Crescem as adesões

Carta em defesa da democracia já tem mais de meio milhão de assinaturas

Aberto ao público na terça-feira (26), documento que será lançado oficialmente em 11 de agosto incomodou o Planalto

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Divulgada inicialmente com 3 mil assinaturas, incluindo ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), juristas, empresários, artistas e representantes da sociedade civil, a carta rapidamente obteve mais adesões - Daniel Ramalho / AFP

A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, aberta para adesão do público na terça-feira (26), já ultrapassou meio milhão de assinaturas. Às 10h45 deste sábado (30), o documento contava com 529.562 adesões, segundo o site oficial. A iniciativa de um grupo de ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) faz referência aos 45 anos da "Carta aos Brasileiros", de 1977, momento em que um movimento liderado pelo professor Goffredo da Silva Telles Junior denunciava a ilegitimidade do governo militar.

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Ainda que não haja nenhuma menção ou citação direta, a carta é considerada uma resposta às ameaças golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL). "Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional", diz um trecho do documento.

Divulgada inicialmente com 3 mil assinaturas, incluindo ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), juristas, empresários, artistas e representantes da sociedade civil, a carta rapidamente obteve mais adesões. O lançamento oficial vai acontecer em 11 de agosto.

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A reação de Bolsonaro à carta

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Na quarta-feira (27), Jair Bolsonaro foi irônico em relação ao documento, afirmando não precisar de "cartinha" para dizer que defende a democracia. Pelo Twitter, no dia seguinte, voltou à carga. "Carta de manifesto em favor da democracia. Por meio desta, manifesto que sou a favor da democracia. Assinado: Jair Messias Bolsonaro, presidente da República Federativa do Brasil", postou.

A adesão de personalidade importantes da elite econômico-financeira ao documento teria incomodado o presidente e seu entorno. "Não consigo entender, estão com medo do quê? Se eu estou três anos e meio no governo e nunca teve uma palavra minha, ação ou gesto... Nunca falei contra alarmismo, em controlar mídias sociais, em democratizar imprensa, nada. É uma nota política, eleitoral", lamentou durante transmissão feita na quinta-feira (28).  

Na convenção nacional do PSB que oficializou o nome de Geraldo Alckmin como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o petista também falou sobre o manifesto.

"Gostaria de parabenizar empresários, intelectuais, professores da USP e de tantas outras universidades que fizeram um manifesto em defesa da democracia que em apenas três dias juntou mais de 400 mil assinaturas, numa demonstração de que ninguém acredita mais nos rompantes do presidente que governa esse país", disse Lula.

Manifesto da Fiesp

Nesta semana, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) anunciou a elaboração de uma carta, que será divulgada no período das posses dos ministros do STF Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 16 de agosto, e Rosa Weber na presidência da Suprema Corte, em 12 de setembro. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) já assinou o documento, intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, que não contou com a adesão do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Nesta sexta-feira (29), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) também anunciou apoio ao manifesto da Fiesp.

Edição: Glauco Faria