Rio Grande do Sul

Luta da democracia

Manifestação iluminada defende direitos democráticos na universidade, na cidade e no país

Ato da comunidade acadêmica foi realizado no entorno da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, em Porto Alegre

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Comunidade acadêmica, movimentos sindicais e populares e entidades da UFRGS participaram do ato - Foto: Jorge Leão

Comunidade acadêmica, movimentos sindicais e populares realizaram, na noite desta segunda-feira (1º), em Porto Alegre, o ato “Luzes pela Democracia”, em iniciativa convocada pelo Coletivo FrenteUFRGS e o Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito. Portando luzes de velas, lanternas e celulares, os manifestantes reuniram-se em frente à Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), quando realizaram um abraço simbólico à universidade, e seguiram em caminhada até a esquina com a avenida Osvaldo Aranha.

Durante a manifestação, gritos de ordem diziam “Fora Bolsonaro e Bulhões”, numa crítica ao atual reitor da UFRGS, Carlos Bulhões, que foi nomeado pelo presidente da República mesmo tendo ficado em último lugar na lista tríplice das chapas para a Reitoria. Houve ainda um momento de falas de representantes de entidades que apoiaram a realização do ato, que serve de preparação para a manifestação nacional que está sendo organizada no dia 11 de agosto.

O professor Jairo Bolter, que é diretor da Adufrgs-Sindical, entidade que representa os docentes, lembrou que “maus políticos atacam a democracia e as instituições, e nos fazem sair de casa para vir defender a democracia”. O dirigente afirmou que é necessário “dar um basta” nos constantes ataques à democracia, à universidade e às instituições do país.


Luzes simbolizaram a luta pela iluminação dos caminhos do país / Foto: Jorge Leão

Gabriel de Freitas Focking, da coordenação da Assufrgs Sindicato, que representa os técnico-administrativos, ressaltou a importância da comunidade estar reunida e posicionada no atual momento de encruzilhada histórica. “Essa universidade sofreu uma intervenção durante o governo Bolsonaro e hoje pretende com que a universidade se cale para os problemas do país, pretende que tenhamos uma universidade que seja apenas para o mercado e não para solucionar os problemas que nosso povo tem. Problemas que se agravaram no governo Bolsonaro, como a fome”, disse

Magali Menezes, presidenta da Seção Sindical do Andes-SN na UFRGS, complementou dizendo que o momento é decisivo para a afirmação da democracia no país, mesmo sabendo que o “Estado democrático de direito é ainda muito distante pra maioria das pessoas”. “Temos um golpe que acontece todo o dia, um golpe que mata indígenas nesse país, que mata a população negra, a universidade e a educação pública”, disse. Ela recordou que dos 10 anos de políticas afirmativas nas universidades e criticou os ataques às conquistas pelo governo Bolsonaro.


Uma das entidades sindicais presentes foi a ASSUFRGS, que representa os técnico-administrativos da universidade / Foto: Jorge Leão

O estudante de História e dirigente do DCE da UFRGS, Daniel Oliveira, relatou ser o primeiro de sua família a entrar para a universidade, numa referência à importância das ações afirmativas que permitiram a negras e negros o acesso à educação superior. Segundo ele, o “momento exige a defesa da democracia, que passa pela defesa da universidade”. Ressaltou ainda que o DCE está passando nas salas de aula da UFRGS para convocar os estudantes para a manifestação nas ruas em 11 de agosto contra o golpismo.

Professor aposentado da UFRGS e integrante do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito e da Rede Estação Democracia, Benedito Tadeu César reforçou a necessidade da união numa grande frente em defesa da democracia. “O momento não é de divisão, de afirmação de princípios isolados ou de bandeiras partidárias. É salutar que todos tenham seus posicionamentos, mas o momento presente é da defesa da democracia e da Constituição cidadã construída com a luta de muitos de nós, com a morte de muitos de nós que lutaram contra a ditadura que nos assolou por 21 anos”, disse. Também defendeu a importância de dialogar com aqueles que foram iludidos a votar em Bolsonaro, mas perceberam que sua eleição levou o país ao caos.


Diversas entidades participaram do ato / Foto: Jorge Leão

A professora da UFRGS Marcia Barbosa, representando o Coletivo FrenteUFRGS, também saudou os distintos movimentos reunidos no ato, “que se juntam para iluminar o caminho do Brasil”. Disse que as pessoas ali presentes são as que darão apoio na caminhada “para garantir a democracia e reconstruir, a partir dos pedacinhos que vão nos deixar o Brasil, um país que é capaz de produzir ciência de ponta, de produzir cultura de ponta, de ter uma sociedade equilibrada, equânime, justa e bela”.

O evento contou com o apoio do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, Rede Estação Democracia (RED), União Estadual de Estudantes Dr. Juca (UEE), DCE da UFRGS, Associação de Pós-graduandos da UFRGS (APG), Representação Autônoma Docente (RAD), SomosUFRGS, FrenteUFRGS, Nós Defendemos a UFRGS-UFCSPA-IFRS, Eu Defendo a UFRGS, Seção Sindical ANDES dos Docentes UFRGS, Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior de Porto Alegre (ADUFRGS Sindical), Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UFRGS, da UFCSPA e do IFRS (ASSUFRGS) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).


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Edição: Katia Marko