ADVERTÊNCIA

China prolonga exercícios militares nos arredores de Taiwan por mais um mês

Operação é uma resposta aos movimentos independentistas locais e à visita de Nancy Pelosi a ilha chinesa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi reitera que operativo militar no entorno de Taiwan é transparente e respeita acordos internacionais - Noel Celis / AFP

O governo central chinês anunciou nesta segunda-feira (8) que irá estender o período de realização dos exercícios militares no entorno de Taiwan por mais um mês. As operações no estreito de Bohai e no Mar Amarelo iriam encerrar na última sexta (6), mas segundo comunicado, serão prolongados até 8 de setembro. 

Estes são as maiores simulação militares já realizadas nas costas de Taiwan. O Exército Popular de Libertação da China testa aviões e embarcações de guerra, além de sistemas antimísseis treinando os corpos militares para "possíveis ataques antisubmarinos, por água e pelo ar". Até o dia 15 de agosto serão testadas munições com fogo real no Mar Amarelo ou Mar Oriental da China, que banham a costa norte da ilha taiwanesa e a baía oriental chinesa. 

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, declarou que os exercícios são "abertos, transparentes e profissionais" e estão voltados a "advertir os independentistas de Taiwan".

Pequim havia anunciado na última semana que realizaria exercícios militares de 2 a 6 de agosto, como uma resposta à operação militar Han Kuang, iniciado no dia 25 de julho pelas autoridades taiwanesas sob justificativa de "um possível ataque da China".

O movimento do governo chinês também seria uma resposta à visita da presidenta da Câmara de Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, considerada uma "violação à soberania territorial chinesa e ao princípio de uma só China", declarou a chancelaria chinesa em comunicado.

Foram lançados 11 mísseis balísticos, que afetaram centenas de voos e rotas marítimas em seis regiões ao redor de Taiwan. 

Apesar do governo de Taiwan reivindicar independência da China continental, desde 1971 as Nações Unidas reconhecem a ilha como parte do território chinês, sob o princípio de "um país, dois sistemas".

Leia também: China promete "esmagar" tentativas de apoiar independência de Taiwan

Diplomacia multipolar

Nesta segunda (8), o chefe da diplomacia Sul-coreana, Park Jin, chegou à cidade portuária de Qingdao, leste da China, para reunir-se com seu homólogo, Wang Yi. Essa é a primeira visita do chanceler sul-coreano à China desde que assumiu o cargo em maio deste ano. 

Na agenda, estavam revistos diálogos sobre o acordo militar assinado entre Seul e Washington, assim como a aproximação da Coreia do Sul com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). 

O presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol compareceu à última cúpúla da Otan, realizada em junho, na Espanha. A Coreia do Sul também foi convidada pelos EUA a participar da aliança "Chip 4", para a produção de semicondutores entre Washington, Seul e Taipei. O próximo encontro para selar a parceria estaria previsto para setembro. 

Taiwan é o segundo maior produtor de semicondutores do mundo, e tem a tecnologia mais avançada para seu desenvolvimento. O produto representa cerca de 24% do seu comércio com a China continental. 

Outro acordo em discussão entre EUA e Coreia do Sul, que seria tema de debate na reunião entre os chanceleres Yi e Park, seria a instalação do Sistema de Defesa Terminal de Área a Grande Altitude (THAAD - siglas em inglês).

Apesar desses movimentos estratégicos econômicos e militares serem visto pela China como uma aproximação com o ocidente, o recém-empossado presidente, Suk-yeol, evitou encontrar-se com Nancy Pelosi quando esteve em Seul após passagem por Taiwan na última semana. 

Na agenda da reunião entre os ministros também está a discussão sobre o escoamento de alimentos e outros produtos chineses para a Coreia do Norte.

O encontro entre Park e Wang Yi também marca 30 anos de diplomacia entre China e Coreia do Sul, que será celebrado no dia 24 de agosto. 

Edição: Arturo Hartmann