Rio Grande do Sul

EXPLORAÇÃO

Segundo auditores do MTE, trabalho escravo triplicou no Rio Grande do Sul desde 2021

Em reunião na Assembleia gaúcha, equipe alertou ainda que estrutura de fiscalização sofre grave desmonte desde 2016

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Operação resgatou 207 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, no dia 22 de fevereiro - Foto: MPT-RS/Divulgação

O número de trabalhadores resgatados do trabalho escravo no Rio Grande do Sul triplicou desde 2021. Naquele ano, os auditores ficais do trabalho resgataram 69 vítimas no estado. Em 2022, foram 156 e, em 2023, já são 208. A revelação foi feita nesta sexta-feira (3) pela equipe de fiscalização da Superintendência do Ministério do Trabalho (MTE) no RS, em reunião com o deputado estadual Miguel Rossetto (PT), na Assembleia Legislativa.

Ao mesmo tempo em que o trabalho escravo cresceu no estado, a estrutura de fiscalização sofreu um grave desmonte desde 2016. O chefe da fiscalização no RS, Luiz Felipe Brandão, conta que hoje são apenas 145 auditores fiscais lotados no estado com 132 em exercício, incluindo a área administrativa. “Temos no estado inteiro menos 100 auditores na rua”, revelou, destacando que "a extinção do Ministério do Trabalho levou a uma enorme falta de estrutura”.

Os auditores presentes na reunião também foram responsáveis pela operação em Bento Gonçalves. Na opinião do chefe da Seção de Segurança e Saúde no Trabalho do MTE do RS, Sérgio Augusto Letizia Garcia, este foi o resgate mais violento do qual participou. No local, foram encontrados cassetetes, sprays de pimenta e máquinas de choques elétricos. Os relatos dos trabalhadores são de agressões verbais e físicas. “Nunca tinha visto nada parecido”, desabafou.


Miguel Rossetto recebeu equipe de fiscalização da Superintendência do Ministério do Trabalho (MTE) no RS na Assembleia gaúcha / Foto: Manoela Frade

Segundo Rossetto, que convocou os técnicos para a reunião na Assembleia Legislativa, a ideia "é mostrar qual a real capacidade de fiscalização no estado, diante da barbárie que vimos em Bento”. Para ele, a destruição do Ministério no governo Bolsonaro e a terceirização das relações de trabalho, "que gera precarização em razão da reforma trabalhista, abriram espaço para todo tipo de exploração sem responsabilização das empresas que contratam".

O mandato do deputado vai produzir um relatório com os dados para entregar ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho. “O presidente Lula lidera a reconstrução do país e um dos temas centrais é recolocar a valorização do trabalho. A política do salário mínimo, a atualização da Legislação do Trabalho, o fortalecimento do MTE são parte disso. Queremos contribuir para pensar como podemos incluir o RS neste novo ciclo nacional”, disse.

Cerca de 30 representantes de sindicatos e federações de trabalhadores urbanos e rurais participaram do encontro. Além do vice-líder do governo federal na Câmara dos Deputados, deputado federal Elvino Bohn Gass (PT/RS), do presidente da CUT/RS, Amarildo Cenci, e do presidente da CTB gaúcha, Eder Pereira.

* Com informações da assessoria do deputado Miguel Rossetto


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Edição: Marcelo Ferreira