Rio Grande do Sul

Eleições Livres

Movimentos e entidades tomam as ruas de Porto Alegre em defesa da democracia nesta quinta (11)

Dia nacional de mobilização terá leitura da "Carta às brasileiras e aos brasileiros" e manifestações em todo o país

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em Porto Alegre, a mobilização inicia com estudantes em frente ao Julinho, segue em marcha até o campus central da UFRGS, onde será lida a carta, depois retorna às ruas em caminhada até o Palácio Piratini - Foto: Carolina Lima (BdF RS)

Porto Alegre soma-se às manifestações que ocorrem nesta quinta-feira (11), em cidades de norte a sul do país, em defesa da democracia e de eleições livres. A data marca o lançamento da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito, que chama a atenção para a escalada golpista do governo Bolsonaro e já recebeu mais de 800 mil assinaturas. Movimentos estudantis, sindicais e populares e entidades da sociedade civil preparam uma série de atos simultâneos na capital gaúcha.

A União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES) e a União Estadual dos Estudantes (UEE-RS) convocam para ir às ruas em defesa da educação, que tem sido um dos principais alvos do ataque do governo Bolsonaro. O ato faz referência ao Dia do Estudante, também celebrado nesta quinta e que marca ainda a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade historicamente presente nas lutas sociais.

O ato dos estudantes inicia às 8h, em frente ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos (Julinho). Depois os manifestantes sairão em marcha até o Campus Centro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde às 10h o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRGS realiza ato contra os cortes na educação e qualquer tipo de golpe.

Às 11h, a Faculdade de Direito da UFRGS e entidades jurídicas realizam a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, que ocorre no mesmo horário em atos por todo o país. O texto elaborado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) já conta com mais de 800 mil assinaturas. Também será lido o Manifesto do Conselho da Unidade da Faculdade de Direito, em atividade nas escadarias do prédio.

Na sequência, juízes e desembargadores vão para uma sala da Faculdade realizar seus discursos e assistir ao ato da USP. O evento contará com a participação dos ministros aposentados do STF, Neri da Silveira e Nelson Jobim. Para facilitar o acompanhamento, será instalado um telão no estacionamento da Faculdade, devido ao grande número de convidados. Haverá transmissão pelo Youtube da Faculdade de Direito da UFRGS.

Além dos estudantes, soma-se ao ato na Faculdade de Direito da UFRGS a manifestação convocada por diversas entidades, movimentos sindicais e sociais em favor da democracia e do Estado de direito. Depois, está prevista uma caminhada até o Palácio Piratini.

Brasil nas ruas pela democracia

Professor aposentado da UFRGS e integrante do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, Benedito Tadeu César destaca que as manifestações do dia 11 representam o engajamento de importantes setores da sociedade.

"Grandes parcelas da sociedade civil que se mantinham apáticas até aqui resolveram se unir à leitura da Carta aos Brasileiros por meio de cerimônias que serão realizadas simultaneamente em todo o país. A participação em atos unificados, que reunirão entidades das áreas jurídicas, empresariais, estudantis, sindicais e de movimentos e entidades diversas provam que a sociedade não legitima os ataques e as ameaças de golpe feitos pelo atual presidente da República", afirma.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, ressalta que o Dia Nacional de Luta será em defesa da educação, da democracia, por direitos e por respeito à decisão do povo em relação ao processo eleitoral. "É fundamental que nós estejamos junto com os estudantes e com todo o movimento social que quer um Brasil mais igual, um Brasil soberano e um Brasil de volta para os trabalhadores e as trabalhadoras com educação de qualidade e democracia”, assegura.

Bolsonaro ataca a carta

A Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito, que passou da marca de 800 mil assinaturas nesta terça-feira (9), foi assinada por amplos setores da sociedade, como juristas, esportistas, empresários, intelectuais e população em geral. A carta não cita o nome de Jair Bolsonaro, mas alerta que o país está “passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”. Também não cita o nome de outros candidatos.

Diversos presidenciáveis assinaram o documento: Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (Unidade Popular) e José Maria Eymael (Democracia Cristã). A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também já endossaram o texto.

Já o presidente Bolsonaro tem atacado a iniciativa. Nesta segunda-feira, em evento na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, disse que “quem quer ser democrata, não tem que assinar cartinha”. Para uma plateia de banqueiros ele falou que, “democracia tem que sentir o que a pessoa está fazendo”, mas não explicou o que quis dizer com a frase.

Transmissão em rede

Uma rede de mídias independentes vai transmitir a manifestação e a leitura da carta em Porto Alegre na manhã de quinta-feira. Para acompanhar, basta acessar as redes do Brasil de Fato RS, da Rede Soberania, da Rede Estação Democracia (RED) e do Jornal O Coletivo.

Em preparação para o dia 11, o programa Contraponto Entrevista desta quarta-feira (8), às 9h, da RádioCom Pelotas, em parceria com o Brasil de Fato RS, vai abordar a resistência contra o golpe através do manifesto que uniu o Brasil. Participam do programa Leonardo Kauer, advogado, especialista em Direitos Humanos e bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, e Estilac Xavier, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.


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Edição: Marcelo Ferreira