Rio Grande do Sul

AUDIOVISUAL

Curta-metragem "Ubu Tropical" estreia na Terreira da Tribo no dia 27 de julho

Primeira realização cinematográfica do Ói Nóis Aqui Traveiz, obra é alegoria sobre atual contexto histórico do Brasil

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Trazendo elementos da comédia bufa e do grotesco, "Ubu Tropical" retrata a ascensão do pensamento fascista, do ódio e da intolerância no Brasil - Foto: Frame de "Ubu Tropical"

O curta-metragem "Ubu Tropical" estreia no dia 27 de julho, na Terreira da Tribo, localizada na Rua Santos Dumont, 1186, no bairro São Geraldo, em Porto Alegre. Criado coletivamente pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, o filme aborda o pensamento fascista, o ódio e a intolerância que atravessam o Brasil na contemporaneidade. 

Com estética do cinema mudo em preto e branco, o filme resgata o personagem Pai Ubu, criado no final do século XIX pelo francês Alfred Jarry, precursor do surrealismo e do teatro do absurdo. Após mais de cem anos desde a sua primeira aparição, Pai Ubu persiste como um símbolo de ruptura, chamando a atenção para as rachaduras de um mundo aparentemente ordenado e progressista, que em suas brechas cria os mais brutais Ubus. 

"É uma experiência cinematográfica do Ói Nois Aqui Traveiz a partir de sua pesquisa sobre o poeta e dramaturgo Alfred Jarry e o seu personagem Pai Ubu. Jarry desenvolveu com este personagem uma interessante saga, como 'Ubu Rei', 'Ubu Acorrentado', 'Ubu Cornudo', entre outras. Todas as peças em uma linguagem de comédia bufa e escatológica, que fundou um novo estilo e uma nova concepção estética e ideológica", explica Paulo Flores, diretor de "Ubu Tropical".


O curta-metragem estreia no dia 27 de julho, às 20h, na Terreira da Tribo / Foto: Frame de "Ubu Tropical"

Em "Ubu Tropical", o personagem é representado pelo período histórico brasileiro que ficou marcado pelo Tropicalismo, movimento artístico que, entre outros motivos, surgiu por conta da repressão causada pela Ditadura Militar no país entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970. 

O curta conta a história de uma família de bem que em um domingo ensolarado vai passear no parque para assistir uma exibição pública de "desmiolamento". Aqueles que não se ajustam ao sistema "ubuesco" precisam passar pela "Máquina de Descerebrar". O roteiro tem sua origem na "Canção dos Desmiolados", criada por Alfred Jarry para a sua saga da personagem do Pai Ubu. 

O elenco conta com mais de 30 atuadores, trazendo como protagonistas Tânia Farias, Lucas Gheller, Keter Velho, Clélio Cardoso e Maria Inês Falcão. A música original é de Johann Alex de Souza e a operação de câmera é de Eugênio Barboza. A produção de "Ubu Tropical" teve apoio do Rumos Itaú Cultural 2019/2020. 

Programação

A programação começa a partir das 20h, horário em que será exibido o curta-metragem. Em seguida, serão projetados os documentários "Teatro e Circunstância – Ói Nóis Aqui Traveiz" e "Ói Nóis Aqui Traveiz: Uma Retrospectiva Audiovisual-Cênica" sobre a origem e a trajetória da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. A entrada é franca. 

A estreia de "Ubu Tropical" celebra os 38 anos do espaço cultural Terreira da Tribo e marca o início dos ensaios da nova encenação de teatro de rua do Ói Nóis que terá como protagonista o personagem do Pai Ubu. A estreia da peça está prevista para o primeiro semestre do ano que vem.

Assista o teaser de "Ubu Tropical"


Em defesa do território cultural

O Ói Nóis Aqui Traveiz é um grupo teatral brasileiro baseado em Porto Alegre e desenvolve uma atuação experimental e interativa, tendo um interesse central pela conscientização política do público, almejando a reforma da sociedade através de uma arte inquieta, inquisitiva e desafiadora. O grupo foi idealizado em 1977 por Julio Zanotta e Paulo Flores, com a contribuição inicial de Rafael Baião. Na época, Zanotta já era dramaturgo, enquanto Flores e Baião eram estudantes do curso de Teatro da UFRGS.

A luta pela preservação de um espaço de criação é intrínseca ao surgimento do Ói Nóis Aqui Traveiz. No tempo presente, a Terreira da Tribo é reconhecida como Ponto de Cultura e um dos principais centros de investigação cênica do país e se constitui como referência nacional na aprendizagem do teatro com a sua Escola de Teatro Popular. 


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Edição: Katia Marko