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No Rio, Redes da Maré promove 1º Congresso Internacional Falando Sobre Segurança Pública

Entre 2017 e 2021, conjunto de 16 favelas na zona norte da capital teve 132 operações policiais e 157 mortes

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Redes da Maré
Congresso vai até sexta-feira (12) e une relatos e experiência de moradores com pesquisas sobre segurança pública - Reprodução/Redes da Maré

A Redes da Maré promove desta terça-feira (9) até a sexta-feira (12) o 1º Congresso Internacional Falando Sobre Segurança Pública na Maré. Ao longo de quatro dias, a programação terá encontros presenciais voltados para debates, mesas temáticas, exposição de trabalhos e atividades culturais no Complexo da Maré, na zona norte do Rio.

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O primeiro dia de congresso será voltado exclusivamente às crianças e adolescentes e acontecerá na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna. Na terça, a abertura e credenciamento de crianças e adolescentes acontece às 14h. Neste dia, haverá exposição das Cartas da Maré e dos trabalhos feitos por eles. Apresentação artísticas e exibição de filmes completam o dia para o público mais novo.

No Congressinho, as crianças e adolescentes votarão numa plenária propostas de segurança pública a partir das experiências nas 16 favelas da Maré.

Programação

De quarta à sexta, o Congresso Internacional inicia a apresentação de trabalhos a partir da temática "Segurança pública e violências: contradições, controle social e desafios para garantia de direitos estruturantes" e será realizado no Conjunto de Favelas da Maré, na zona norte do Rio. O evento é aberto ao público em geral, sobretudo moradores da Maré, profissionais, estudantes, ativistas, pesquisadores e demais interessados no tema.

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Os trabalhos apresentados serão enquadrados como a) resultado de pesquisa empírica, b) relato de experiência ou c) reflexão/estudo teórico-metodológico. 

E os eixos temáticos são 1) Produção do espaço urbano, território, segurança pública e favelas; 2) Desigualdade sociorracial, acesso a direitos, atendimento, acolhimento e acompanhamento de vítimas de violência; 3) Ampliação de cidadania, controle social e direitos humanos; 4) Capitalismo, racismo e violência policial e 5) Mídia, meios de comunicação e favela.

Cotidiano de violência

A Maré é formada por um conjunto de 16 favelas onde habitam cerca de 140 mil moradores, distribuídos em 47.758 domicílios que ocupam uma área de 4,3 quilômetros quadrados. Com essa população, a Maré é maior que 96,4% dos municípios brasileiros. Seu território é cercado pela Baía de Guanabara e três importantes vias expressas da cidade do Rio de Janeiro: Linha Vermelha, Linha Amarela e Avenida Brasil.

O controle dos grupos armados também é subdividido geograficamente e os territórios estão em constante disputa, tornando seu domínio uma prática cotidiana de violências e confrontos que afetam a população local.

Segundo a Redes da Maré, entre 2017 e 2021 aconteceram 132 operações policiais e 114 confrontos entre grupos armados no conjunto de 16 favelas da comunidade. Juntos, estes 246 momentos de confrontos causaram 157 mortes e interromperam por 94 dias o funcionamento das unidades de saúde e por 70 dias as aulas nas escolas da Maré em 5 anos.

O Centro de Artes da Maré fica na Rua Bittencourt Sampaio, 181, ao lado da passarela 10 da Avenida Brasil. Para saber mais sobre o congresso e os convidados e palestrantes, clique aqui. 

Edição: Eduardo Miranda