Na sessão desta segunda-feira (10) da Câmara Municipal, o prefeito Sebastião Melo foi apresentar o projeto de passagens gratuitas no transporte público em dias de eleições. Porém, ao invés de fazer a defesa da proposta, Melo limitou-se a contar um histórico dos aumentos dos preços e atacou a oposição e a Defensoria Pública, a quem chamou de irresponsáveis. Depois de falar saiu abruptamente, escoltado pela vereadora comandante Nádia (PP).
Em sua fala, o prefeito lembrou o histórico do valor da passagem em Porto Alegre, com a aprovação de sete isenções, o que resultou no preço de R$ 4,80. Também mencionou os dias previstos em lei para o passe livre, aprovados no ano passado, que são o dia da padroeira da cidade (2 de fevereiro, Nossa Senhora dos Navegantes) e em dias de vacinação.
Segundo ele, ninguém deixaria de votar caso não pudesse pagar a passagem, pois foram liberadas as isenções nos ônibus no dia da eleição do primeiro turno, ocorrida em 2 de outubro. “Este é um acordo que nós produzimos com o Ministério Público. Agora, a Defensoria Pública, que às vezes leva 60 dias para defender, para atender um pobre, para arrumar uma manchete de jornal ideológica foi parar nas barras dos tribunais de madrugada para ganhar uma liminar, para dizer que tinha que liberar as catracas.”
Melo ainda criticou a oposição: “Tenho muito respeito pela oposição responsável, mas não tenho nenhum respeito para a oposição irresponsável”. E completou: “quero dizer a vocês da oposição que se dependesse de vocês, a passagem era R$ 6,65. Demagogia. Demagogia”. O titular do Executivo observou ainda que, inicialmente, apresentaria um projeto de passe restritivo, mas que decidiu com a base aliada na Câmara que o passe deveria ser sem restrições e que agora o projeto está na Casa para apreciação dos vereadores.
O líder da bancada do PSOL na Câmara de Porto Alegre, vereador Pedro Ruas, fez um discurso de desagravo / Foto: Elson Sempé / CMPA
“Nunca antes essa Casa havia sido afrontada dessa forma”
O líder da bancada do PSOL na Câmara de Porto Alegre, vereador Pedro Ruas, fez um discurso de desagravo à forma pela qual o prefeito se pronunciou, num tom de voz alterado e muito elevado, na tribuna da Casa Legislativa.
Como o prefeito falou e foi embora, não cumprindo o regimento interno da Câmara, que prevê a entrega de proposta, seguida de pronunciamentos das bancadas, Ruas usou a tribuna e rebateu cada item. O vereador destacou que a Câmara como instituição havia sido ofendida, pois o prefeito foi lá, disse o que queria e virou as costas, indo embora.
"Nunca vimos ou vivemos algo semelhante ao que ocorreu nessa tarde, nesta Câmara. O prefeito vem aqui na nossa Casa, nos chama de irresponsáveis e vai embora. Nunca fomos à prefeitura chamar o prefeito de irresponsável. Sempre fomos respeitosos", destacou.
Pedro Ruas afirmou que o prefeito está magoado, pois foi chamado de antidemocrático, por ter criado problemas para a concessão do passe livre, e agora se vinga e xinga os vereadores da oposição. "Veio aqui, na nossa Casa que é a do povo, nos chama de irresponsáveis e vai embora. Ele é o irresponsável. Também mentiroso e covarde. Mentiroso porque disse aqui na tribuna que a oposição não fez qualquer tentativa de melhorar a lei do passe livre, uma inverdade. E covarde, porque vai embora, não quer ouvir os argumentos", disse.
Por fim, o vereador Pedro Ruas lembrou que Melo sempre combateu as reduções de tarifas. Fui colega dele em três legislaturas e sei sua posição. “Quando conseguimos a redução das tarifas na justiça eu mesmo entreguei a ele a decisão, pois o prefeito estava viajando. Melo classificou como uma barbaridade e quase rasgou o documento.”
O líder do PSOL deixou muito claro que a partir das ofensas e mentiras proferidas na tribuna por Melo, irá falar muito sobre o tema. “Estaremos atentos e ele terá dura resposta da nossa parte”, complementou.
* Com informações da assessoria da Câmara Municipal
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Edição: Katia Marko