Rio Grande do Sul

Região Metropolitana

Atraso de salários pode gerar greve dos trabalhadores rodoviários metropolitanos no RS

Representante do sindicato afirma que "corda está estourando do lado mais fraco"; ATM tem reunião com o governo

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Empresários do transporte metropolitano querem subsídio do governo para cumprir compromissos com trabalhadores - Reprodução

Uma reunião pode definir se haverá greve ou não dos trabalhadores rodoviários metropolitanos. De um lado, os trabalhadores representados pelo Sindicato Metropolitano Rodoviário (SindMetropolitano) afirmam estarem há dois anos sem receber reajuste. Por outro lado, as empresas organizadas na Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros (ATM) dizem não ter recursos e que o sistema de transporte precisa de novos aportes financeiros, sob risco de entrar "em colapso".

Conforme informou Vilson Arruda, responsável pela página de notícias Viamão e Daí, uma reunião de mediação realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na terça-feira (2), entre os trabalhadores e os representantes das empresas terminou em desacordo, com o sindicato recusando a proposta apresentada sobre os salários.

Entretanto, na tarde desta quinta-feira (4) está marcada para acontecer uma nova reunião, dessa vez entre as representantes das empresas de transporte e o governo estadual. O objetivo é viabilizar subsídio estadual para o sistema de transporte.

O Brasil de Fato RS entrou em contato com a assessoria de imprensa da ATM para confirmar a realização desta reunião. Foi respondido que aconteceu uma audiência de mediação hoje (4) entre o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do RS (Setergs), Sindimetropolitano, TRT e governo do Estado e que "não houve avanços, por enquanto. Uma nova audiência está marcada para amanhã pela manhã".

Sindicato diz que corda está "estourando do lado mais fraco"

Contatado pela reportagem do Brasil de Fato RS, o secretário geral do SindMetropolitano, Alexandre Araújo, afirmou que existe a ameaça das empresas não pagarem os salários em dia, caso não haja auxílio do governo estadual.

"O sindicato não vai acordar que a situação arrebente de novo no lado mais fraco, já ficamos dois anos sem aumento. Fechamos o dissídio da categoria que foi recusado. A representação patronal afirma que pode atrasar os salários, querem novo subsídio do governo, a exemplo de algumas cidades que já dão o subsídio", explica Alexandre.

O secretário afirma que a categoria espera a resposta da reunião entre a ATM e o governo. A decisão será levada para assembleia dos trabalhadores e há a possibilidade de deflagração de greve.

“Caso não se chegue a um acordo, muito provavelmente na semana que vem os trabalhadores rodoviários da Região Metropolitana vão iniciar uma greve por não cumprimento, por parte das empresas, do acordo firmado com os empresários do transporte coletivo”, havia alertado Araújo ao Viamão e Daí.

Empresas dizem que pode haver um "colapso"

O mesmo portal de notícias cita um artigo publicado pela ATM na terça-feira (2), afirmando que o transporte metropolitano "está em risco", o que pode prejudicar 3,5 milhões de passageiros. A nota assinada pelo presidente da ATM, José Antonio Ohlweiler, pede uma "ágil definição sobre o equilíbrio financeiro", para evitar um "colapso desse sistema essencial", o que seria "catastrófico para toda a região”.

A justificativa é que a cobrança de passagens não está cobrindo os custos das empresas, o que leva a associação de empresários a pedir uma "revisão tarifária" e um "aporte para o Estado, pois essa conta não pode ser paga somente pelas pessoas”.

Empresas já recebem apoio de governos municipais

Ainda no final de 2021, o governo do estado já havia fornecido um subsídio para as empresas da ATM, no valor de aproximadamente R$ 68 milhões. O valor seria usado para pagar compromissos com os trabalhadores ainda do mês de outubro, além de outras obrigações trabalhistas. Agora, a ATM novamente reclama uma extensão desse auxílio.

O portal Viamão e Daí recorda que a Empresa de Transporte Coletivo Viamão, que faz parte da ATM, é um exemplo de empresas que também já receberam subsídio de governos municipais. A cidade de Viamão aportou, em 2021, cerca de R$ 5 milhões do dinheiro público como subsídio, estabelecendo como contrapartida a diminuição da passagem (que retraiu em R$ 0,50), além de melhorias na qualidade dos serviços e ampliação dos horários.

"Pelo que temos acompanhado nas redes sociais, os horários não foram ampliados. Muitas vezes não são cumpridos. Os ônibus não têm ar condicionado. A higienização dos bancos e corredores deixam a desejar", escreveu Vilson Arruda.

O Brasil de Fato RS tentou contato com a empresa de ônibus Viamão. Porém, em duas oportunidades, o responsável pela relação com a imprensa não atendeu a reportagem e informou, através de uma atendente, que a empresa não tem nada a declarar sobre a possibilidade de parcelamento. Além disso, informou que a empresa espera o resultado da "reunião que deve ocorrer hoje à noite". A atendente não soube especificar se esta reunião seria a que está programada para acontecer entre a ATM e o governo.


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Edição: Marcelo Ferreira