerca de 300 pessoas presentes no auditório Eny Caldeira, do Campus Rebouças/Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sede do evento que segue até domingo (26). Dezenas de outros nomes de pessoas do campo e da cidade assassinadas por lutarem por direitos também foram lembradas ao longo da cerimônia de abertura.


Evento segue até domingo (26) / Foto: Juliana Barbosa

Estiveram presentes no ato o professor e diretor do Setor de Educação da UFPR Marcos Alexandre Ferraz; o Pró-reitor de Extensão e Cultura da UFPR, Rodrigo Arantes Reis, o promotor de justiça do Ministério Público Federal, Rafael Moura; os deputados estaduais Professor Lemos (PT), Luciana Rafagnin (PT), Goura (PDT), Tadeu Veneri (PT); e as vereadoras de Curitiba Carol Dartora (PT) e Professora Josete (PT).

O promotor Rafael Moura enfatizou a prática da agroecologia como caminho para o desenvolvimento junto ao país. “Em pouquíssimos lugares vemos grupos sociais e movimentos tão afinados com a Constituição e ordem jurídica brasileira quanto o que vemos hoje, aqui, e quanto vemos nos assentamentos, acampamentos e lugares que produzem agricultura agroecológica", disse.

Além da mística conduzida por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os músicos Alan Forgati e Yasmin Alves apresentaram o “Duo – Violino e Violão”.


Abertura teve música, poesia e mística / Foto: Leandro Taques

Papel da universidade pública

Para o pró-reitor de Extensão e Cultura da UFPR, Rodrigo Arantes Reis, a Jornada contribui para a real finalidade da universidade e para a aproximação com a vida real da população.

“A extensão universitária é isso. Esse diálogo e troca de saberes. Essa troca só é possível com a universidade se abrindo para receber a comunidade e a gente poder vivenciar esse processo dialógico. É disso que a universidade se alimenta e é esse o papel de uma universidade pública”, garantiu.

Depois de dois anos sem ocorrer, por conta da pandemia da covid-19, a Jornada ocupa um dos espaços mais novos da UFPR, ainda pouco conhecido. “Esse campus tem o desafio de se abrir para a sociedade”, afirmou Marcos Alexandre Ferraz, diretor do Setor de Educação.

Para o professor, a universidade muitas vezes é excludente e “fechada em si mesmo”, no entanto, há um esforço para a democratização dos espaços. "Receber o MST, a Via Campesina e a 19ª Jornada de Agroecologia nada mais é do que abrir a universidade para o verdadeiro povo brasileiro”, enfatizou.

A construção antiga é carregada de simbolismo, conforme lembrou o professor Ferraz: “Nós estamos no campus Rebouças, que homenageia dois engenheiros negros, que no  final do século XIX, início do XX, projetaram a estrada de ferro que vai daqui para Paranaguá.”

Já o nome do auditório homenageia a primeira mulher a dirigir o Instituto de Educação do Paraná, nos anos 1950. “Eny Caldeira foi uma mulher que desbravou a universidade e os espaços de poder”, relembrou o diretor.

A homenagem ao saber popular e tradicional também ganhou espaço especial logo com a entrega do voto de congratulação da Assembleia Legislativa à parteira Ana Ferreira Pinto, de 105 anos. Moradora de São Bernardo do Campo (SP), ela recebeu a homenagem por iniciativa do deputado Goura. 


Homenagem ao saber popular e tradicional ganhou espaço especial / Foto: Leandro Taques

“Agroecologia engloba tudo”

Quem visitar o espaço do Campus Rebouças irá encontrar uma feira de alimentos orgânicos e agroecológicos, apresentações culturais, shows de artistas locais e nacionais, oficinas, artesanatos, espaço de culinária, entre outras atrações.

Muara de Araújo Pinto é integrante da Cooperativa Camponesa Central de Minas Gerais (Concentra) e está participando pela primeira vez da Jornada. “Nossa expectativa é a venda de produtos, a divulgação da quantidade de produtos que o MST produz”, destacou.

“É muito importante para a conscientização das pessoas para melhorar a alimentação e para melhorar o convívio. Por que é isso: Agroecologia engloba tudo, não é só o alimento saudável, mas é o tratamento saudável das pessoas, das plantas, dos animais, da força de trabalho, de tudo”, enfatizou Muara.

Edição: Lia Bianchini