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Medo e saudade: no Radinho BdF, crianças contam como é voltar para a escola na pandemia

Quase todos os estados já retornaram ao regime presencial de aulas para estudantes sem comorbidades

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Estudantes brasileiros ficaram em média 178 dias longe da escola, segundo OCDE - Divulgação/ MEC
No começo eu fiquei com medo até de comer o café da manhã na escola

Crianças brincando, hora do recreio, recado da professora, sinal da escola… Muita gente estava com saudade dessa rotina depois de tanto tempo de isolamento social por causa da pandemia de covid-19. A maioria das escolas do país estão retomando o regime presencial de aulas, algo muito esperado, mas que envolve uma série de riscos. Para saber como está sendo esta volta, a edição de hoje (3) do Radinho BdF conversou com crianças e professores de escolas públicas e privadas de diferentes partes do país.

Quase todos os estados já retornaram ao regime presencial de aulas obrigatórias em escolas públicas e particulares para estudantes sem comorbidades. A decisão divide opiniões já que crianças menores de 11 anos ainda não estão autorizadas a receber a vacina contra o covid-19 e o Ministério da Saúde já indicou que essa imunização só deve ocorrer ano que vem, caso seja aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ainda assim, estudos apontam que bebês e crianças têm menos chances de se contaminar e contrair a doença, o que pode deixar estudantes e cuidadores mais seguros no retorno.

“Eu já voltei as aulas e gostei muito. No começo eu fiquei com medo até de comer o café da manhã na escola”, contou Umberto, que tem 9 anos e mora em São Bernardo do Campo, em São Paulo. “Eu voltei faz 15 dias e foi bom para eu conhecer minha professora e meus novos colegas. Eu senti medo de não causar uma boa impressão para minha professora e meus colegas”, contou João, que tem 7 anos e mora em São Paulo.

Públicas e privadas

A diferença de infraestrutura entre escolas públicas e privadas ficou ainda mais evidente no retorno às aulas, devido à necessidade de adotar medidas para evitar o contágio, como manter pelo menos 1,5 metro de distância e disponibilizar máscaras de qualidade, álcool em gel e higienizar frequentemente os espaços.

“Na minha escola, eles estão adaptando as salas para ter distanciamento. Nos intervalos a gente tem lugar marcado, com rodízio. Um dia uma sala está no bosque, no outro está na garagem”, conta Ana Clara, de 11 anos, que mora em São Paulo. “Quando a gente vai entrar na escola temos que medir a temperatura, usar álcool em gel e na sala de aula temos que ficar de máscara o tempo todo”, completou Umberto.

Caso não haja estrutura para garantir segurança no retorno crianças, professores e cuidadores podem se mobilizar para cobrar e reivindicar esses direitos.

Desigualdade

A desigualdade foi intensificada durante o período de aulas online. Com escolas fechadas, pelo menos 5 milhões de estudantes tiveram seu direito à educação negado, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), de novembro de 2020. Ao todo 1,5 milhão de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos não tiveram acesso às aulas de forma remota e 3,7 milhões estavam matriculadas, mas não tiveram acesso a atividades escolares e nem conseguiram se manter aprendendo em casa.

Os estudantes brasileiros ficaram em média 178 dias longe da escola, uma das maiores médias do mundo, segundo um levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

História, música e brincadeira

Na edição de hoje, as crianças conhecem a professora Maísa, que ficou muito querida entre os alunos pela forma especial de ensinar e aprender com eles. Seu trabalho ganhou uma homenagem na história “Uma professora encantadora”, escrita por Márcio Vassallo e publicada pela editora Abacatte. Quem contou foi a contadora de histórias Lara Chacon.

E por falar em professores especiais, a professora Silvana de Oliveira ensina às crianças ouvintes uma brincadeira que fez com seus alunos no retorno às aulas, para incentivar a integração e o trabalho em equipe depois de tanto tempo de isolamento. É o volençol, uma dinâmica divertida, que também treina a coordenação motora, e que pode ser feita em casa, com os cuidadores. Para brincar é necessário apenas um tecido e uma bola.

E durante a brincadeira, que tal soltar o som da Vitrolinha BdF de hoje? Ela chega super animada ao som de “Hora da Escola”, do Mundo Bita, “Pequeno Cidadão”, do Arnaldo Antunes, e “Amigo, Amiga”, do Palavra Cantada.


Toda quarta-feira, uma nova edição do programa estará disponível nas plataformas digitais / Brasil de Fato / Campanha Radinho BdF

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

Edição: Sarah Fernandes